José Reis Chaves
O mundo vive estarrecido com o que vem ocorrendo no Oriente Médio nos últimos meses, com judeus e palestinos matando-se uns aos outros, em ações de vinganças sem fim, como se fossem crianças trocando tapinhas à moda do toma -lá -dá –cá.
Estamos todos nós de civilização cristã perplexos diante desse quadro dantesco envolvendo esses dois povos, com os quais temos muita afinidade, e para os quais alimentamos mesmo também uma grande simpatia, pois há importantes laços histórico-cultural-religiosos e até raciais, que nos unem, já que se trata de gente de descendência bíblica, ou mais precisamente, de Abraão, o que faz que eles e a maioria de todos nós tenhamos, culturalmente falando, uma mesma árvore genealógica.
Os árabes e os palestinos descendem de Ismael, filho de Abraão, mas não com a sua esposa Sara, estéril quando mais nova, e sim, com Hagar, sua escrava, o que teve, porém, o consentimento de Sara.
Já os judeus são descendentes de Isaque, filho extemporâneo de Abraão com Sara, que só se engravidou desse seu filho mais tarde.
Como se vê, só pelo fato de possuírem mães diferentes, Isaque e Ismael deixaram para a posteridade dois povos conflitantes, que vêm guerreando um com o outro, desde as primeiras gerações provindas deles, isto é, há 3.700 anos, aproximadamente.
Quando Isaque foi desmamado, Abraão deu um banquete para comemorar o fato, ocasião em que Ismael cismou de fazer uma gozação em cima do seu irmão. E Sara não gostou da brincadeira, pedindo Abraão que rejeitasse Hagar e Ismael. E, assim, mãe e filho foram para o deserto.
Nesse episódio, lemos: “Porque por Isaque será chamada a tua descendência”. Porém há uma referência de bênçãos divinas, igualmente, para Ismael: “Mas também do filho da serva farei uma grande nação, por ser ele teu descendente”.
Será que os cristãos, que, inclusive, manipulam a ONU, não podem ajudar esses dois povos a resolverem esse seu grave problema? O nosso Mestre disse: “O que fizerdes ao menor de todos, é a mim que fazeis”, o que nos leva a concluir, pois, que quem fizer cessar o corrimento do sangue de judeus e palestinos, estará, de algum modo, fazendo com que não continue a ser derramado também o sangue do próprio Mártir do Gólgota!
Que os líderes cristãos, portanto, com lealdade e justiça para com esses dois povos, leve-lhes a Mensagem de Cristo, que é de amor, fraternidade e perdão, e não a da lei mosaica de talião, do olho por olho, dente por dente, pé por pé, que só gera, cada vez mais, ódio sobre ódio, e que é exatamente ao que estamos assistindo no palco dessa triste guerra sem fim do Oriente Médio!
Autor do livro, entre outros, “A Face Oculta das Religiões”, Ed.Martin Claret, SP. E-mail [email protected]