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Aparições no momento da morte (IV)

José Lucas

Momentos antes de morrer, muitas pessoas alegam ver junto de si seres conhecidos, familiares e amigos, também já falecidos. Vamos hoje abordar casos  de aparições no leito da morte, coincidindo com prenúncios ou confirmações análogas, obtidas através da mediunidade.

Vamos hoje abordar mais um caso extraído do livro «Fenómenos Psíquicos no Momento da Morte»  , Editora FEB, 3ª ed., 1982, Brasil, caso este retirado por sua vez dos «Annali dello Spiritismo in Italia» de 1875, páginas 120 e 149:

«O Dr. Vincent Gubernári, natural de Maremmes, na Toscana, instalou-se definitivamente em Arcétri, perto de Florença, e, se bem que não fosse médico oficial, exercia aí igualmente a sua profissão. Gubernári, favorecido dos bens da fortuna, esposara Isabel Segardi. Também ela era rica e tinha trazido ao marido um grande dote. Os esposos combinaram fazer uma doação recíproca dos bens e a Sra. Gubernári fizera o seu testamento nesse sentido e supusera que o marido tinha feito outro tanto em seu benefício.

Posto que o Sr. Gubernári, materialista como era, zombasse do Espiritismo e dos Espíritos, não pôde deixar de impressionar-se, vendo muitos dos seus amigos, que ele sabia bem instruídos, isentos de preconceitos, e outrora mais antiespíritas que ele, tornarem-se repentinamente crentes com as manifestações espíritas.

…E o espírito de sua tia manifestou-se,
predizendo a sua morte e incentivando-o a melhorar a sua vida moral…

Um belo dia, pois, o doutor, ou porque se quisesse convencer pessoalmente, ou porque se quisesse divertir à custa dos amigos, manifestou-lhes o desejo de tentar uma experiência na própria casa e convidou-os a nela tomar parte. Logo que os experimentadores formaram a cadeia em torno da mesa, um Espírito agitou-a com força surpreendente…e o doutor ficou extremamente admirado quando, perguntando-se o nome do Espírito presente, este lhe respondeu:

– Tua tia Rosa.

O doutor ficara órfão, com pouca idade, e fora educado com ternura por essa tia, que lhe tinha servido de mãe. Quando voltou a si da surpresa exclamou:

– Pois bem, se és verdadeiramente minha tia Rosa, ajuda-me a ganhar muito dinheiro!

– Estou aqui para bem outra coisa – respondeu o Espírito.

– Aqui estou para aconselhar-te a mudar de vida e pensar na tua mulher.

– Já pensei na minha mulher – respondeu, sem vergonha, o doutor – tanto que ambos fizemos os nossos testamentos, com benefícios recíprocos.

– Mentira! – respondeu o Espírito, sacudindo fortemente a mesa, para demonstrar o seu descontentamento – Ela deixou-te tudo, sim, mas tu não lhe deixaste nada!

A Sra. Gubernári tomou parte, então, no diálogo e querendo persuadir o Espírito de que o seu marido tinha feito testamento em seu favor, disse, corajosamente, que ele podia prová-lo, mostrando o mesmo testamento aos amigos presentes.

O doutor, em consequência dessa intervenção inesperada da sua mulher, viu-se comprometido e sem saber como sair do aperto. Sabia o que lhe dizia a consciência e era-lhe impossível mostrar os documentos, declarando que o Espírito não tinha dito a verdade. Muito perturbado com o incidente, declarou, então, que não faria ver a ninguém o testamento. E o Espírito, agitando a mesa com força ainda maior, respondeu:

– Tu és um impostor! Sim, eu repito-te: esqueceste a tua mulher, e no teu testamento só te lembraste da tua criada, porque… Muda, sim, o teu modo de vida e o teu testamento, e apressa-te, porque não tens tempo a perder, dentro de alguns dias estarás connosco no mundo dos Espíritos.

Essa revelação foi como que um raio sobre a cabeça do doutor. Ele ficou aterrado e, depois, com raiva, gritou:

O falecido Dr. Panattôni foi visto pelo moribundo, sem que este soubesse que o espírito se tinha manifestado anteriormente, predizendo a sua morte.

– Como? Tenho que morrer antes da minha mulher, eu que sou mais novo que ela? Não, isso não acontecerá nunca; quero viver ainda e viverei. Assim dizendo, levantou-se irritado tendo terminado a sessão.

No dia seguinte, um amigo, o Coronel Maurício, para o acalmar, disse que fariam outra sessão na casa da Condessa Passeríni, como contraprova, mas sem a presença dele. Nessa reunião foi confirmada a veracidade da comunicação da tia Rosa, assegurando que o médico morreria antes do final do corrente ano. Os amigos disseram-lhe que “os espíritos confirmaram que tinha sido uma mistificação e que não acreditasse”, caso contrário ele ficaria perturbadíssimo. O médico riu-se, feliz, e seguiu a sua vida normalmente.

Na noite de 12 de Novembro o referido médico foi assaltado de febre muito forte, acompanhado de muitas dores, e como sofria horrivelmente, os amigos fizeram nova sessão na casa da Condessa. Aí, manifestou-se um espírito, dizendo-se médico, informando ser o Dr. Panattôni, (parente do deputado do mesmo nome, tinha sido um bom médico e havia exercido a sua profissão em Florença) e que o doente faleceria em breve.

Em 30 de Dezembro de 1874 falecia o Dr. Gubernári dizendo ver perto de si o Espírito do Dr. Panattôni, que não o abandonava um só momento, e à sua cabeceira os espíritos de sua mãe e sua tia Rosa, que o consolavam com a sua presença, e o encorajavam a deixar a vida terrestre (o Dr. Gubernári, nada sabia da manifestação do Dr. Panattôni na sessão em casa da Condessa).»

No próximo artigo abordaremos outros casos diferentes de aparições no momento da morte.

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