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Testemunhar Sim, Por Que Não?

Testemunhar Sim, Por Que Não?

Diz Allan Kardec:

“Se se tem o direito de alguém dizer-se católico, judeu, protestante, por que
não terá alguém o direito de dizer-se espírita?

O tempo do preconceito já passou, inobstante, parece que ficou-lhe o
azinhavre.

É natural que o espírita tenha toda a família consangüínea em outra religião,
vez que bem maior é o número dos profitentes de outras seitas… Sem embargo, o
número de espíritas aumenta dia-a-dia em proporção geométrica.

Em face dessa realidade ainda de transição, vai nascendo a contemporização
que é louvável até certo ponto, mas tem limites bem definidos: quando se trata
de fidelidade doutrinária – definitivamente – não podemos tergiversar!…

Com a diplomacia da caridade aplicada, o espírita deverá esclarecer aos
demais o seu posicionamento ante as convenções sociais bem como com relação às
de outras seitas, impondo o devido respeito que deve ser recíproco.

Assim, não existe razão para o espírita batizar seus filhos à guisa de
atender às convenções ou dar “satisfações à família”, muito menos para
apadrinhamentos em cerimônias religiosas. Há que ser coerente. Se alguém ficar
melindrado com sua atitude de coerência doutrinária, paciência!…

Em 1862, no sepultamento do Sr. Sanson, antigo membro da Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas, Allan Kardec ia pronunciar um discurso à beira da
sepultura, o que gerou certa controvérsia suscitadas por alguns confrades
“mornos” da época, sobre se seria oportuno ou não fazê-lo no cemitério,
achando-se presentes pessoas que não compartilhavam das mesmas opiniões.

Foi necessária a intervenção do próprio defunto, vez que o espírito de Sanson
afirmou peremptório:

“Falai para que me compreendam e estimem; nada tendes a temer, pois que se
respeita a morte…, falai, pois, para que os incrédulos tenham fé, coragem e
confiança.”

Mais recentemente, um Espírito muito chegado ao nosso coração aconselhou:
“Leve a mensagem da Imortalidade aos consangüíneos e às demais pessoas. Não
tema. Dê o seu testemunho. Será sempre uma sementinha que, embora não dê frutos
imediatos, dará no futuro.”

As verdades espíritas são verdades universais e estão acima das pessoas e das
religiões; portanto, precisam ser mais amplamente divulgadas como muito o bem
aconselhou Emmanuel (1):

“Trabalha para que a Doutrina Espírita estenda o seu socorro aos quase loucos
de sofrimento. Para isso, estudemos Allan Kardec, ao clarão da mensagem de Jesus
Cristo, e, seja no exemplo ou na atitude, na ação ou na palavra, recordemos que
o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade: a caridade da sua
própria divulgação.”

Claro está que a divulgação do Espiritismo não poderá ser vulgarizada, vez
que o próprio Cristo (2) disse que “não deveríamos lançar pérolas aos porcos.”

Tal tarefa deverá ser levada a efeito nos moldes aconselhados por Allan
Kardec no capítulo III da primeira parte de “O Livro dos Médiuns”. Testemunhar
sim, por que não?!…

1 – Emmanuel/Xavier, F.C. in “Estude e Viva” – Capítulo 40

2 – Mateus, 7:6.

(Publicado no Boletim GEAE Número 309 de 08 de setembro de 1998)