Compreendemos, pois, que a criança é o Espírito eterno que ora reinicia a sua
aprendizagem no mundo, trazendo consigo ao renascer uma bagagem de experiências
multi-milenares, mas carregando também em si mesma, o germe de seu
aperfeiçoamento.
Seu objetivo na Terra: EVOLUIR, desenvolver sua potencialidade interior,
compreender a sim mesma e ao mundo que a cerca, corrigir os erros cometidos no
passado, superar os próprios defeitos, desenvolvendo assim, gradativamente, o
germe da perfeição que carrega em sim mesma, como herança Divina.
“Ó espíritas! compreendei hoje o grande papel da Humanidade; compreendei que
quando produzis um corpo, a alma que nele se encarna vem do espaço para
progredir; sabei vossos deveres e colocai todo o vosso amor em aproximar essa
alma de Deus:” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XIV.9)
Em o Livro dos Espíritos, questão 132, observamos o mesmo ensinamento:
“Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? R: – Deus lhes impõe a
encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição. Para alguns é uma
expiação, para outros é uma missão. Todavia, para alcançarem essa perfeição,
devem suportar todas as vicissitudes da existência corporal; nisto é que está a
expiação (…)”
” A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo, mas Deus, em
sua sabedoria, quis que, por essa mesma ação, eles encontrassem um meio de
progredir e de se aproximarem dele. É assim que, por uma lei admirável de sua
providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.”
Vejamos, pois, os ensinamentos que a Doutrina Espírita nos oferece, de forma
segura e clara, através das obras de Kardec, sobre o espírito em sua nova fase
evolutiva, ao reencarnar.
Os Espíritos nos ensinam que a união da alma ao corpo se inicia no momento da
concepção, mas apenas se completa no nascimento.
“Em que momento a alma se une ao corpo? – A união começa na concepção, mas
não se completa senão no momento do nascimento. Desde o momento da concepção, o
Espírito designado para habitar tal corpo, a ele se liga por um laço fluídico
que vai se apertando, cada vez mais, até que a criança nasça; o grito que se
escapa, então da criança, anuncia que ela se encontra entre os vivos e
servidores de Deus.” (O livro dos Espíritos – pgta. 344)
Os Espíritos nos ensinam também que desde o berço a criança manifesta os
instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior:
” Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de
sua existência anterior; é a estudá-los que é preciso se aplicar; todos os males
têm seu princípio no egoísmo e no orgulho; espreitai, pois, os menores sinais
que revelem os germes desses vícios, e emprenhai-vos em combatê-los, sem esperar
que lancem raízes profundas; (…)” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap.
XIV.9)
Aprendemos também que as faculdades inerentes ao Espírito reencarnante
somente se manifestam gradualmente, de acordo com o desenvolvimento dos órgãos.
“Ao nascer, o Espírito recobra imediatamente a plenitude de suas faculdades?
R.- Não, elas se desenvolvem gradualmente, de acordo com o desenvolvimento dos
órgãos. É para ele uma nova existência e é necessário que aprenda a se servir
dos seus instrumento. As idéias lhe tornam pouco a pouco, como um homem que sai
do sono e se encontra em posição diferente da que tinha na véspera.” (O Livro
dos Espíritos – pgta.352)
O mesmo ensinamento observamos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.
VIII.4:
“A partir do nascimento, suas idéias retomam gradualmente impulso, à medida
que se desenvolvem os órgãos; de onde se pode dizer que, durante os primeiros
anos, o Espírito é verdadeiramente criança, porque as idéias que formam o fundo
do seu caráter estão ainda adormecidas. Durante o tempo em que seus instintos
dormitam ele é mais flexível e, por isso mesmo, mais acessível às impressões que
podem modificar sua natureza e fazê-lo progredir, o que torna mais fácil a
tarefa imposta aos pais.”
A manifestação do Espírito necessita ser proporcional à fragilidade do
corpinho infantil, como percebemos neste trecho:
“Seria preciso, aliás, que a atividade do princípio inteligente fosse
proporcional à fraqueza do corpo que não poderia resistir a uma atividade muito
grande do Espírito, assim como se vê entre as crianças muito precoces.” (O
Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. VIII-4)
Uma criança, pois, embora sendo um Espírito eterno, reencarnado, tem a
manifestação de sua inteligência limitada, não possuindo a mesma intuição de um
adulto.
Á medida em que os órgãos se desenvolvem, gradualmente sua bagagem interior
começa a se manifestar.
“Quando ele é criança, é natural que os órgãos da inteligência, não estando
desenvolvidos, não podem dar-lhe a intuição de um adulto. Ele tem, com efeito, a
inteligência muito limitada enquanto a idade faz amadurecer sua razão. A
perturbação que acompanha a reencarnação não cessa subitamente no momento de
nascer; ela não se dissipa senão gradualmente com o desenvolvimento dos órgãos.”
(O Livro dos Espíritos – pgta.380)
Kardec reforça a assertiva dos Espíritos com o comentário: “Uma observação
vem em apoio desta resposta: é que os sonhos, em uma criança, não têm caráter
dos de um adulto; seu objeto é quase sempre pueril, o que é indício da natureza
das preocupações do Espírito.”
O objetivo do Espírito ao reencarnar é se aperfeiçoar e a fase infantil é a
mais propícia à ação educativa.
” O Espírito se encarnando para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante
esse período, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento,
para o qual, devem contribuir aqueles que estão encarregados da sua educação.”
(O Livro dos Espíritos – pgta. 383)
Os ensinamentos dos Espíritos são claros:
- O homem é um ser perfectível, carregando em si o germe de seu
aperfeiçoamento. - O Espírito reencarna para se aperfeiçoar, evoluir.
- A união da alma e do corpo se inicia na concepção e se completa no
nascimento. - Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de
sua existência anterior. - A partir do nascimento, suas idéias retomam gradualmente impulso, à medida
que se desenvolvem os órgãos. - As faculdades do Espírito somente se manifestam gradativamente, de acordo
com o desenvolvimento dos órgãos. - O Espírito se encarnado para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante
esse período, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento,
para o qual devem contribuir aqueles que estão encarregados da sua educação.
Do livro Educação do Espírito. Introdução à Pedagogia Espírita.