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Debates Doutrinários

Ivan René Franzolim

(Do livro “Como Escrever Melhor e Obter Bons Resultados”, Ivan René Franzolim,
edições U.S.E)

Saber respeitar a diversidade de opiniões é a primeira regra a ser
seguida por todos que querem se utilizar dos debates e das discussões sadias
como instrumentos úteis à garimpagem da verdade.

Os veículos informativos se prestam a uma série de objetivos benéficos, na
área social-cultural que estão inseridos. Os periódicos espíritas e seus
articulistas possuem uma responsabilidade a mais, que é a de exemplificarem a
Doutrina Espírita. É uma posição difícil, perigosa, pois medeia entre a
demagogia e o esforço sincero. Trata-se de uma situação natural daqueles que se
expõem publicamente, com o nobre intuito de auxiliar a divulgação e o processo
evolutivo do Espiritismo.

Neste campo onde viceja a preocupação com os textos publicados, desponta
ainda, o desejo de encontrar nos artigos oriundos da contenda sadia, que se
desencadeia por vezes em nossa imprensa, a palavra esclarecedora, mas realmente
fraterna, sem ironias, menosprezo, necessidade acentuada de mostrar os erros
cometidos pelo parceiro da discussão, ou de explicitar as calúnias e mentiras de
que foi alvo.

Se é verdade que perseguimos o intento de nos conduzirmos com elevação,
pautados na moral e na bondade, a realidade demonstra que precisamos de tempo,
para que a reflexão anule as tendências passíveis de burilamento e a vontade
melhore nossas ações instintivas. Concluímos, então, que a palavra oral, embora
mais espontânea, flui com maior probabilidade de carregar acessórios e
incrementos indesejáveis; por outro lado, a palavra escrita permite sempre o
recurso precioso da revisão, norteada pela razão e conduzida com o coração.

O ideal do contendor espírita, seria, então, aquele que vibra na faixa da
compreensão, da humildade e do anseio de elevação geral, muito embora tenha
postura positiva e o seu dizer seja “sim, sim; não, não”.

Acompanhamos alguns interessantes debates e verificamos que os envolvidos são
pessoas geralmente muito qualificadas, profundamente dedicadas, mas que se
deixam resvalar em pequeninos declives no comportamento cristão. É como olhar
para um lindo jardim, muito bem cuidado, mas que, ao exame minucioso, revelasse
a existência de diminutas ervas daninhas ocultas entre as flores. Elas não tiram
a beleza do conjunto ou o mérito do jardineiro, todavia denotam que este deixou
de fazer um trabalho perfeito, por abster-se de realizar um pequeno e último
esforço. Nosso objetivo é a perfeição, vamos persegui-la sem fanatismo, mas com
perseverança.

(Publicado no Boletim GEAE Número 342 de 27 de abril de 1999)