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Fanatismos Religiosos

Fanatismos Religiosos

Uma onda de posições fundamentalistas tem gerado guerras e revoluções. O
fanatismo religioso é uma das chagas que impedem a convivência salutar e
fraterna entre as pessoas e as nações.

Atualmente, o crescimento de “ondas” fundamentalistas e a ação destes
movimentos contra religiões, ordens filantrópicas e algumas propostas políticas,
é uma questão preocupante.

Na realidade, há posições fundamentalistas em todas as religiões. Baseiam-se
geralmente num único e definitivo referencial, que pode ser a Bíblia, o Torá, ou
o Alcorão. Mas, posições fundamentalistas podem estar alimentando posições
políticas. Haja vista o tratamento das questões religiosas e de liberdade de
expressão em governos totalitários, como aconteceu durante as ditaduras na
Espanha, Portugal e U.R.S.S. e permanece no Irã, Iraque, República Popular da
China, Líbia, Coréia do Norte, Uganda e Argélia.

O fundamentalismo, muito localizado em agremiações evangélicas, não aceita
movimentos de minorias, a Igreja Católica, o Islamismo, o Espiritismo, os
maçons, os judeus e a erudição em geral. A criação de inimigos é parte de uma
lógica de sustentação do fundamentalismo, porque estes não aceitam mudanças
sociais, políticas e econômicas e têm uma visão apocalíptica de final de mundo.
Geralmente, são o seio de muitos “profetas”. Contestam os princípios de
liberdade religiosa e se opõem ao ensino de teorias científicas sobre evolução.

No momento, os Estados Unidos é o exportador do missionarismo mundial
dos protestantes e que têm estreita relação com políticos conservadores,
vinculados ao Partido Republicano.

No Brasil, as denominações pentecostais (Congregação Cristã do Brasil, Igreja
do Brasil para Cristo e a Igreja Universal do Reino de Deus) são exemplos dessa
tendência, apontada por Descartes de Souza Teixeira. Este autor analisa, em
livro que estuda a ação antimaçônica dos fundamentalistas, o crescimento destas
agremiações religiosas e sua representatividade política e considera que “é
natural e altamente provável que o crescimento do protestantismo no Brasil tenda
a engendrar entre nós os fenômenos neofundamentalistas paralelos aos observados
nos EUA
“.

Ao lado dessa ótica externa, parece-nos oportuno uma visão interna, sobre o
movimento espírita. Haveria tendência de posicionamento fundamentalista dentro
da seara espírita? Evidentemente, que seria totalmente em desacordo com a
Doutrina Espírita, assentada no respeito à individualidade e à liberdade de
pensamento e na proposta do relacionamento fraternal e solidário entre as
pessoas.

O posicionamento consciente e lúcido do espírita, oferece condições de se
exercer o espírito crítico para se analisar situações que podem ocorrer dentro
do movimento, embora até possa haver a melhor das boas intenções.
Posicionamentos de lideranças, de expositores e até de “mentores espirituais”
poderiam estar criando hostes de radicalizações, de proibições e de controles?
Há respeito à diversidade de situações e de condições de pessoas e de
instituições? Um determinado livro, uma instituição específica ou exclusivamente
um médium ou um expositor é o único correto? Em diálogos ou em artigos, a tônica
é a da “doutrinação”? Há agressividade na forma de falar e de escrever? Há
exacerbações de idéias fixas ou de monoidéias? O Espiritismo é tratado como
único caminho ou salvacionista?

A penetração de ramificações evangélicas com posições fundamentalistas na
mídia e na política é preocupante, mas igualmente deve ser o diapasão
assemelhado de comportamentos e de reações que surge aqui e acolá dentro do
próprio movimento espírita.

São Paulo – SP

Dirigente Espírita N.56