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Os trabalhadores de todas as horas

Constantino, Espírito protetor, afirma (1):

… Bons Espíritos, meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora.
Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: comecei o trabalho ao alvorecer do dia
e só o terminei ao anoitecer… Todos viestes quando fostes chamados, um pouco
mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas
há quantos séculos e séculos o Senhor vos chama para a Sua Vinha, sem que
quisésseis penetrar nela! Eis-vos no momento de embolsar o salário; empregai bem
a hora que vos resta e não esqueçais nunca que a vossa existência, por longa que
vos pareça, mais não é do que um instante fugidio na imensidade dos tempos que
formam para vós a eternidade”.

Não significa, porém, que os trabalhadores das diversas fases estejam
restritos à elas de forma estanque. Os mesmos Espíritos podem participar das
várias fases, mesmo que permeadas por séculos: a reencarnação explica.

Henri Heine detalha (2):

“(…) O belo dogma da reencarnação eterniza e precisa a filiação espiritual.
Chamado a prestar contas do seu mandato terreno, o Espírito se apercebe da
continuidade da tarefa interrompida, mas sempre retomada. Ele vê, sente que
apanhou de passagem, o pensamento dos que o precederam. Entra de novo na liça,
amadurecido pela experiência, para avançar mais. E todos, trabalhadores da
primeira e da última hora, com os olhos bem abertos sobre a profunda justiça de
Deus, não mais murmuram; adoram.

Tal um dos verdadeiros sentidos desta parábola, que encerra, como todas as de
que Jesus se utilizou falando ao povo, o gérmen do futuro, sob todas as formas,
sob todas as imagens, a revelação da magnífica unidade que harmoniza todas as
coisas no Universo, da solidariedade que liga todos os seres presentes ao
passado e ao futuro”.

(1) – Kardec, A. in “O Evangelho segundo o Espiritismo” -Capítulo XX, item 2

(2) -Kardec, A. in “O Evangelho segundo o Espiritismo” – Capítulo XX, item 3.

A eclosão de uma idéia, de uma filosofia de Vida, não se dava de
forma repentina, inesperada, surgida do nada.

(Jornal Mundo Espírita de Novembro de 1997)