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Os Espíritos tudo sabem e tudo podem?

Os espíritos tudo sabem e tudo podem? Quantas pessoas já fizeram essa pergunta,
e já ouvimos diferentes respostas. Por exemplo: já ouvimos que os espíritos, não
sendo mais do que as almas dos homens que já viveram na Terra, nada tem a nos ensinar.
Já lemos em livros de autores estrangeiros, traduzidos para o nosso idioma, que
os mortos nada tem a ensinar aos vivos, porque são mortos. Por outro lado já deparamos
com um grande número de pessoas que acreditam, que ao desencarnar os espíritos passam
a tudo saber e poder.

Na pergunta de n.° 238 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec perguntou: As percepções
e conhecimentos dos espíritos são infinitos? Em uma palavra, sabem eles todas as
coisas? A reposta foi: Quanto mais se aproximam da perfeição mais sabem – se são
superiores, sabem muito. Os espíritos inferiores são mais ou menos ignorantes em
todos os assuntos.

Deduzimos dessa resposta que estão errados aqueles que pensam, que basta ser
um espírito desencarnado para ter toda a sabedoria possível e conhecer todas as
coisas e assuntos. Este é um triste engano que tem levado muitas pessoas à sérias
decepções, e pior ainda, culpam a Doutrina Espírita por isso.

Se tivessem se dado ao trabalho de estudar um pouco o Espiritismo, se forrariam
de tais decepções.

Por outro lado equivocam-se os que pensam que os espíritos não tem nada a nos
ensinar, pois, tem e muito. A sua simples manifestação já nos ensina sobre a imortalidade
do ser, imortalidade dinâmica que caminha para a perfeição.

Apesar das advertências feitas por centros espíritas sérios e por programas de
rádio e jornais doutrinários, ainda existem os que se fanatizam por espíritos e
acham que eles tudo podem e sabem. Entretanto é preciso convir que existem muitos
espíritos, considerados guias e protetores de médiuns e instituições espíritas ditas
espíritas, que nem sequer conhecem a Doutrina Espírita.

Outra questão complicada para os espíritos é a questão do tempo. Eles não marcam
o tempo como nós, não estão escravizados ao relógio ou calendário, por isso, cada
vez que um espírito marque um tempo para certos acontecimentos, existem possibilidades
de falhas. Aliás, Allan Kardec recomendou que desconfiássemos, sempre que um espírito
predissesse um tempo exato para algum acontecimento.

Saber o princípio das coisas, ter domínio sobre o tempo e ter todas as percepções
são coisas de espíritos muito evoluídos.

Sabemos que eles se interessam por nós, aliviam nossos sofrimentos, nos aconselham,
mas como eles conhecem as finalidades dos acontecimentos, não se angustiam como
nós. Eles se entristecem, mesmo, quando nos rebelamos contra a vida e contra Deus,
pois sabem que as conseqüências serão, a de nos atrasar na evolução e trazer mais
dores em nosso caminho.

Vale a pena ser espírita? Claro que sim, mas ser espírita com lucidez, amante
do estudo, do conhecimento. O homem que procura no Espiritismo as soluções para
os problemas que cabe a ele próprio resolver, que só entende Espiritismo pelos prisma
dos fenômenos mediúnicos, pelas vantagens materiais, está imitando o personagem
bíblico Esaú, que trocou a sua progenitura por um prato de lentilhas.

Não pode existir Espiritismo sem estudo, sem aplicação do aprendizado, sem transformação
moral, sem o desenvolvimento das potencialidades do ser. Somos seres em desenvolvimento.
Somos imperfeitos, mas perfectíveis, por isso, os pequenos gestos de bondade ajudam
em nossa caminhada.

O Espiritismo é uma terapia para a alma cansada, doente, aflita, é a terapêutica
do amor. Como não pode existir Espiritismo sem estudo, também não pode existir Espiritismo
sem amor.

Se você decidiu, espontaneamente, ser espírita, seja-o por inteiro. Desenvolva
a fé racional, tenha por lema a caridade, espalhe em torno dos teus passos a bondade
e a esperança. Desenvolva o amor em plenitude para anular o ódio dos que ainda se
comprazem na sombra.

(Jornal Verdade e Luz Nº 182 de Março de 2001)