Podemos definir Deus?
À pergunta: “o que é Deus?” os Espíritos respondem: “Ele é a inteligência
suprema, causa primeira de todas as coisas”. Kardec acrescentou a esta
definição:
- Deus é eterno: se tivesse tido um começo, alguma coisa teria existido
antes dele; Ele teria saído do nada, ou então teria sido criado por um ser
anterior. É assim que, pouco a pouco, nos remontamos ao infinito na
eternidade. - Ele é imutável; se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o
universo não teriam nenhuma estabilidade. - Ele é imaterial: quer dizer que sua natureza difere de tudo o que chamamos
matéria, de outro modo Ele estaria sujeito às flutuações e transformações da
matéria, e não seria imutável. - Ele é único; se houvessem vários deuses, haveriam várias vontades; e daí
não haveria unidade de idéias, nem unidade de poder na ordem universal. - Ele é todo-poderoso, porque é único. Se não tivesse o soberano poder,
haveria alguma coisa mais poderosa que Ele; não teria feito todas as coisas, e
aquelas que não tivessem sido feitas por Ele seriam obra de um outro Deus. - Ele é soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas
se revela nas mais pequenas coisas como nas maiores, e esta sabedoria não
permite se duvide nem de sua justiça, nem de sua bondade. - Deus é infinito em todas as suas perfeições. Se supuséssemos imperfeito um
só dos atributos de Deus, se suprimíssemos a mínima parcela da eternidade, da
imutabilidade, da imaterialidade, da unidade, da onipotência, da justiça e da
bondade de Deus, poder-se-ia supor um ser possuindo o que lhe faltasse, e esse
ser, mais perfeito que Ele, seria Deus.
A linguagem humana é impotente para exprimir a idéia de um Ser infinito. Uma
vez que nos servimos de nomes e de termos, limitamos o que é sem limites. Todas
as definições são insuficientes e, em certa medida, induzem ao erro. Entretanto,
o pensamento para se exprimir tem necessidade de termos. O menos afastado da
realidade é aquele pelo qual os sacerdotes do Egito designavam Deus: Eu sou,
quer dizer, eu sou o Ser por excelência, absoluto, eterno, de quem emanam todos
os seres.
A questão de Deus é o mais grave de todos os problemas suspensos sobre nossas
cabeças e cuja solução se liga, de uma maneira estreita e imperiosa, ao problema
do ser humano e de seu destino, ao problema da vida individual e da vida social.
O conhecimento da verdade sobre ele, sobre o mundo e a vida é o que há de
mais essencial, de mais necessário, porque é ele que nos sustenta, nos inspira e
nos dirige, mesmo sem o sabermos.
Para elucidar um tal assunto, temos agora recursos mais elevados que o do
pensamento humano; temos o ensinamento daqueles que deixaram a terra, a
apreciação de almas que, tendo transposto a tumba, nos fazem ouvir, do seio do
mundo invisível, seus conselhos, seus chamados, suas exortações.
Ora, que dizem esses Espíritos sobre a questão de Deus? A existência da
Potência suprema é afirmada por todos os Espíritos elevados. Aqueles dentre nós
que têm estudado o espiritismo filosófico sabem que todos os grandes Espíritos,
todos aqueles cujos ensinamentos têm reconfortado nossas almas, adoçado nossas
misérias e sustentado nossos desfalecimentos, são unânimes em afirmar, em
proclamar, em reconhecer a alta Inteligência que governa os seres e os mundos.
Eles dizem que esta Inteligência se revela mais sublime e claramente à medida
que subimos os degraus da vida espiritual.
«Não há efeito sem causa, disse Kardec, e todo efeito inteligente tem
forçosamente uma causa inteligente». Eis o princípio sobre o qual repousa o
Espiritismo por inteiro. Esse princípio, quando aplicado às manifestações de
além túmulo, demonstra a existência dos Espíritos. Aplicado ao estudo do mundo e
das leis universais, demonstra a existência de uma causa inteligente no
universo. É por isso que a existência de Deus constitui um dos pontos essenciais
do ensinamento espírita.
Para saber mais:
- O Livro dos Espíritos de Allan Kardec (1ª parte, cap. I, Deus)
- Obras Póstumas de Allan Kardec (3ª parte, Deus, A Alma, Criação)
- O Grande Enigma de Léon Denis (1ª parte, cap. V, Necessidade da idéia de
Deus) - O Grande Enigma de Léon Denis (1ª parte, cap. VIII, Ação de Deus no mundo
e na história) - O Grande Enigma de Léon Denis (1ª parte, cap. IX, Objeções e contradições)
- Após a morte de Léon Denis (2ª parte, cap. IX, O Universo e Deus)
- Síntese prática do Espiritismo de Léon Denis (cap. V, Os Espíritos. Deus)