Pergunto ao leitor, especialmente àquele não habituado com os conhecimentos
do Espiritismo. O que pensa o leitor sobre os espíritos, sua natureza,
destinação, origem, etc.?
Sente medo, conhece algo sobre eles, sabe onde estão, como vivem, o que
fazem?
Isto é importante, pois afinal os espíritas estão sempre falando sobre
mensagens vindas de além-túmulo, sobre imortalidade da alma e comunicações com
esses tais espíritos. Comentemos um pouco sobre eles.
Os espíritos nada mais são que os homens fora do corpo, em outro estágio de
vida. Pensam, sentem, aproximam-se dos homens, com eles se relacionam
incessantemente. São seres reais, mas longe de serem fantasmagóricos ou “seres
de outro mundo”, são simplesmente as criaturas humanas despojadas do corpo de
carne, pelo fenômeno da morte ou desencarnação na linguagem espírita. Vivem em
sociedade, trabalham, se instruem e se preparam para nova jornada na Terra,
através de outro corpo físico, pela reencarnação, que significa retorno à vida
terrestre, em outro corpo.
Porém, há um detalhe importante que o leitor precisa considerar: Por terem
partido da Terra, não se transformam em “anjos ou demônios, santos ou virtuosos
repentinos”. Levam consigo as próprias conquistas. Portanto, conservam a
bondade, inteligência, maldade ou dificuldades e conflitos psicológicos que
mantinham como homem. Ou seja, continuam a ser o que eram, com a única diferença
de não mais possuírem o corpo de carne. Não se tornam sábios ou virtuosos só
porque habitam a morada dos Espíritos, mas conservam suas características
pessoais de virtudes e conhecimentos, defeitos e ignorância, conforme eram na
Terra, aguardando esforço e aprendizado, para melhorarem e progredirem.
Este conhecimento é básico para entender que nem tudo que vem dos espíritos é
sério ou verdadeiro. Existem também espíritos brincalhões, maldosos,
mal-intencionados, falsos e medíocres, como os há também entre os homens. E
naturalmente que o oposto também, ou seja, espíritos sábios, inteligentes,
bondosos, sérios, criteriosos. Isto previne da aceitação cega de comunicações
nem sempre confiáveis, como também livra do medo de entidades supostamente más,
pois que nada mais são do que como se fossem malfeitores na Terra, necessitados
de correção e reajuste.
Portanto, não tema! São homens, filhos de Deus, iguais a nós, pois que também
somos espíritos, apenas em outra dimensão de vida. Interessante é que o
intercâmbio entre nós e eles é permanente. Estamos continuamente nos
influenciando mutuamente. Espíritos bons sempre desejam o progresso e a
felicidade humana e para isso trabalham, aproximando-se de homens voltados a
este objetivo. Espíritos invejosos, ciumentos, rancorosos ou viciados se
aproximam de homens da mesma natureza. É a lei da reciprocidade ou de
afinidades. Semelhante atrai semelhante.
Por isso, nada de achar que espíritos são seres vinculados a demônios ou
outras feras, que aliás o Espiritismo nem aceita. Sendo seres pensantes, também
sofrem seus conflitos e dificuldades, necessitados também dos pensamentos de
bondade e da fraternidade que a todos nos beneficiam.
Entenda apenas que esta vida material é secundária. A verdadeira vida é a
vida espiritual. Dela viemos, para ela voltaremos continuamente. A Terra oferece
estágios de aperfeiçoamento. Ora estamos cá, ora lá. Portanto, encare-os apenas
como irmãos em evolução, filhos do mesmo Deus, aceitando-os como criaturas
também em evolução.
(Jornal Verdade e Luz Nº 175 de Agosto de 2000)