O dicionário define-nos pobreza como: “Falta do necessário à vida”. Deveremos
angular esta falta em dois aspectos fundamentais que, repetidamente, estão
profundamente vinculados: a falta do recurso material para a vida material e a
falta do conhecimento espiritual para a Vida Eterna.
A posição social ou financeira não define, por isso, a rigor, sob o ponto de
vista espiritual, o lugar que a criatura ocupa dentro da existência. Poderemos
encontrar ricos muito bem postos junto a espiritualidade e os que malbarataram a
sua fortuna em prazeres pessoais traçando conseqüências funestas para o amanhã.
Da mesma forma encontraremos pobres materiais em sublime posição espiritual e
pobres miseravelmente paupérrimos na hierarquia dos valores psíquicos.
À frente de manifesta pobreza material ou espiritual, cabe-nos o dever de
instalar o Culto Espírita da Assistência, restabelecido pelo Espiritismo-cristão
das práticas dos cristãos primitivos como o mais avançado sistema de
fraternidade vitalizada entre os homens.
Não se trata simplesmente de distribuir o pão.
Não se cuida exclusivamente de agasalhar o corpo.
Não se cogita tão só de articular sermões.
O Culto Espírita da Assistência é uma dinâmica de amparo, ajustado às reais
necessidades dos irmãos da romagem terrena. E não se exigirá, em seu nome, o
quadro de reforma exterior de quem quer que seja, pois na sua mecânica será o
nosso comportamento, a nossa radiação fluídica que induzirá o nosso semelhante à
reforma íntima que lhe cabe realizar o seu próprio favor.
Ele não pede construções caras.
Não se alicerça sobre organizações financeiras.
Pode ser realizado mesmo sem que se movimente um centavo sequer, quando o
dinheiro seja escasso, e pode, em decorrência da sua independência financeira,
ser praticado por criaturas de todas as condições sociais.
Não se confunde com a respeitável assistência social.
Não se rotula de : instituição de amparo.
É simplesmente Culto Espírita de Assistência, ou seja, vivência fraternal,
transmitindo o calor de nosso afeto, dentro dos princípios Evangélico-Espíritas
em que nos amparamos mutuamente e onde quem possue mais recursos espirituais doa
ao que possue menos.
Podemos semanalmente reunir-nos em pequenas caravanas de co-idealistas e
partir em direção dos bairros pobres da cidade ou na direção das casas que nos
pedem amparo e socorro e levar-lhes o que possuamos:
- o pão que tivermos,
- o recurso farmacêutico que dispomos,
- as noções de higiene que aprendemos,
- os ensinamentos espirituais que esposamos.
Junto aos necessitados de qualquer ordem, cabe-nos:
- dar-lhes nosso carinho, sem afetação.
- nosso amparo, sem humilhá-los,
- nossa paciência em ouvi-los sem censurá-los,
- nosso passe espiritual, sem repreendê-los.
O Culto Espírita de Assistência, tem como traços característicos a inclusão
de:
- passe espiritual aos necessitados,
- leitura de páginas de Espiritismo-cristão aos socorridos.
- introdução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” por roteiro de vida,
- difusão da mensagem renovadora,
- doação do livro nobre,
- conversação nobre e respeitosa,
- conselhos sem imposição e sem ferir suscetibilidades.
Evitemos sempre de julgar os assistidos como incapazes de compreender Jesus
ou indignos de receber o Amigo Celeste ou não preparados para recolher a
mensagem consoladora ou imaturos para as páginas de reforma interior.
Temos de dar o melhor de nós mesmos.
A seu tempo Jesus, o Ceifeiro Divino, colherá.
Do livro “Desenvolvimento Mediúnico”