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Os espíritos não têm cor?

Os espíritos não têm cor?

Racismo, xenofobia: pontos em destaque no quotidiano. Não há diário que se
preze que não contenha uma notícia sobre violência racista. Exacerbam-se os
nacionalismos. Que se passa com os seres humanos?

Ultimamente temos sido flagelados com notícias de vária ordem abordando o
racismo, quer no nosso país quer em outras partes do Mundo. Inclusive parece
estar na moda ser racista (veja-se o caso dos imigrantes africanos), ser contra
os imigrantes ou pelo menos mostrar um pouco de intolerância para com eles. E, é
claro, é chique estar contra os «pretos» como usualmente se designa, em sentido
pejorativo, os seres humanos que reencarnaram na raça negra.

O planeta Terra está a passar por uma fase de transição, fase essa que não é
estanque, nem será catastrófica, não será rigorosamente no ano 2000 como
apregoam os profetas da desgraça. Bem vistas as coisas, essa fase já começou há
muito tempo e por muito tempo se prolongará com a natural e paulatina mudança do
estado das coisas: de planeta de expiação e provas, a Terra passará a planeta de
regeneração (onde as pessoas evoluirão mais pelo amor que pelo sofrimento).
Normal é, por isso, que existam situações conflituosas, forças em descontrolo,
sentimentos catárcticos nos homens, conflitos sociais, entre outros.

A resposta espírita

No entanto, a doutrina espírita vem dar um grande contributo à Humanidade,
explicando os fundamentos do cristianismo, de uma forma clara, aberta e
acessível a todos. Sabendo nós que os espíritos não têm cor, que os espíritos
têm um corpo temporário para que assim possam actuar no planeta onde
reencarnarem, lógico será que esses mesmos espíritos possam nascer (reencarnar)
neste ou naquele país, nesta ou naquela situação social, com esta ou aquela cor
de pele, conforme as suas necessidades evolutivas.

Muito enganados andam aqueles que pensam que uma coloração lhes pode conferir
uma superioridade de qualquer tipo. No futuro, esse mesmo espírito (hoje
racista) orgulhoso, poderá reencarnar num outro povo qualquer de raça negra ou
não, pois todos os seres humanos fazem parte da grande família universal criada
por Deus. Estamos no planeta Terra à semelhança do aluno que é mandado para uma
escola para que se aprimore, para que lime as suas arestas no campo dos
sentimentos e da inteligência. Uns irão para umas «turmas» (povos), outros para
outras. Nada impede que aquele que por preguiça e livre-arbítrio «chumbou» de
ano venha a ser transferido para outras «turmas» noutras escolas, com as quais
está mais afinizado, assim como aquele que passou de ano fique apto a ingressar
em «turmas» condizentes com o seu grau evolutivo.

Proposta antiga

Com o espiritismo, a fraternidade, o amor ao próximo deixam de ser uma
quimera, um capricho meramente humano para passarem a ser uma necessidade
intrínseca ao desenvolvimento moral do homem e inerente bem-estar interior.
Agora, o homem compreende que volta mais vezes à Terra (reencarnação) e que a
sua futura existência será o fruto daquilo que semeou em existências anteriores,
de acordo com a lei de causa e efeito; que só um masoquista se dará ao luxo de
odiar, se dará ao luxo de dar guarida ao egoísmo feroz, à tola vaidade, ao
orgulho estéril.

O espiritualista, e mais propriamente o espírita, sabe que que todos os
homens são músicos dessa orquestra universal que é o Cosmos infinito, e como tal
não deve existir espaço no seu coração para racismos e outros tipos de atitudes
hostis para com os seres humanos. A solução para os problemas sociais mantém-se
inalterável e foi apresentada por Cristo: o amor ao próximo, fazer aos outros o
que quereríamos para nós próprios, a fraternidade, o entendimento, a bondade, a
ajuda mútua.

Muitas surpresas esperam aqueles que sonham com a superioridade rácica ou com
outro tipo de hegemonia, todas aparentes, pois ao desencarnarem (falecerem) o
seu desalento será grande demais ao verem que desperdiçaram uma existência a
apostar em projectos falidos.

Depois, é o recomeçar… até que o aprendizado se consolide.

Cada um colherá o que semear e pela colheita será o único responsável.
Abrangidos pela lei de causa e efeito, que nos condiciona quer acreditemos nela
ou não, os racistas voltam mais tarde, reencarnando num grupo étnico que
persigam, aprendendo a dar valor ao que realmente interessa: a pessoa em si,
qualquer que seja cor da pele do seu corpo, o veículo de manifestação do ser
humano, ou seja, do espírito que é cada um de nós.

Por isso, não surpreende que até haja espíritos racistas, neste ou noutro
plano de vida. O fenómeno da morte é apenas o soltarmo-nos do corpo físico,
continuando com as paixões, as virtudes que estamos a caminho de adquirir e os
defeitos que ainda não burilámos.

Mas todas essas separações se diluirão no tempo, à medida que mais nos
identificarmos com o que somos – por dentro – e menos acreditarmos ser aquilo
que parecemos.

A espiritualidade latente no íntimo de cada um vai desabrochando,
ampliando-se pouco a pouco, dando lugar ao homem de bem, mais ou menos
lentamente, conforme o esforço de cada um.