Rogério Coelho
“Um dia, o sublime Espírito do Cristo desceu à
Terra para fundar um Reino e lançou os alicerces da sua construção na Alma
humana, dando início à edificação de um País como jamais alguém houvera
sonhado”.
Joanna de Ângelis
Afirma Emmanuel(1):
“A gênese de todas as religiões da Humanidade tem suas origens no coração
augusto e misericordioso de Jesus. Não queremos, com as nossas exposições,
divinizar – dogmaticamente – a figura luminosa do Cristo, e sim, esclarecer a
Sua gloriosa ascendência na direção do Orbe Terrestre, considerada a
circunstância de que cada mundo, como cada família, tem seu chefe supremo, ante
a justiça e a sabedoria do Criador.
Fora erro crasso julgar como bárbaros e pagãos os povos terrestres que
ainda não conhecem diretamente as lições sublimes do Seu Evangelho de redenção,
porquanto a Sua desvelada assistência acompanhou, como acompanha a todo tempo, a
evolução das criaturas em todas as latitudes do Orbe. A história da China, da
Pérsia, do Egito, da Índia, da Arábia, de Israel, da Grécia, dos Celtas e dos
Romanos, está alumiada pela luz dos Seus poderosos emissários. E muitos deles
tão bem desempenharam seus grandes e abençoados deveres, que foram tidos como
sendo Ele próprio, em reencarnações sucessivas e periódicas do Seu divinizado
amor…
No “Manava-Darma”, encontramos a lição do Cristo; na China encontramos
Fo-Hi, Láo-Tsé, Confúcio; nas crenças do Tibet, está a personalidade de Buda e
no Pentateuco encontramos a figura de Moisés; no Alcorão vemos Maomet. Cada raça
recebeu os Seus instrutores, como se fosse Ele mesmo, chegando das
resplandecências de Sua glória estelar.
(…) Até à palavra simples e pura do Cristo, a Humanidade terrestre viveu
etapas gradativas de conhecimento e de possibilidades, na senda das revelações
espirituais. Os milênios, com as suas experiências consecutivas e dolorosas,
prepararam os caminhos dAquele que vinha, não somente com a Sua palavra, mas,
principalmente, com a Sua exemplificação salvadora. Cada emissário trouxe uma
das modalidades da grande lição que foi teatro a região humilde da Galiléia.
É por esse motivo que numerosas coletividades asiáticas não conhecem a
lição direta do Mestre, mas sabem do conteúdo da Sua palavra, em virtude das
próprias revelações do seu ambiente, e, se a Boa-Nova não se dilatou no curso
dos tempos, pelas estradas dos povos, é porque os pretensos “missionários” do
Cristo, nos séculos posteriores aos Seus ensinos, não souberam cultivar a
flor da Vida e da Verdade, do Amor e da Esperança que os Seus exemplos haviam
implantado no mundo, abafando-a nos templos de uma falsa religiosidade, ou
encarcerando-a no silêncio dos claustros. A planta maravilhosa do Evangelho foi,
então, sacrificada no seu desenvolvimento e contrariada nos seus mais lídimos
objetivos“.
Aduz André Luiz(2):
“(…) Com Jesus, a religião como sistema educativo, alcança eminência
inimaginável: Nem templos de pedra, tampouco rituais, hierarquias efêmeras ou
ascendência de poder humano…
O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento enobrecido e
distribui-lhe os tesouros. Dirige-se aos homens simples de coração,
curvados para a gleba do sofrimento e ergue-lhes a cabeça trêmula para o Céu.
Aproxima-se de quantos desconhecem a sublimidade dos próprios destinos e
assopra-lhes a Verdade, vazada em amor, para que o Sol da Esperança lhes renasça
no ser. Abraça os deserdados e fala-lhes da Providência Infinita. Reúne, em
torno de Sua glória que a humildade escondia, os velhos e os doentes, os
cansados e os tristes, os pobres e os oprimidos, as mães sofredoras e as
crianças abandonadas e entrega-lhes as bem-aventuranças celestes. Ensina que a
felicidade não pode nascer das posses efêmeras que se transferem de mão em mão,
e sim da Caridade e do entendimento, da modéstia e do trabalho, da tolerância e
do perdão. Afirma-lhes que a Casa de Deus está constituída por muitas moradas,
nos mundos que enxameiam o firmamento, e que o homem deve nascer de novo para
progredir na direção da Sabedoria Divina. Proclama que a morte não existe e que
a Criação é beleza e segurança, alegria e vitória em plena Imortalidade.
Pelas revelações com que vence a superstição e o crime, a violência e a
perversidade, paga na cruz o imposto de extremo sacrifício aos preconceitos
humanos que Lhe não perdoam a soberana grandeza, mas reaparecendo redivivo, para
a mesma Humanidade que O escarnecera e crucificara, desvenda-lhe, em novo
cântico de humildade, a excelsitude da Vida Eterna“.
A Revivescência do Cristianismo
“(…) Erige-se, então, a partir dEle, o Evangelho em código de harmonia,
inspirando o devotamento ao bem de todos até o sacrifício voluntário, a
fraternidade viva, o serviço infatigável aos semelhantes e o perdão sem limites.
Iniciam-se em todo o Orbe as imensas alterações. A crueldade metódica cede
lugar à compaixão. Os troféus sanguinolentos da guerra desertam dos santuários.
A escravidão de homens livres é sacudida nos fundamentos para que se anule de
vez. Levanta-se a mulher da condição de alimária para a dignidade humana. A
filosofia e a ciência admitem a Caridade no governo dos povos. O ideal da
solidariedade pura começa a fulgir sobre a fronte do mundo….
Moisés instalara o princípio da justiça, coordenando a Vida e
influenciando-a de fora para dentro. Jesus inaugurou na Terra o princípio do
Amor, a exteriorizar-se do coração, de dentro para fora, traçando-lhe a rota
para Deus.
E eis que o Cristianismo grandioso e simples ressurge agora no
Espiritismo, induzindo-nos à sublimação da Vida íntima, para que nossa Alma se
liberte da sombra que a densifica, encaminhando-se, renovada, para as
culminâncias da Luz“.
Completa e finaliza o Mestre Lionês(3):
“Somente as religiões estacionárias podem temer as descobertas da Ciência,
as quais funestas só o são às que se deixam distanciar das idéias progressistas,
imobilizando-se no absolutismo de suas crenças. Elas, em geral, fazem tão
mesquinha idéia da Divindade, que não compreendem que assimilar as Leis da
Natureza, que a ciência revela, é glorificar a Deus em Suas obras. Na sua
cegueira, porém, preferem render homenagens ao Espírito do mal, atribuindo-lhe
essas Leis.
Uma religião que não estivesse, por nenhum ponto, em contradição com as
Leis da Natureza, nada teria que temer do progresso e seria invulnerável“.
Todas as religiões que se encontram fora do “fio-de-prumo” divino
estão se suicidando, mas, enquanto não desaparecem de vez, ainda estão gerando e
dinamizando a incredulidade com a qual a Humanidade se vê a braços atualmente.
A Doutrina Espírita que é a materialização da promessa de Jesus acerca do “Consolador”
não teme o progresso científico, antes o acoroçoa, porque em nenhum de seus
pontos básicos colide com a Verdade. Daí o fato de constituir-se desde já na
Religião do Futuro, tendo em Jesus o único e verdadeiro Pastor.
1 – Emmanuel/Xavier, F.C. “A Caminho da Luz” – Capítulo IX
2 – André Luiz/Xavier, F.C. “Evolução em Dois Mundos” – Capítulo
XX
3 – Kardec, A. “A Gênese” – Capítulo IV, item 10
(Publicado no Boletim GEAE Número 369 de 2 de novembro de 1999)