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Uma passagem entre dois mundos

Conan Doyle teve uma feliz expressão ao comentar em seu livro, A História do
Espiritismo, a proeza extraordinária do espírito Charles Rosma, estabelecendo
comunicação contínua com o mundo dos encarnados. Conan Doyle disse que Charles
Rosma abriu uma passagem entre os dois mundos, e por ela precipitaram-se os
anjos.

Sim! Embora em todas as épocas da humanidade os espíritos tenham se
comunicado com os homens, foi a partir de Charles Rosma que as comunicações
tiveram continuidade e foram sistematizadas. A expressão, que os anjos se
precipitaram por essa abertura, significa que os espíritos superiores começaram
a se comunicar, primeiramente nos Estados Unidos, e depois na Europa, culminando
com o Espírito Verdade, que liderou uma equipe maravilhosa de espíritos, e
juntamente com Kardec e seus colaboradores, implantaram no mundo o Espiritismo.

Com ele veio a prova da imortalidade. Já não é mais um dogma ou artigo de fé,
mas as almas dos homens que viveram na Terra, retornam para contar como vivem, e
as suas condições de felicidade ou infelicidade, de conformidade com o modo que
viveram na Terra. A notícia correu célere por todas as partes: a morte morreu!
Sim. A morte com o seu cortejo fúnebre, morreu, e a causa mortis foi a vida.
Vida plena, abundante. Vida que procura a vida.

Os espíritos contaram aos homens que não estão nem no céu, nem no inferno.
Estão no espaço infinito. Céu e inferno estão no íntimo de cada espírito. Pouco
a pouco, dogmas religiosos e dogmas materialistas foram sendo derruídos. As
fortalezas começam a ceder ante o rocio da verdade, e se desesperaram, e se
uniram para dar combate à nascente Doutrina Espírita.

Usaram-se todas as armas, do ridículo à calúnia. Espalharam que o Espiritismo
desunias as famílias, pregava a desobediência dos filhos aos pais, incentivava o
divórcio, o adultério e o aborto. Apelaram para o demônio, queimaram livros, e
nos púlpitos, sermões virulentos anatematizavam os espíritas. Os livros de
Kardec foram colocadas no Índex do Vaticano. Tudo em vão.

Sim! Tudo em vão porque as raízes do espiritismo espalharam-se pelo mundo.
Duas guerras mundiais que abalaram a Europa, e a falta de lideranças fizeram o
Espiritismo fenecer no continente europeu, entretanto ele germinava fortemente
nas Américas, especialmente no Brasil. O academicismo inicial com os grandes
investigadores europeus, cedeu lugar a sentimentalidade latina e a religiosidade
brasileira. Se a Doutrina Espírita perdeu em relação ao racionalismo, ao
espírito científico, aos laboratórios experimentais, ganhou no aspecto
consolação, caridade, amor ao próximo.

Contudo, essa condição de sentimentalidade não dispensa a lógica, o
raciocínio, o estudo, porque o Espiritismo é uma Doutrina para as pessoas que
pensam.