Política
É grande, sem dúvida, a responsabilidade envolvida na decisão de participar
da política, qualquer que seja a instancia. Muitos são os interesses e as
pressões. É majoritário o mecanismo de trocas (“é dando que se recebe”)
favorecendo poucos e marginalizando muitos.
Muitos são os casos dos que sucumbem diante de tão poderosos e bem
estruturados meios de manutenção do poder vigente. Mas este quadro reforça,
ainda mais, o quanto ainda há para ser feito. A responsabilidade pela omissão
dói ainda mais na consciência daqueles que sabem quais são os melhores caminhos:
“A aspiração por uma ordem superior de coisas é indicio da possibilidade de
atingi-la. Cabe aos homens progressistas ativar esse movimento pelo estudo e a
aplicação dos meios mais eficazes.”8
8 – KARDEC, A. “Liberdade, igualdade e fraternidade”, in. Obras Póstumas, p.237.
Participação Consciente
A visão espírita nos permite identificar alguns princípios norteados para
aprimorar a organização social. Devidamente discutidos, esses princípios
estabelecem a base da contribuição espírita à atuação social. Pinçamos,
diretamente de O Livro dos Espíritos, um pequeno (mas significativo) conjunto
desses princípios. A leitura Completa da parte III desse livro dará
aos interessados um quadro mais completo
Principio de atuação social | Referências |
1 TrabalhoO trabalho é um direito e um dever de todos. O repouso para reparação das forças e também na velhice é também um | Cap. III, q.674-685 |
2 EducaçãoA educação intelectual e a educação moral são os maiores instrumentos de progresso nas relações no trabalho, econômicas e sociais. | Capitulo III comentário à q. 685Capitulo III q. 780 e 796 |
3 Reprodução e ecologia“Tudo o que embaraça a natureza em sua marcha é contrário à lei geral”O direito de destruir a Natureza está regulado pela necessidade. | Capitulo IV q.693Capitulo VI q. 734 |
4 Família, casamento e divórcioA união voluntária de duas pessoas e sua eventual separação (também voluntária) são chaves para constituição de casamentos e famílias autênticos, uma das bases da organização social. | Capitulo IV q. 695 e 697Capitulo VII q.773-775, parte 4 Capitulo I q.939-940 |
5 VidaTodos tem o direito à vida e ao necessário para viver. “Quando ela (a civilização) houver concluído a sua obra, ninguém deverá “Numa sociedade organizada segundo a lei de Cristo ninguém deve morrer de | Capitulo V q.704-710 parte 4,Capitulo I q.920-933 |
6 ViolênciaO assassinato e todas as demais formas de violência e crueldade devem ser coibidos.A pena de morte deve desaparecer e “sua supressão assinalará um progresso da Humanidade” | Capitulo VI q.742 a 756Capitulo VI q. 760-765 |
7 ProgressoReconhece-se uma civilização completa pelo seu desenvolvimento moral. | Capitulo VIII q.790-793 |
8 IgualdadeTodos os homens são iguais em direitos. As desigualdades sociais desaparecerão “quando o egoísmo e o orgulho Respeitadas as diferenças de natureza biológica e psicológica, o homem e | Capitulo IX q. 806 e 807 q.817 a 822 |
9 LiberdadeTodos os homens devem possuir a liberdade para pensar e agir”É contrária a lei de Deus toda sujeição absoluta de um homem a outro homem.” “A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização | Capitulo X q. 829-850 |
10 JustiçaA base da justiça deve ser: “Queira cada um para os outros o que queira para si mesmo.””Propriedade legitima só é a que foi adquirida sem prejuízo de outrem.” | Capitulo XI q. 876-885 |
Participação Política do Espírita
“Porque, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?
– Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes, os bons são tímidos. Quando
estes o quiserem, preponderarão. (Questão n° 932 de O Livro dos Espíritos)
Há uma inequívoca contribuição política, sob o aspecto filosófico que o
Espiritismo oferece à sociedade humana, a fim de que ela se estruture, organize
e funcione em termos de verdade, da justiça e do amor. Disseram os Espíritos:
“Quando bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o
Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais.” (Questão n°
917, grifos nossos)Portanto, o espírita deve estar atento na concretiza-o da
Doutrina Espírita na sociedade, apesar dos obstáculos e dificuldades semeados
pelo egoísmo e pelo orgulho de pessoas e grupos. Assim, como um ser social e
conseqüentemente um ser político ele deve ter uma ação social ou política.
Apresentamos algumas reflexões de como o espírita deve e não deve atuar na
política:
- Como o Espírita não deve atuar na política:
- Levar a política partidária para dentro do Centro ou Entidade ou do
Movimento Espírita. - Utilizar-se de médiuns e dirigentes espíritas para apoiar políticos
partidários candidatos a cargos eletivos aos Poderes Executivos e
Legislativos. - Catar votos para políticos que, às vezes, dão alguma “verbinha” para
asilos, creches e hospitais, mas cuja conduta política não se afina com os
princípios éticos ou morais do Espiritismo. - Apoiar políticos que se dizem espíritas ou cristãos mas aprovam as
injustiças, as barganhas, a “politicagem” (usar a política partidária para
interesses egoísticos pessoais ou de grupos a que se ligam). - Participar da política apenas por interesse pessoal, para melhorar a sua
vida e de sua família, divorciado em sua militância político-partidária dos
princípios e normas da filosofia espírita.
- Levar a política partidária para dentro do Centro ou Entidade ou do
- Como o espírita deve atuar na política:
- O espírita pode e deve estudar e reflexionar sobre os princípios
político-filosófico-espíritas no Centro Espírita, pois eles estão contidos
em O Livro dos Espíritos, Parte Terceira, das Leis Morais. - Através da análise, do estudo e da reflexão das normas e princípios
acima referidos, o espírita deve identificar o egoísmo, o orgulho e a
injustiça nas instituições humanas, denunciando-as e agindo para que elas
desapareçam da sociedade humana. - Confrontar os fundamentos morais e objetivos do Espiritismo com os
fundamentos morais dos partidos políticos, verificando de forma coerente
qual ou quais deve apoiar e até mesmo participar como membro atuante, se
tiver vocação para tal. - Participar de organizações e movimentos que propugnem pela justiça, pelo
amor, pelo progresso intelectual, moral e físico das pessoas. Exemplo:
clubes de serviço, sindicatos, associações de classes, diretórios
acadêmicos, movimentos de respeito e defesa dos direitos humanos, etc. - Fazer do voto um elevado testemunho de amor ao próximo. Considerando que
a sociedade humana é dirigida por políticos que saem das agremiações
partidárias, e suas influências podem ajudar ou atrasar a evolução
intelecto-moral da humanidade, o voto, realmente, é uma forma de exprimir o
amor ao próximo e à coletividade. Deve-se, pois, analisar se a conduta do
candidato político-partidário tem maior ou menor relação com os princípios
morais e políticos (aspecto filosófico) do Espiritismo. - Participar de agremiação partidária, se tiver vocação para tal, sabendo,
no entanto, da responsabilidade que assume nesse campo, já que sua
militância deve sempre estar voltada para o interesse do ser humano, em seus
aspectos social e espiritual.
Para isso, sua ação política deverá estar em harmonia com os valores éticos
(morais) do Espiritismo que, em última análise, são fundamentalmente os
mesmos do Cristianismo. - Participar conscientemente da ação política no sociedade, sem relegar o
estudo e a reflexão do Espiritismo a plano secundário. Pelo contrário, o
estudo e a reflexão dos temas espíritas deverão levá-lo a permanente
participação, objetivando a aplicação concreta do amor e da justiça ao ser
humano individual e coletiva mente.
- O espírita pode e deve estudar e reflexionar sobre os princípios