Amar como Jesus amou. É possível?
O Evangelho relata que indagado pelos fariseus, sobre qual seria o maior dos
mandamentos, Jesus respondeu que é Amar a Deus acima de todas as coisas, de todo
o nosso entendimento, e com toda a nossa força. Este é o primeiro e maior dos
mandamentos. O Segundo, que é igual ao primeiro, é amar o próximo como a si
mesmo.
Quando um doutor da lei indagou, quem é o meu próximo? o Mestre Nazareno
contou a Parábola do Bom Samaritano, que todos já conhecem. Apenas para
refrescar a memória, vamos lembrar que o Samaritano socorreu o homem ferido na
estrada, sem perguntar quem era, qual a sua crença ou a sua nacionalidade.
Compreendemos, então, que todas as pessoas são o nosso próximo.
Amar ao próximo como a nós mesmos. Será que amamos? Perguntei isso a um amigo
querido e ele respondeu:
— Estou aprendendo. Estou aprendendo a aceitar as pessoas, quando elas me
desapontam, quando me ferem com palavras ou atitudes ásperas, impensadas. Não é
fácil aceitar as pessoas como elas são. Eu desejo que elas sejam de uma maneira,
porém elas teimam em ser como elas querem ser. É difícil, muito difícil, mas
estou aprendendo. Principalmente, estou aprendendo a amar. A escutar não apenas
com os ouvidos, pois, para isso só precisamos de disciplina. Contudo, quero
aprender a escutar com a alma, com o coração, com a pele, o olfato e as papilas
gustativas, isto sim é difícil, muito difícil.
Precisamos escutar o que fala o coração, os ombros caídos, o tremor na voz,
as mãos frias ou suadas, ou irriquietas, escutar a mensagem que se esconde entre
as palavras corriqueiras, superficiais. Descobrir a angústia disfarçada, a
insegurança, a solidão encoberta.
Aprender a identificar o sorriso falso, a alegria fingida, a vanglória
absurda.
Quero aprender a descobrir a dor de cada coração. Aos poucos estou aprendendo
a amar, a perdoar, pois o amor perdoa sempre, jogar fora as mágoas, porque a
mágoa, faz mal, contagia. O amor não cultiva pensamentos dolorosos, nem ofensas,
nem autocomiseração.
O amor perdoa e esquece. Extingue a dor passo a passo. Quero descobrir o
valor que há em cada vida, de todas as vidas. Valores que estão soterrados pela
rejeição, pela incompreensão, pela falta de carinho, de aceitação. Pelas
experiências duras, vividas em muitos anos, e pela dor daqueles que a sofrem nos
primeiros anos de vida.
Estou aprendendo a descobrir a alma das pessoas, as possibilidades que Deus
deu a cada um. Estou aprendendo lentamente, porque é difícil, porém não é
impossível amar como Jesus de Nazaré amou. Mesmo tropeçando, errando, estou
aprendendo.
(Jornal Verdade e Luz Nº 179 de Dezembro de 2000)