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Profano – Místico – Cósmico

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Amílcar Del Chiaro Filho

   O Velho Testamento, tido pelos cristãos como a primeira revelação de Deus aos homens, é a doutrina do não. Seus ensinamentos proíbem pura e simplesmente. As proibições seriam para conter o ímpeto de um povo fascinado pela liberdade, após séculos de escravidão, e quarenta anos de caminhada nos ardentes desertos. Os dez mandamentos, que teria sido ditado mediunicamente a Moisés, é totalmente proibitivo: “Não terá deuses estrangeiros diante de mim”. “Não matarás”. “Não desejará a mulher do teu próximo, nem o seu boi ou o seu jumento”. “Não furtará”. No Deutoronômio existe a proibição de consultar os mortos, assim como proíbe partir o pão sem lavar as mãos, ou trabalhar no dia de sábado.

Logicamente temos que considerar, que na época, a evolução humana era diminuta. A religião tinha que ser um freio, pois o homem não poderia ter cogitações mais profundas. A lei proibia, sem explicações, e ao povo era dado somente obedecer.                 Depois veio Jesus de Nazaré para trazer um novo pensamento. Ao invés de prescrever proibições, estimula o fazer, o construir o bem. Ame ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e ao teu próximo como a ti mesmo. Perdoai setenta vezes. Fazei ao outros aquilo que queres que te seja feito. Daí de comer a quem tem fome…

As duas doutrinas procuram levar o homem ao bem. A primeira proibindo o erro. A Segunda incentivando ao bem. Outrora falava-se do temor a Deus. Com Jesus aprendemos a amá-lo.

Infelizmente, os homens mudaram muitas coisas desta doutrina maravilhosa, trazida por Jesus e impuseram novamente o medo do pecado, o medo dos castigos eternos, a proibição de se fazer isto ou aquilo.

Depois de quase dois milênios surgiu na Terra o Espiritismo. Se o velho testamento diz não, e o novo diz faça, vem o Espiritismo e explica os porquês. Ensina a Doutrina Espírita que temos transformar o mundo fazendo o bem. Que não basta evitar o mal, é preciso fazer todo o bem que pudermos, pois seremos responsáveis pelo mal que acontecer, pelo fato de não termos feito o bem.

Ser espírita é um desafio constante. O espírita não pode ser conformista ou omisso. O conhecimento espírita deve provocar dentro de nós uma revolução, e desafia-nos a construir o reino de Deus na Terra.

Este reino é o nosso mundo ideal. Não se trata de um reino teocrático onde alguém governaria em nome de Deus. O mundo ideal será governado por uma aristocracia intelecto-moral, e cada homem governará a si mesmo. O mundo ideal será de justiça, bondade e amor. Neste mundo haverá fartura para todos. Todos terão com que viver com dignidade e usufruirão os bens da terra.

O Espiritismo coloca-nos frente a frente com duas realidades, a da matéria e a do espírito. Realidades que se interpenetram, existindo cada uma no seu espaço vibracional. Já não somos mais homens profanos ou místicos, e sim cósmicos, cidadãos do universo. Isto muda muita coisa, pois a pluralidade dos mundos habitados é um, dos fundamentos espíritas.

Voltando ao nosso tema de abertura, o Espiritismo não proíbe nada, apenas mostra a nossa responsabilidade diante da vida. Além disso explica que devemos fazer o bem, nos ajudar mutuamente porque somos todos irmãos e temos um mesmo destino, o da perfeição.