David Liesenberg nasceu na capital paulista, reside em Matão, cursou Jornalismo e seu TCC focou a figura extraordinária de Cairbar Schutel, que foi o primeiro Prefeito de Matão, no interior paulista. Pós graduado em Comunicação Organizacional traz na bagagem a experiência internacional de residência na Suécia durante seis anos, de 2000 a 2006.
Entrevistamo-lo sobre o TCC, cujo impecável conteúdo das respostas motivou-nos essa abordagem adicional, com seleção parcial de alguns trechos de suas respostas para apreciação do leitor. A íntegra da entrevista está inédita e será publicada posteriormente, em data ainda não definida.
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2 – E você fez TCC sobre Cairbar na formação acadêmica. Por que escolheu esse vulto da história da cidade? Como foi a pesquisa e quais as repercussões? Comente essa experiência
(…) por estar morando em Matão/SP, cidade onde Cairbar Schutel se notabilizou como homem público, farmacêutico, mas principalmente como grande divulgador do Espiritismo, achei que ele poderia ser conhecido também nos meios acadêmicos. Assim, para o meu TCC em Jornalismo resolvi escrever um livro reportagem biográfico sobre Schutel. Este trabalho foi possível graças a pesquisas realizadas na própria instituição fundada pelo biografado – Casa Editora O Clarim (Matão/SP)- e no CCDPE – Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo (S. Paulo – SP), que generosamente franquearam-me seus arquivos históricos. Pesquisas documentais em cartórios e entrevistas também fizeram parte deste trabalho. A repercussão foi ótima, porque Cairbar Schutel passou a ser conhecido pela coordenação do curso de jornalismo (UNIARA), professores e alunos. Por ter obtido a nota máxima em meu TCC, o livro ainda é recomendado para outros alunos utilizarem como base de estudo e referência para livros reportagem.
3 – E como você vê atualmente a influência de Schutel na realidade atual do movimento espírita?
Assim como Cairbar Schutel, muitas personalidades que se destacaram no Movimento Espírita do passado são pouco conhecidas na atualidade. Infelizmente.
A influência de Schutel ocorre por intermédio de sua obra literária, e pelos periódicos (Jornal O Clarim e a RIE – Revista Internacional de Espiritismo), que circulam até hoje, graças ao esforço daqueles que continuam à frente da instituição fundada por ele.
Quem segue o Espiritismo baseado em Allan Kardec, e Jesus como modelo e guia, está seguindo o mesmo caminho de Schutel.
4 – Sob o ponto de vista histórico da vida de Cairbar, o que mais lhe chama atenção? Por que?
O que mais me chama a atenção é a sua grande capacidade de trabalho.
Cairbar, em pleno início de século XX, tinha uma capacidade de realização diferenciada.
À medida em que Cairbar se aprofundava no trabalho de divulgação do Espiritismo, ele crescia, e o trabalho avançava, se multiplicava.
Imagine um espírito com a capacidade de Cairbar Schutel vivendo nos dias de hoje, com as facilidades tecnológicas e de comunicação, trabalhando na seara espírita?
A produção literária de Cairbar Schutel era constante: todo o processo de edição de um jornal e uma revista; Não bastasse isso, ele tinha farto material em outros idiomas para tradução. Cairbar ainda escrevia artigos para outros jornais, e publicava livros. Como farmacêutico, atividade que à época tinha influência expressiva na sociedade, atendia à população local e nas fazendas, independente de cor, credo ou classe social. Conferencista, Cairbar realizava palestras em centros espíritas onde era chamado, inclusive na cadeia de Matão. Como homem público, foi o primeiro intendente da cidade. Como espírita, defendia os preceitos doutrinários perante os incrédulos, os ignorantes, mas também perante aqueles que combatiam o Espiritismo. Trabalho com amor. Isso me chamou muito a atenção.
5 – Qual, na sua opinião, foi o maior legado (1) e o maior exemplo (2) deixado por Schutel como contribuição à expansão do pensamento espírita?
(1) O maior legado foi a sua convicção na imortalidade. Essa convicção foi o combustível para mantê-lo irredutível na caminhada. Com todas as dificuldades e percalços, seus ideais se mantiveram sempre elevados, conectados com a espiritualidade superior. Esse legado ele mesmo fez questão de deixar registrado em seu epitáfio, por intermédio de comunicação mediúnica logo depois de sua morte: “Vivi, vivo e viverei, porque sou imortal”.
(2) O maior exemplo deixado por Schutel como contribuição à expansão do pensamento espírita foi a sua fidelidade a Jesus. Essa fidelidade se expressava na sua humildade, no seu desinteresse pelas coisas do mundo, no seu coração totalmente ligado ao bem. Dedicou-se ao próximo curando os enfermos do corpo e da alma, sem distinção. Com esses valores, tornou-se incansável divulgador da Terceira Revelação. Com o magnetismo dos grandes homens, aglutinou uma fiel equipe de trabalhadores, que não somente o acompanhou durante sua estada terrena, como deram continuidade à sua obra depois de sua desencarnação em 1938.
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9 – Suas palavras finais
Cairbar é um modelo de espírita a ser conhecido e imitado.
Num mundo repleto de “celebridades” e ídolos de barro, este espírita é o bom exemplo que segue, imortal, no coração de todos os homens de bem!