Amilcar Del Chiaro
Um(dia 30 de junho p.p. fez sete anos que Chico Xavier desencarnou)
Há desencarnações que comovem um bairro, uma cidade ou uma parcela da população. A desencarnação de Francisco Cândido Xavier comoveu a nação, e uma parte da população de outros países, onde seus livros, contados em vários milhões, penetraram para consolar, esclarecer e mudar os rumos de muitas vidas.
Já se comentou muita coisa a respeito do “mineiro do século”, e muitos ângulos existem ainda a serem comentados. Nossa abordagem será sobre um aspecto delicado, entretanto, a nosso ver, muito fácil de resolver.
De há muito ouvimos indagações sobre quem seria o sucessor de Chico Xavier quando ele viesse a desencarnar. E agora ele desencarnou e a questão continua na cabeça de muitas pessoas. Ao longo do tempo, desde dos idos anos 50, temos escutado que este ou aquele seria o substituto de Francisco Cândido Xavier. Naturalmente, cada grupo tem o seu eleito, o seu preferido. O próprio Chico ao ser indagado sobre isto, dizia que ele era um montinho de grama, e envolta de um pé de grama nascem muitos outros.
Se levada a sério, a questão se apresenta grave. Contudo, ela inexiste. Quando Kardec desencarnou ele foi substituído estatutariamente pelo vice-presidente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que nem de longe conseguiu ter a liderança, ou ser um segundo Allan Kardec. Somente através dos anos surgiu Léon Denis como a grande liderança espírita mundial, mas com outras características, porque eram outros tempos. Esta comparação não tem nada a ver com a propalada tese da reencarnação de Allan Kardec, como Chico Xavier, na qual não acreditamos, embora respeitemos profundamente as pessoas que veicularam essa notícia.
Não há substituto para Francisco Cândido Xavier, porque com a sua desencarnação encerrou-se um ciclo do Espiritismo, e é obrigação nossa, de todos os espíritas, iniciar um outro ciclo. É hora de cada espírita assumir a sua responsabilidade e fazer a sua parte. É hora de terminar as dependências a este ou aquele médium e caminhar com os nossos próprios pés. É hora de terminarmos com as romarias a este ou aquele “santuário” espírita, a não ser que ali se vá para trabalhar ou ajudar. <BR><BR> Francisco Cândido Xavier deixou um acervo literário enorme. Muitos desses livros ainda não foram estudados, pesquisados, questionados para deles se tirar um real proveito. Não podemos deixar que o mito sobrepuje o homem, ou não teremos entendido a grandiosa mensagem que ele nos deixou com sua própria vida.
A partir de agora iniciamos um novo ciclo onde todos espíritas conscientes são chamados a colaborar. Logicamente nosso querido Chico fará uma falta imensa ao movimento espírita. Mas este é o desafio. Ou o Espiritismo se mostra lúcido, capaz de orientar o homem pelos caminhos da vida, sem precisar dos lances maravilhosos de mediunidades admiráveis, que caracteriza o ciclo dos fenômenos, ou ficaremos a espera de um substituto de Francisco Cândido.
Allan Kardec escreveu um artigo para a Revista Espírita falando dos seis períodos do Espiritismo, dos quais o quarto período seria religioso, o quinto seria conseqüência do período religioso, que ele não deu nome, e o sexto o período das realizações. Talvez a desencarnação do Chico nos coloque no limiar do quinto período. Logicamente não existe uma demarcação nítida a separar esses períodos. É hora, também, de lembrarmos a advertência de Leon Denis: O Espiritismo será aquilo que dele fizerem os homens.
Logicamente não nos faltará a assistência dos bons espíritos, mas todos os espíritas que pensam, que sentem e agem, estão convocados a escrever esta nova página do Espiritismo, que o tempo avaliará. A advertência de Léon Denis deve calar fundo em nossa mente. Somos (todos nós), responsáveis pelos caminhos que o Espiritismo tomar. Logicamente existem grandes médiuns atuando no movimento espírita, contudo, todos os que são lúcidos e equilibrados, não estarão pensando que poderão vir a ocupar o lugar de Chico Xavier. Compreendam que tudo que escrevemos não é em depreciação ao Chico. Nós também o amamos e sentiremos muita saudade. Entretanto, é justamente por amá-lo que nos esforçaremos muito para ajudar, mesmo que palidamente, a construir um novo ciclo para o Espiritismo.
Ele nos ajudará neste trabalho, porque Francisco Cândido Xavier, ao caminhar pelo mundo deixou cair das suas sandálias, poeira de estrelas, marcando para nós o rumo das realizações espirituais. Por isso, você que nos lê, também está convocado para iniciar a construção de uma nova era espírita.