Dias atrás Bauru “perdeu” o seu maior escritor, Richard Simonetti que partiu alguns dias antes de completar 83 anos. Pouca gente foi tão ativa na divulgação do nome de Bauru como Richard.
Nas viagens que realizo em palestras espíritas, quando me recebem, os anfitriões perguntam:
Vem de onde, rapaz? Venho de Bauru. Então, eles completam: Ah, Bauru, terra de Richard Simonetti. Recentemente estive na cidade de Lisboa e arredores em eventos espíritas e, num dos locais, em Algés, eis que vejo uma estante apenas com livros de Richard Simonetti. Lá estava Bauru, do outro lado do Atlântico, representada pelo escritor que já teve muitas de suas mais de 60 obras traduzidas para diversos idiomas. Um autêntico divulgador de nossa cidade e, melhor, de forma positiva.
Não me recordo bem o ano, mas por iniciativa do então vereador e hoje saudoso José Humberto Santana, Richard Simonetti recebeu a medalha Custos Vigilat, que a Câmara Municipal de Bauru concede àqueles que estão como “Sentinelas alertas”. Naquela ocasião, Santana disse-me: Não é Richard que precisa da medalha, mas a medalha que precisa dele. Frase muito feliz. Richard esteve o tempo todo ligado nas dores e dificuldades do ser humano, alerta, por exemplo, para o profundo problema pouco divulgado que é o do suicídio. Sua obra sobre o tema: “Suicídio, tudo o que precisa saber” , aliás, além de diversas traduções já vendeu milhares de exemplares.
Certa vez, em viagem que realizamos juntos para um evento, Richard confidenciou-me que um dos trabalhos que considerava mais importante era o de responder as centenas de e-mails que as pessoas enviavam com as mais complexas dúvidas existenciais. Respondia a todos, no silêncio de sua escrivaninha acalentava os mais desorientados corações. Essas são notícias que não circulam na mídia, mas que fazem parte do repertório do homem de bem, conforme era Richard que seguiu os passos de Jesus explícito no: não saiba tua mão esquerda o que faz tua mão direita.
Há alguns anos, quando esteve enfermo do coração e passaria por cirurgia, nas vésperas telefonei pra ele: E ai, mestre? De forma bem humorada, respondeu: Se der alta e não baixa voltamos a nos falar. E, realmente deu alta. Em visita a Bauru, fui vê-lo e pude constatar a força de vontade de um homem que, muito próximo aos 80 fazia enorme força para prosseguir escrevendo e tendo fé na vida. Belo exemplo!
E aqui, pela Bahia, por onde passo e descobrem que sou de Bauru, logo dizem: Terra de Richard Simonetti.
Exatamente, Bauru de Richard Simonetti.
Certamente que, ao chegar às portas do Céu, São Pedro perguntará para Richard:
De onde vens?
E ele, de maneira bem serena, dará um tapa nos ombros do Pedrão e dirá:
Não sabes? Venho de Bauru…
E nós, que por cá ficamos, relembramos Hermínio Miranda:
Quem sabe, amigo, um dia nos encontraremos nessas esquinas do universo…
Autor: Wellington Balbo