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A piedade

A piedade

 

Nos fala a psicologia que trazemos dentro de nós dois princípios : O paternal
e o maternal, fruto de nossas potencialidades, como descrito no livro “Forças
sexuais da Alma” do Dr. Jorge Andréa, editado pela FEB. O Paternal é aquele que
é condicional , vinculado a uma reciprocidade. É quando nosso filho pede para
viajar com os amigos e pedimos para ver seu boletim. O maternal é aquele
incondicional, o amor de mãe, que não exige nada. È a mãe que tem o filho
assassino na cadeia e vai lá consolá-lo. Na nossa estrutura social, temos esses
dois princípios que se equilibram e convivem, no interior das pessoas, na
família, nas instituições, de forma dialética. A piedade é o princípio maternal
dentro de nós, nos chamando ao nosso lado humano, subjetivo. Por isso, o artista
Michelangelo em sua escultura “Pietá”, exposta no Basílica de São Pedro,
Vaticano, retrata a piedade como Maria segurando Jesus retirado da cruz..
Culturalmente a mãe das mães que intercede junto ao pai (Neste caso, o impiedoso
Deus dos exércitos), é a figura da piedade.

A piedade não é pena. A pena é um remoer-se interno pelo dor do outro. Um
lamentar-se. Não, ela é ativa. Irmã da caridade, faz calar a
lógica fria e matemática do olho por olho, dente por dente e nos lembra que a
lei é de amor e que o pai é bondoso e amantíssimo. A piedade nos move na noite
de frio a pensar em nossos irmãos com frio e levarmos para ele o nosso cobertor.
A piedade detém a nossa mão para açoitar o irmão que nos feriu. Está
além da lógica e da razão, falando-nos ao coração. Os sistemas, estes que nos
atendem nos caixas eletrônicos e nos telefones, são frios. Máquinas não são
piedosas. Mas,  faz aquele funcionário sair mais tarde por cinco
minutos naquele dia para atender aquela senhora.

Quando em multidões, escondidos entre todos, é que vemos o quanto somos
impiedosos. A pilhéria, a chacota só se faz em grupo. Em grupo , assistimos
execuções públicas como espetáculos, assistimos programas de TV que exibem a dor
alheia gratuitamente, gritávamos em Roma pelos leões, assistimos a touradas
esperando o final sanguinário, assistimos lutas corporais sem sentido. Mas, nos
lembramos sempre de pedir : “Senhor, tende piedade de nós”.

Piedade, nos olhos e no coração.  Que resulte da ação da caridade.
Piedade que faça calar o paternal, o condicional em nosso coração e nos permita
estender a mão ao nosso irmão em humanidade, antes que ele clame pela nossa
piedade. Que ela prescinda da humilhação…

Nascido em 07-01-1974, Marcus Vinicius de Azevedo Braga é Compositor, Poeta,
Artista Plástico e cursa Pedagogia na Universidade Federal Fluminense.
Freqüentador do G.E.Meimei, em Angra dos Reis- RJ, publicou em 2000 o livro
“Alegria de servir” pela Editora da Federação Espírita Brasileira.