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A Escola Espírita

A Escola Espírita

Como deve ser a Escola Espírita?

Como trabalhar o currículo à luz da filosofia espírita da educação?

Essas e outras perguntas são normalmente lançadas em seminários, cursos e
palestras, pois a Escola Espírita ainda não está consolidada.

Vamos deixar de lado as preocupações de ordem administrativa, de legislação,
para oferecermos algumas orientações quanto à filosofia e ao trabalho da Escola
Espírita.

  1. A Escola Espírita deve preservar as crianças e adolescentes das
    deturpações da sociedade moderna, com as inversões dos valores da vida,
    fazendo com que os educandos compreendam e se estimulem pela conquista dos
    valores morais imperecíveis.
  2. A Escola Espírita deve concorrer para o saneamento da sociedade
    materialista, integrando-se na comunidade para influenciá-la e regenerar sua
    estrutura.
  3. A Escola Espírita deve ser um ambiente comunitário ideal, dirigida por
    pessoas equilibradas, onde reine a união, a cooperação e a fraternidade.
  4. A Escola Espírita deve restaurar os valores culturais e morais, resgatando
    o processo histórico de desenvolvimento do homem, promovendo as
    potencialidades do espírito reencarnado (o educando).
  5. A Escola Espírita deve descondicionar os educandos dos preconceitos de
    toda ordem.

Na Escola Espírita, a escola que verdadeiramente educa, pois trabalha a
educação de forma integral, promovendo a auto-educação do educando, a família
estará sempre presente, integrada a todo o processo educacional. Será a própria
Escola Espírita uma grande família.

A educação espírita tem por finalidade formar o puro espírito, o espírito
perfeito, levando em conta que o educando é um espírito reencarnado, e esse
trabalho depende da Escola, e mais propriamente da Escola Espírita, a única que
trabalha a educação moral, a formação do caráter, as potencialidades do espírito
imortal.

Se as escolas atuais fossem escolas espíritas, a humanidade já estaria
espiritualizada.

Para nossa profunda meditação, ouçamos Vinícius, no capítulo 33 do livro O
Mestre na Educação, a respeito das gerações futuras:

“As gerações futuras não serão diferentes da presente, com todos os seus
defeitos e prejuízos de ordem moral, se não tratarmos da educação da infância e
da juventude; dessa juventude que será a sociedade de amanhã.

Jesus disse que não se põe remendo de pano novo em roupa velha, por isso
que a rasgadura se tornará maior. E, igualmente, não se põe vinho novo em odres
velhos, porque estes não resistem à sua fermentação, e se rompem.

É claro que o Excelso Mestre se refere, nesta alegoria, à natureza do
ideal que propagava, do qual era a viva encarnação. Esse ideal novo, reformador,
quase revolucionário, revestido pela Terceira Revelação, deve ser anunciado, de
preferência à juventude, às crianças, porquanto estes elementos representam a
terra virgem, aberta à boa sementeira. Semear no meio de abrolhos e semear em
terreno isento de ervas daninhas hão de dar resultados bem diversos. As messes,
de uma e de outra, dessas culturas, serão, por certo, distintas, dizendo por si
mesmas qual delas é a mais vantajosa.

E, meus amigos, até agora, não temos feito outra coisa senão semear no
meio de cardos, remendar roupa velha com pano novo e deitar o vinho espumante da
vindima espírita em odres carunchentos, incapazes de suportar a sua fermentação.

Educar é salvar, é remir, é libertar; é desenvolver os poderes ocultos,
mergulhados nas profundezas das nossas almas.

(…) O objetivo máximo do Espiritismo (…) é educar para salvar.
Iluminar o interior dos homens para libertar a Humanidade de todas as formas de
selvageria; de todas as modalidades de crueza e de impiedade; e de todas as
atitudes e gestos de rivalidade feroz e deselegância moral. Esta conquista diz
respeito ao sentimento, ao senso religioso, que os homens do século perderam, ou
melhor, que jamais chegaram a possuir”.

Não dissemos em nenhum momento que a Escola Espírita irá ensinar Espiritismo,
e isso porque essa tarefa não lhe compete, não lhe diz respeito.

A Escola Espírita educa através do Espiritismo, ou seja, através de sua
filosofia, de seus princípios, mas não ensina Espiritismo.

Pode e deve permear em seu projeto pedagógico, nas diretrizes de seu
currículo, os princípios espíritas, mas sem a preocupação de ensinar
Doutrina, o que compete ao Centro Espírita.

Embora a Escola Espírita seja considerada pela legislação como escola
confessional, isso se deve pelo seu norteamento filosófico-religioso, e não
porque irá manter aulas ou mesmo disciplina de Espiritismo, pois o objetivo é a
formação do homem de bem, a espiritualização e moralização do ser, e não a
formação doutrinária, o que o educando promoverá através de decisão própria,
decisão de foro íntimo e a ser realizada no local apropriado, no caso do
Espiritismo, no Centro Espírita.

Os cinco itens apresentados são mais concernentes de avaliação quanto ao
projeto de uma Escola Espírita, do que a discussão sobre aula de religião, mesmo
porque, como bem disse Vinícius, a formação das gerações futuras para um mundo
melhor depende do trabalho da educação, e somente a educação espírita ministrada
na Escola Espírita poderá nos dar uma geração transformada, sintonizada com
Jesus.