É muito difícil a uma pessoa vinculada a um princípio religioso dogmático
sair por aí defendendo teses contrárias ao “catecismo” da ideologia religiosa de
que faz parte. É por isso que vemos na atitude de José Reis Chaves, algo de
valor inestimável, pois que em seu livro “A Face Oculta das Religiões”, Editora
Martin Claret, coloca alguns pontos que são contrários aos Dogmas de sua Igreja,
inclusive sugerindo que ela reveja sua posição dogmática.
De suas reflexões e estudos, saiu com o inevitável questionamento: “Por que a
Igreja não libera de vez o Cristianismo dos erros, tornando-o vitorioso de
fato?”
Estamos com ele, quando diz que os teólogos: “Com seus votos de obediência à
hierarquia eclesiástica, muitas vezes preferem o silêncio a um pronunciamento,
que lhes vai acarretar problemas não só de consciência, mas, também, de ordem
disciplinar, social e econômica, pois o sacerdote precisa, de modo geral, de seu
mister para sobreviver, não querendo perder sem mais nem menos o seu emprego”.
Na atitude corajosa desse escritor, vemos claramente a aplicação do ensino de
Jesus: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. E, ao encontrar a
verdade, conseguiu libertar-se das amarras dogmáticas que o aprisionavam,
passando a perceber de forma clara e límpida a grandeza de Deus. Não o Deus do
dogmatismo, antropomórfico, que mais parece um carrasco que um Pai amoroso.
Quando João disse: “Deus é amor”, estava, quem sabe, querendo nos alertar sobre
a verdadeira natureza de Deus?
Somente as mentes libertas podem conceber Deus dessa forma, e não mais
aceitando a absurda teoria dogmática da punição eterna do pecador no inferno.
Aliás, esse é mantido para que os fiéis fiquem subjugados aos seus líderes. E é
por isso, também, que as idéias de Deus vingativo e punidor são necessárias a
eles.
“A Face Oculta das Religiões” é um livro que traz àqueles que o lerem essa
idéia libertadora que o autor conquistou. Seus argumentos racionais,
convincentes e precisos não deixam quaisquer dúvidas sobre as importantes
questões que aborda, tais como: Deus, a Bíblia, o Cristianismo Primitivo e o
Atual, Dogmas, a insustentável Divindade de Jesus, a Santíssima Trindade, o
Espírito Santo, Demônios, Anjos, Diabos, a Reencarnação, a TVP (Terapia de Vidas
Passadas) e outros assuntos.
É louvável atitude do autor, pois, apesar de que agora não concorda com
alguns princípios da sua Igreja, não a deixou totalmente, e, em momento algum,
disse algo que viesse a denegri-la. Entretanto, não deixa de falar em seus
erros, reconhecendo humildemente ser ela falível, quando a maioria pensa ser ela
a única possuidora da verdade religiosa.
Trata-se de um livro de impacto, que mexe com as estruturas religiosas das
pessoas, quaisquer que sejam as suas crenças, ao mesmo tempo que enfraquece o
radicalismo dos fundamentalistas bíblicos, mostrando que a Bíblia tem o seu
grande valor, sim, mas que ela não foi escrita por Deus, mas, por homens, que,
mesmo sendo inspirados por Deus ou Espíritos de Luz, por serem seres humanos
iguais a nós, e que, por isso, jamais poderiam escrever um livro infalível.
Chama-nos a atenção, também, para que não cometamos a Bibliolatria, ou seja,
a adoração da Bíblia, coisa estranha, mas que, de fato, parece ser encontrada em
alguns meios radicais seguidores desse mais importante livro sagrado da História
da Humanidade.
Nós espíritas que estudamos religiões estamos muito felizes com o fato desse
autor ter enveredado por esse terreno do estudo das religiões Isso porque, com
as suas lúcidas conclusões, e principalmente, porque, com seus recursos
lingüísticos e filosóficos, transmite as suas idéias com uma clareza de causar
inveja a qualquer escritor, não deixando nenhuma dúvida para o seu leitor.
E é interessante observarmos que esse livro é uma grande tese espírita
baseada na Bíblia, sendo, pois, próprio para os radicais contrários à nossa
Doutrina, e que jamais viriam a conhecê-la através de nossas obras, já que nunca
as leriam. Mas não deixa de ser também para o espírita mais um pilar de
sustentáculo de sua crença, do ponto de vista bíblico.
E esse livro causou uma grande transformação no próprio autor, que hoje
assume abertamente a posição de ser católico e espírita. E isso começou a
acontecer, a partir do lançamento de outra grande obra sua: “A Reencarnação
Segundo a Bíblia e a Ciência”, também da Ed. Martin Claret.
É que ele passou a compreender que as verdades espíritas são inquestionáveis
para todas as religiões, e que, antes de ser contrário a elas, é a favor de
todas elas. E o fato de a metade dos católicos do ser espírita de algum modo
comprova isso.
E Chaves sempre tem afirmado que é católico do Cristianismo Primitivo, isto
é, aquele anterior à instituição dos Dogmas. É, pois, um católico bíblico, mas
um herege – que sempre houve na Igreja -, o que vale dizer aquele que tem
dificuldades em aceitar determinados Dogmas da Igreja. Em síntese, ele professa
o que professa o espírita, embora mantenha laços com a Igreja, que ele não
deixa, porque alega que basta de divisões religiosas!
E, para corroborarmos o que dissemos sobre a importância do livro, objeto
desta matéria, queremos registrar aqui os elogios que lhe têm sido feito, de
público, por algumas sumidades do mundo da Ciência e do Espiritismo, tais como o
renomado físico e psicobiofísico Dr. Hernani Guimarães Andrade, o apresentador
de TV Alamar Régis de Carvalho e o conferencista internacional Dr. Miguel de
Jesus Sardano.
E registramos, ainda, que chegou ao nosso conhecimento ter sido ele adotado
para leitura e trabalho pela USP (Universidade de São Paulo), em seu
Departamento de Sociologia.
Confiram!
Jan/2002.