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A Respeito de Um Nascimento

A Respeito de Um Nascimento

Maria Helena Marcon

Dezembro é o mês em que se comemora o nascimento mais importante de todas as épocas da Humanidade: a de um menino, numa noite quase fria, no silêncio de uma gruta. Ao nascer, com exceção dos que guardavam n’alma as revelações do Mundo Espiritual Superior, ninguém sequer suspeitou que Aquela criança revolucionaria o Mundo.

Assim é, de um modo geral, com todos os bebês que nascem. Ninguém lhes pode vaticinar a destinação.

Uma coisa é certa. Podemos e devemos lutar pelo seu direito de vir à luz. Neste sentido, desde 9 de novembro de 1998, está vigendo em nosso país a Norma Técnica do Ministério da Saúde, através da qual vêm sendo promovidos abortos em série no Brasil.

O abortamento que sempre foi e continua sendo questão polêmica e que deve ser decidida pelo Congresso Nacional, ganhou foro de cidadania.

O deputado Severino Cavalcanti, primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, pronunciou na sessão de 8 novembro de 2001 memorável discurso, naquela Casa e que vai publicado nesta edição, do qual, dada a excelência da matéria, destacamos alguns tópicos:

“Só temos a lamentar o dia em que o Ministério da Saúde, usurpando de uma prerrogativa do Poder Legislativo Brasileiro, tomou a si a função de legislar sobre essa questão do aborto. Desde 1998, logo após a edição da malfadada Norma Técnica do Aborto, tentamos aqui na Câmara, através de um Projeto de Decreto Legislativo de minha autoria (O PDL 737/98) sustar essa Norma. Todos sabemos das dificuldades que enfrentamos para derrotar qualquer proposta adotada pelo governo, ainda mais quando esta esconde os seus reais objetivos _ patrocinar o aborto em série no país até o quinto mês de gravidez _ sob o pomposo e enganoso nome de “Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes”. Essa abominável norma não exige que a mulher prove que foi vítima de estupro ou de violência sexual, mas que apenas faça uma declaração neste sentido, garantindo o pronto atendimento pelos abortistas do Sistema Único de Saúde(SUS).

“Crianças com cinco meses, em gestação, já com as cordas vocais funcionando, conhecendo o seu domínio e distinguindo o doce do azedo no seu paladar, são expulsas do útero materno (…) Nascem vivas, respiram, choram, mas acabam morrendo e são despejadas na lata de lixo mais próxima.”

Outros métodos ainda relaciona o ilustre Deputado, como o da curetagem, se a criança tiver menos de três meses de gestação ou enorme dose de hormônios, com vistas à desestabilização da parede uterina, impedindo que ocorra a implantação do concepto, caso ela não tenha mais que alguns dias de vida intra-uterina. E conclui “(…) E todos esses terríveis métodos são `aconselhados’ e `indicados’pela Norma Técnica do Ministério da Saúde.”

Fica o alerta dirigido a todos aqueles de nós que nos importamos com a preservação da vida e mormente, os que, na qualidade de espíritas, sabemos dos objetivos da reencarnação, que é frustrada de forma tão banal.

Cabe-nos deixar de “pensar” a respeito e agir, de forma mais ampla e decidida. Recorrer ao direito que temos, na qualidade de cidadãos, de nos dirigirmos aos nossos representantes, através de comunicados escritos, dizendo da nossa posição, exigindo tomada de atitudes condizentes com as que abraçamos, bem assim em próximos pleitos, verificar muito bem a plataforma de intenções dos candidatos, verificando se são pró ou contra a vida.

Basta de acomodação e conformismo. Lutemos com armas mais enérgicas, reconhecendo que a causa da Vida o merece, mesmo porque nós que transitamos pela carne, somente o fazemos porque não nos foi aplicada nenhuma forma hedionda de abortamento.

(Jornal Mundo Espírita de Dezembro de 2001)