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A técnica do Passe

“O poder de curar independe da vontade do médium: é um fato adquirido pela
experiência. O QUE DEPENDE DELE são as QUALIDADES que podem tornar FRUTUOSO e
DURÁVEL. Essas qualidades são sobretudo o DEVOTAMENTO, a ABNEGAÇÃO e a
HUMILDADE; o EGOÍSMO, o ORGULHO e a CUPIDEZ são pontos de parada, contra os
quais se quebra a mais bela faculdade”. E à pág. 354, em continuação temos: “O
verdadeiro médium curador, o que compreende a santidade de sua missão, é movido
pelo único desejo do bem; não vê no Dom que possui senão um meio de tornar-se
útil aos seus semelhantes, e não um degrau para elevar-se acima dos outros e
por-se em evidência. É humilde de coração… Nem procura o brilho, nem o renome,
nem o ruído de seu nome, nem a satisfação de sua vaidade. Não há, em suas
maneiras, nem jactância, nem basófia; não exibe as curas que realiza, ao passo
que o orgulhoso as enumera com complacência, muitas vezes as amplia, e acaba por
se persuadir que fez tudo o que diz”.

O médium consciente, SERVE e PASSA. Serve a Jesus e passa pela existência
afora. Tal é a característica do médium amado e respeitado pelos bons Espíritos.

Dessa forma entendemos que existem requisitos e condições que são básicas e
desejáveis para o exercício do PASSE ESPÍRITA, que podemos sintetizar em:

  • FÉ (CERTEZA-CONVICÇÃO)
  • AMOR AO SEMELHANTE (RESPEITO E COMPREENSÃO DOS PROBLEMAS DO SER)
  • DISCIPLINA (PONTUALIDADE E CONSTÂNCIA)
  • VONTADE (ESPÍRITO DE SERVIR)
  • CONHECIMENTO (ESTUDO CONSTANTE DA DOUTRINA ESPÍRITA)
  • EQUILÍBRIO PSÍQUICO (PRECE-MEDITAÇÃO-LIGAÇÃO COM O PLANO ESPIRITUAL)
  • HUMILDADE-ABNEGAÇÃO

Entendemos, igualmente, os fatores negativos para o concurso do Passe, que
sintetizamos:

PRINCIPAIS FATORES NEGATIVOS FÍSICOS

  • Alimentos inadequados
  • Desequilíbrio nervoso
  • Uso do fumo e do álcool

PRINCIPAIS FATORES NEGATIVOS ESPIRITUAIS/MORAIS

  • Mágoas excessivas (tristeza, desânimo, depressão, revolta íntima,
    inquietude)
  • Paixões (emoções que se sobrepõem à lucidez e à razão)
  • Egoísmo (amor excessivo ao bem próprio – exclusivismo)
  • Orgulho (amor próprio demasiado – soberbo – arrogante – altivo)
  • Vaidade (Presunção – frívolo – desejo de atrair admiração)
  • Cupidez (cobiça – revelação de desejos amorosos, carnais)

Para encerrarmos este item, lembremo-nos de uma frase de Emmanuel – no livro
SEGUE-ME:

“Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em substância, é ato
sublime de fraternidade cristã, PURIFICA o sentimento e o raciocínio, o coração
e o cérebro”.

A técnica do passe espírita – O PASSE ESPÍRITA é destituído de qualquer
técnica especial, dispensando, conforme André Luiz nos informa em CONDUTA
ESPÍRITA, “na sua transmissão, qualquer recurso espetacular”.

Herculano Pires, no livro Mediunidade, salienta que o “Passe é tão simples,
que não se pode fazer mais do que dá-lo”.

Para corroborar a simplicidade do Passe Espírita, no que concerne às técnicas
de magnetização, lembremo-nos sempre de que somos MÉDIUNS e NÃO magnetizadores.
E Kardec, na Revista Espírita, ANO VIII – Setembro 1865 – Vol. 9, à pag. 254,
nos diz que “O conhecimento dos processos magnéticos é útil em casos
complicados, MAS NÃO INDISPENSÁVEL”.

Na mesma página, referindo-se aos médiuns curadores, nos diz que: “Apenas sua
ignorância lhes faz crer na influência desta ou daquela fórmula. Às vezes,
mesmo, a isto misturam práticas evidentemente supersticiosas, às quais se deve
emprestar o valor que merecem”.

Queremos deixar claro que NÃO somos contrários a determinadas técnicas,
mencionadas por estudiosos encarnados e desencarnados, salientando que cada um
apresenta o seu ponto de vista, segundo sua ótica pessoal. No entretanto,
examinando, analisando e estudando Kardec, chegamos, muitas vezes, a conclusões
divergentes daqueles autores. Contudo, respeitamos seu ponto de vista.

É assim que encontramos técnicas como:

Sopro – Insuflação (quente/frio) – André Luiz – Os mensageiros – Cap. 19,
Conduta Espírita – 28

Rotativo – Circular – André Luiz – Missionários da Luz – Cap. 19

Dispersão – André Luiz – Ação e Reação – Cap. 3, Manoel Philomeno Miranda –
Grilhões Partidos – Cap. 15

Longitudinal – André Luiz – Missionários da Luz – Cap. 19

Não nos cabe discutir e polemizar sobre a validade ou no destas técnicas.
Ficamos com Kardec, como já dissemos, e repetimos: “Como a TODOS é dado apelar
aos bons Espíritos, ORAR e QUERER o bem, muitas vezes BASTA IMPOR AS MÃOS sobre
a dor para a acalmar; É O QUE PODE FAZER QUALQUER UM, se trouxer a FÉ, o FERVOR,
a VONTADE e a CONFIANÇA em DEUS”. (Revista Espírita – ANO VIII – Setembro 1865 –
Vol. 9 – pág. 254).

SIMPLES não é? Como tudo na vida. Jesus foi simples, Kardec foi simples. Nós
é que somos complicados e, acabamos complicando as coisas simples, com a nossa
complicação. Sejamos simples, como Jesus e Kardec. Já falamos sobre a posição
mental do Passista e sobre a posição e preparação mental do enfermo, antes,
durante e após ao passe. Enfocaremos agora, sucintamente, pela ordem os
seguintes critérios:

  1. Quando o passe deve ser aplicado;
  2. Preparação do ambiente;
  3. Forma de Aplicação do Passe Espírita;
  4. O Passe no Centro Espírita;
  5. Quantos Passes podemos aplicar?

1 – O passista é um trabalhador de Jesus. O passe não é privilégio de
ninguém. Não há contra indicação para o passe. Todavia, recomenda-se, sua
aplicação somente nos casos, necessários, de enfermidade física, psíquica ou
espiritual. É muito difícil diagnosticar quando REALMENTE uma pessoa necessita
de passes, pois várias enfermidades mantém-se ocultas, ao longo de vários anos.

Nos casos de enfermidade, o passe espírita NÃO dispensa o tratamento médico.

2 – Entendido o tratamento através do Passe Espírita, como sendo de alcance
terapêutico, justo é compreender que esse serviço deve ser realizado em ambiente
devidamente preparado. No ambiente deve manter-se a CALMA, a CONVERSAÇÃO
EDIFICANTE, a MENTE e os PENSAMENTOS SADIOS, o RESPEITO MÚTUO. André Luiz, em
Conduta Espírita, nos esclarece que “De ambiente poluído nada de bom se pode
esperar”.

3 – Como já dissemos, o Passe é simples. É a transmissão de fluidos, mediante
sua emissão através da VONTADE, portanto pela mente. Para isso, movidos pela
vontade e amor, basta IMPOR AS MÃOS sobre o enfermo, sobre a cabeça de
preferência. Os Espíritos amigos sabem melhor do que nós qual o órgão ou órgãos
mais necessitados de fluidos restauradores. Com o pensamento edificante voltado
para Jesus, não é preciso nenhuma regra especializada e nenhum gesto especial,
ou movimentos convencionados. O Passe, NÃO requer contato físico com o enfermo.

4 – O Centro Espírita, atendendo ao objetivo maior da Doutrina dos Espíritos
que é a cura da alma, DEVE possuir o serviço de PASSES destinado ao tratamento
físico e espiritual daqueles que o procuram para o alívio de suas dores. A par
desse serviço, DEVE possuir equipes de companheiros, com o fim de ELUCIDAR aos
que procuram o serviço dos Passes, no tocante aos preceitos doutrinários e
ORIENTANDO-OS quanto às atitudes que devem observar para melhor receberem seus
benefícios, inclusive após o tratamento. DEMONSTRAR com base na Doutrina dos
Espíritos, a RAZÃO de nossas dores, imprimindo novas diretrizes à vida.

O serviço e aplicação de passes, no Centro Espírita, deve ser efetuado em
sala adequada, e reclama CRITÉRIO, DISCERNIMENTO, RESPONSABILIDADE, CONHECIMENTO
DOUTRINÁRIO.

O passe não deve ser aplicado à esmo, sem necessidade. Tampouco deve ser
alimentada a imagem mística do passe ou criada idéia misteriosa a seu respeito e
em torno dele.

Lembrar sempre que o Passe no Centro Espírita NÃO é a atividade mais
importante, e SIM, um auxiliar junto a todos os recursos utilizados. E para
concluirmos nosso estudo:

5 – Não existe número ou limite para a quantidade de passes que podemos
aplicar. Tal assertiva tem como base, de que somos médiuns, servindo de
intermediários entre os Espíritos e os homens.

No tratamento com recursos do Passe, o médium não tem esgotamento de seus
princípios vitais.

É Kardec quem nos afirma na Revista Espírita – ANO VIII – Setembro 1865 –
Vol. 9 – pag. 252:

“Sendo o fluido humano menos ativo, exige uma magnetização continuada e um
verdadeiro tratamento, por vezes muito longo. GASTANDO o seu próprio fluido, o
MAGNETIZADOR se ESGOTA e se FATIGA, pois que dá de seu próprio fluido vital. Por
isso deve, de vez em quando, recuperar suas forças. O FLUIDO ESPIRITUAL, mais
poderoso, em razão de sua pureza, produz efeitos mais rápidos e, por vezes quase
instantâneos. NÃO SENDO ESSE FLUIDO DO MAGNETIZADOR, RESULTA QUE A FADIGA É
QUASE NULA”. Assim “O MÉDIUM CURADOR recebe o INFLUXO fluídico do Espírito, AO
PASSO que o magnetizador tudo tira de si mesmo”.

André Luiz, em Conduta Espírita, já nos adverte que “O médium, no serviço de
passes, NÃO deve temer pela exaustão de suas forças”.