Tamanho
do Texto

A vida e a morte

«Neste primeiro de Novembro, data em que se recordam os “mortos”,
facilmente podemos concluir que a morte é uma quimera. Mais: a morte morreu e
quem a matou foi a lucidez, a fé raciocinada e o espírito de pesquisa que Allan
Kardec ensinou há cerca de 140 anos.

Estamos habituados a fazer o culto da morte, de tal modo este culto faz parte
das nossas raízes culturais.

Para muitos, é algo em que não se quer pensar, de tão tenebroso se afigura.
Almeja-se viver o máximo possível, mesmo sofrendo muito no corpo de carne. A
morte apresenta-se como essa madrasta cruel que aparece quando menos se espera.
Não poupa ninguém, e é menos compreendida quando engrossa o seu pecúlio com
vidas na flor da idade.

O desespero e a incompreensão apoderam-se então das pessoas, revoltando-as
por vezes contra a lei da vida. Tais atitudes encontram justificação no
desconhecimento das leis do mundo espiritual, descobertas, estudadas e
evidenciadas desde há 140 anos, altura em que a doutrina espírita as revelou,
utilizando para tal um método científico.

Acontece que nos encontramos de tal modo embrenhados na luta do quotidiano
que não é fácil arranjarmos tempo ou disposição para investigar ou nos
interessarmos pelo local que todos nós indubitavelmente um dia reencontraremos —
o mundo espiritual.

Vivemos quais cegos, recusando ver aquilo que se torna evidente aos olhos de
qualquer um. Posteriormente, é o remorso do tempo perdido, e quase sempre o
desespero, aquando da perca de algum familiar.

Mas que tem a ver com tudo isto o espiritismo, e o primeiro de Novembro?

É que o espiritismo prova-nos a continuidade da vida para além da morte do
corpo físico, mostra-nos as evidências da realidade da reencarnação, bem como as
regras de segurança para se poder comunicar com o mundo espiritual, sem
sobressaltos.

Os familiares que outrora se encontravam perdidos para sempre, em algum
recanto do céu ou do purgatório, vêm agora confabular connosco, dizer de suas
alegrias ou tristezas de acordo com a sua postura interior, resultado das
atitudes que tiveram na Terra, enquanto cá andavam. Não mais aquelas
perspectivas medonhas do inferno eterno ou do céu beatífico.

Novas leis, racionais, compreensíveis e investigáveis se revelam agora,
perante todos aqueles que as quiserem estudar.

Vêm os espíritos dizer-nos que a vida continua no “lado de lá”, tal como por
aqui, com uma estrutura social, com cidades, com escolas, hospitais,
oportunidades de crescimento intelectual e moral, onde novas perspectivas de
realização terrena se vão conjecturando para futuras reencarnações.

Nesse sentido, o espiritismo é o grande consolador dos seres humanos, dando
uma nova noção da vida, ampliando horizontes, fazendo com que as pessoas a
entendam com perspectivas futuras radiosas e felizes, baseadas em factos
palpáveis.

Por isso mesmo não faz grande sentido a romaria anual aos cemitérios, nem tão
pouco o alimentar das vaidades mundanas à custa dos falecidos, que se
concretizam muitas vezes na maneira como os cemitérios são utilizados.

Sabemos hoje que os falecidos apenas respondem aos nossos pensamentos, e com
eles se afinizam no mal ou no bem. Sabemos que eles preferem que os recordemos
em casa ou noutro local menos tétrico que o cemitério; que ficam felizes quando
nos lembramos deles com carinho e amor, independentemente de ser 1 de Novembro
ou outro dia qualquer; e que ficam tristes quando os esquecemos, sabendo avaliar
muitas vezes da hipocrisia com que frequentemente os relembramos em público
(para cumprir preceitos mundanos).

Urge desvalorizar o ritual da morte, encarando-a como o despir (apenas isso)
do corpo físico, numa demanda de outras paragens, outros planos vibratórios em
que a vida se manifesta, outras dimensões existenciais, tal como na Terra
abandonamos um casaco velho que usámos durante muito tempo e sem qualquer tipo
de nostalgia, pois outro mais moderno e consentâneo foi por nós adquirido.

É tempo de interiorização, de arranjarmos tempo para nos esclarecermos um
pouco acerca da grande viagem que todos encetaremos.

Aliás, quem se aventura a viajar sem conhecer minimamente o roteiro, o
percurso que passará?

Esse roteiro seguro está bem calcado nas obras de Allan Kardec: “O Livro dos
Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Céu e o Inferno”, “A Génese”, “O Evangelho
Segundo o Espiritismo” e “Obras Póstumas”, assim como noutros: nos livros de
André Luiz, em especial o intitulado “E a vida continua”, obras essas que poderá
adquirir em diversas livrarias.

É que o espiritismo, sem pedir licença, matou a morte. É caso para dizer:
tragam daí o serrote…