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ALMAS GÊMEAS

O conceito popular da alma gêmea dá a entender que somos metades ansiosas e vazias até que se dê o encontro com a metade que falta, a parte que nos completará e sem a qual não seremos jamais completamente felizes.

Ilusão de muitos na Terra, a procura pela alma gêmea pode causar transtornos, pois na busca desse ideal constroem-se relacionamentos nascidos na paixão e considera-se que tal sentimento seja o amor eterno tão desejado, muitas vezes ainda tendo como referência uma boa parceria sexual. Mas como a paixão diminui ou cessa por ser eminentemente fisiológica, não raro inicia-se nova busca por outra potencial alma gêmea, aquela cujo sentimento, imagina-se, jamais se extinguirá como fosse uma fogueira que não se apaga.

Há, todavia, alma gêmea na acepção literal do termo? Segundo o Espiritismo, não.

Deus não criou almas pela metade, nem almas a serem plenamente felizes tãosomente se estiverem completas pela presença de outras almas. Deus não criou seres dependentes uns dos outros, mas espíritos que se auxiliam mutuamente motivados pelo puro amor fraternal.

É importante esse esclarecimento para que haja compreensão de que tanto a busca como o encontro com a felicidade estão nas mãos do próprio ser humano, não de terceiros, o que a teoria da alma gêmea como duas almas incompletas que se buscam, contradiz.

Recordemos que dentre as leis que regem o Universo existe a lei de reencarnação. No processo de nascer, viver, morrer e renascer na carne encontramos com muitos espíritos que participam do nosso projeto encarnatório: afetos e desafetos, assim como novos seres que se agregam à jornada, vivendo as experiências de maneira próxima, alternando papeis de pais e filhos, maridos e mulheres, amigos, primos, colegas de atividade etc.

A presença desses entes reiteradamente em nossas existências faz nascer por eles, com o decorrer do tempo, um afeto mais intenso, digamos “especial”, construindo verdadeira família espiritual.

Com o passar do tempo e das vidas, através da lei de justiça, amor e caridade aprendemos que o amor que sentimos será por todos, pois todos somos irmãos na obra divina, no entanto isso não impede que tenhamos peculiar afinidade, maior sintonia com um ou outro espírito que conosco compartilhou incontáveis jornadas terrestres.

Desse modo, aí sim, podemos entender que tais companheiros que transitam conosco nas vidas material e espiritual sejam nossos parceiros pela “eternidade afora”, pois, mesmo sendo inteiros, completos, independentes, que amam, lutam, aprendem, trabalham sem necessitar do outro para esse fim, sentem alegria sincera por terem construído um sentimento único dentro do grande sentimento do amor.

São espíritos que podem viver separados, podem exercer suas capacidades em diferentes meios, residir até mesmo em mundos diversos, mas almejarão a proximidade sempre que for possível encontrarem-se, pois, juntos, sentem exclusiva sensação de harmonia íntima, a que se manifesta naqueles que se conhecem, amam, respeitam e compreendem profundamente.

A esses relacionamentos espirituais podemos denominar “almas gêmeas”.

 

Autora: Vania Mugnato de Vasconcelos

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