Amizade e Preconceito
Quantas coisas ruíns poderiam ser evitadas se as pessoas não fossem
preconceituosas. Como o mundo seria muito melhor se os adultos em geral, e os
pais em particular, não colocassem idéias preconceituosas nas cabecinhas de seus
filhos. Sobre isto, vamos contar a vocês uma lenda africana:
Um sapinho vinha pulando por um caminho quando encontrou um bicho comprido
atravessado na estrada se esquentando ao sol. O sapinho perguntou: – Quem é
você? – Eu sou uma cobrinha. E você? – Eu sou um sapinho. Vamos brincar juntos?
convidou o sapinho. Vamos sim! E brincaram o dia todo.
O Sapinho ensinou a cobra pular e a cobra ensinou o sapinho rastejar, subir
em arvore e deslizar pelo tronco. No fim do dia combinaram de se encontrar
novamente no dia seguinte para brincar.
Mas ao chegar em casa o sapinho começou mostrar para a sua mãe o que
aprendera com a sua amiguinha. A mãe ficou muita brava e disse que as cobras
eram maldosas, criaturas venenosas, e ele estava proibido de brincar com elas.
A cobra chegou pulando em sua casa, e como a mãe cobra estranhasse o seu
procedimento, ela disse que aprendera com o seu amiguinho sapo. A mãe cobra
ficou muita brava e disse que cobras não pulavam, que ela estava proibida de ter
amizade com um sapinho, mas que se ele chegasse perto dela, que ela desse o
bote; e bom apetite.
No outro dia os dois se encontraram e só disseram: ÔI – ÔI. A cobrinha ficou
com vontade de comer o sapinho, e pensou consigo: se ele chegar perto vou dar o
bote e devorá-lo. Mas ela se lembrou de como foram gostosas as brincadeiras do
dia anterior. Ficaram se olhando e suspirando de vontade de brincar, mas
foram-se embora, cada um para o seu lado, e nunca se esqueceram daquele dia de
brincadeiras, o único dia realmente feliz que eles tiveram em toda a sua vida.
Será que o nosso procedimento não tem sido igual a da cobra mãe e da mãe
sapo? Será que não estamos contribuindo para tornar o nosso mundo um lugar ruim
de se viver? Façamos um autoexame e se percebermos a nossa distonia com o
Evangelho e com a moral espírita, façamos esforços para mudar, porque temos a
obrigação de ajudar a construir um mundo melhor.
4/1/2003