As Três Revelações
Alguns estudiosos perguntam: Será que somente o Mundo Ocidental teve
revelações?
Será que Deus esqueceu do Mundo Oriental?
Como associar esta afirmação de Kardec com as religiões orientalistas
(Vedismo, Bramanismo, Taoismo, Budismo etc..), todas anteriores aos ensinamentos
de Jesus e algumas até anteriores a Moisés?
Embora não se tenha muita segurança nos registros históricos, por sua
influência em todo o pensamento da China milenar e do grupos sociais próximos a
ela, pode-se dizer que :
a primeira revelação divina espiritual foi o I Ching, na China;
a segunda, O Vedismo, entre os Hindus;
a terceira, com Moisés, entre os Hebreus;
a quarta, com Jesus de Nazaré, e
a quinta, com o Espiritismo, codificado por Allan Kardec.
BONS FRUTOS – Por que Kardec disse que com Moisés ocorreu a primeira? A
resposta está no fato de que as revelações do I Ching e do Vedismo, no Mundo
Oriental, tornaram-se árvores infrutíferas para os anseios da espiritualidade,
no que se refere às comunicações dos Espíritos.
As Grandes Revelações
Moisés, profeta, revelou um Deus único (monoteísmo), soberano, senhor
e Criador de todas as coisas, promulgou os Dez Mandamentos (de Deus) e várias
leis civis convenientes para a legislação da época.
- Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão.
Não tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros. Não fareis imagem
esculpida, nem figura alguma do que está em cima do céu, nem embaixo na Terra,
nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os adorareis e não lhes
prestareis culto soberano. (¹) - Não pronunciareis em vão o nome do Senhor, vosso Deus.
- Lembrai-vos de santificar o dia do sábado.
- Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra
que o Senhor vosso Deus vos dará. - Não mateis.
- Não cometais adultério.
- Não roubeis.
- Não presteis testemunho falso contra o vosso próximo.
- Não desejeis a mulher do vosso próximo.
- Não cobiceis a casa do vosso próximo, nem o seu servo, nem a sua serva,
nem o seu boi, nem o seu asno, nem qualquer das coisas que lhe pertençam.
O Cristo, tomando da lei antiga o que era eterno e divino, e
rejeitando o que não era senão transitório, puramente disciplinar e de concepção
humana (leis mosaicas), acrescentou a revelação da vida futura, a das penas e
recompensas que esperam o homem depois da morte.
A Doutrina de Jesus
Toda a doutrina do Cristo está fundada sobre o caráter que ele atribui à
Divindade. Com um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e misericordioso,
pôde fazer do amor de Deus e da caridade para com o próximo a condição pressa de
salvação. Mas, o Cristo não pôde desenvolver o seu ensinamento de maneira
completa, porque faltavam aos homens da época, condições de compreendê-lo, mas,
deixou profeticamente através de suas parábolas, os germens das verdades novas.
Apesar dos sublimes exemplos e refinada filosofia moral, a adesão e o
entendimento dos homens, foram marcadas de inúmeras dificuldades, principalmente
das elites, que tinham os poderes temporários em decidir os rumos da Humanidade.
Como sempre prevaleciam o egoísmo e o orgulho, aproveitando os próprios
movimentos crescentes dos humildes cristãos como peça fundamental da política,
introduzindo conceitos apropriados e interpretações benéficas e dogmáticas,
descaracterizando a doutrina original e tornando-se mais uma das religiões de
aparências e instrumentos políticos.
A história da Humanidade, registra periodicamente um salto de conhecimento
impulsionado pelo gênio, um homem aparentemente comum, mas com uma elevada
cultura e facilidade em transmitir novos conhecimentos, resultando num largo
progresso em pouco tempo. Esses gênios, que parecem através dos séculos como
estrelas brilhantes, que deixam um longo rastro luminoso na Humanidade, são
missionários; destacados pela vontade de Deus, a revelarem as verdades de ordem
científicas ou morais que são elementos essenciais do progresso.
No Capítulo I, Parágrafo 11 de A Gênese , Allan Kardec escreve sobre o
assunto:
Uma importante revelação se cumpre na época atual: a que nos mostra a
possibilidade de se comunicar com os seres do mundo espiritual. Esse
conhecimento não é novo, sem dúvida; mas permaneceu, até os nossos dias, de
certa forma, no estado de letra morta, quer dizer, sem proveito para a
Humanidade. A ignorância as leis que regem essas relações as havia sufocado sob
a superstição; o homem era incapaz de delas tirar alguma dedução salutar; estava
reservado à nossa época desembaraçá-la de seus acessórios ridículos,
compreender-lhe a importância, e dela fazer sair a luz que deverá iluminar a
rota do futuro.
- Amar a Deus sobre todas as coisas
- Amar ao próximo como a si mesmo
ALLAN KARDEC
Nasce em Lyon, França, Hypolitte Lyon Denizard Rivail, mais tarde será
conhecido com o pseudônimo de Allan Kardec.
Aos 10 anos é enviado para Yverdum, Suíça, para estudar no célebre Instituto
Pestalozzi. Inicia com Pestalozzi, conhecido como o “Educador da pedagogia do
amor”, seus estudos e sua admiração pelo mestre Pestalozzi. Cada vez mais
torna-se maior essa admiração, fazendo Rivail, questão de colocar abaixo de seus
trabalhos futuros, a inscrição: “Discípulo de Pestalozzi.”
– 1823 – Aos 19 anos, Sr. Rivail inicia seus estudos do magnetismo,
que durariam 35 anos de experiências, analises e observações.
– 1824 – Está em plena atividade na Educação – trabalho voltado p/ o
estudante desprovido de recursos.
– Tradutor de obras estrangeiras.
– 1854 – Com 50 anos – Sr. Rivail era conhecido, respeitado e
respeitável. Vivera todos os movimentos sociais, políticos, ideológico da sua
época. Tinha vocação eminentemente humanista, não se deixou contaminar por todas
essas situações.
– 1848 – Hydesville – E.U.A. – inicia a grande abertura do
intercâmbio espiritual, nessa mes- ma época surge o discurso materialista –
negação de Deus – na França e Inglaterra.
Nesse ano acontece o chamamento, Sr. Fortier, companheiro do magnetismo lhe
informa sobre os acontecimentos das mesas girantes. Sr. Rivail freqüenta a casa
do Sr. Planeinaison c/ assiduidade despertando ai o cientista que está escondido
no Educador.
Princípios básicos da Doutrina Espírita
De acordo com a Doutrina Espírita, dois elementos ou duas forças regem o
Universo, o elemento espiritual e o elemento material, sem olvidar
que acima de tudo está Deus.
Como a Ciência estuda unicamente o elemento material, coube ao Espiritismo
demonstrar a existência do mundo espiritual e simultaneamente fornecer a chave
para a explicação de muitos fenômenos que antes foram considerados
inexplicáveis.
Desse modo, podemos resumir os princípios espíritos básicos nos tópicos
seguintes, acrescidos de alguns singelos comentários:
1 – A existência de Deus como inteligência suprema, causa primária
de todas as coisas.
A harmonia do Universo é o testemunho vivo de uma sabedoria, de uma prudência
e de uma previdência que superam todas as faculdades humanas. Em todas as obras
da criação, desde as partículas subatômicas até o infinito espaço sideral, está
inscrito o nome de um ser soberanamente grande e sábio.
2 – A imortalidade da alma humana, que preexiste ao corpo e a ele
sobrevive.
Os homens não são meros equipamentos fisiológicos animados, mas são antes
Espíritos imortais que usam dois corpos, um temporário e perecível, o corpo
humano, instrumento de trabalho, expiação e provas, e outro fluídico, que
durante a encarnação serve de intermediário entre a matéria e a alma, da qual é
inseparável após a morte.
Não existem locais determinados para contemplação beatifica (“céu”), penas
eternas (“inferno”) ou expurgo (“purgatório”), privilégios e nem criaturas
destinadas perpetuamente ao mal ou ao sofrimento. Os demônios nada mais são do
que Espíritos ainda atrasados e imperfeitos, que praticam o mal no espaço como
praticavam na Terra, mas que se adiantarão e aperfeiçoarão.
Os anjos não são seres à parte na criação, mas Espíritos puros, que chegaram
ao objetivo depois de terem percorrido o caminho do progresso, como todos
indistintamente percorrerão.
3 – A reencarnação ou pluralidade de existências, como um meio de
progresso para os Espíritos.
Deus cria os Espíritos simples e ignorantes mas perfectíveis, e eles
reencarnam na Terra ou em outros mundos. A reencarnação é um meio que
possibilita o progresso moral e intelectual aos . Espíritos, sendo que o
progresso moral decorre da necessidade recíproca entre os homens e o progresso
intelectual resulta do trabalho obrigatório. Esse duplo progresso raramente é
homogêneo, mas o progresso intelectual e o progresso moral acabarão alcançando o
mesmo nível, dependendo basicamente do esforço individual, o que explica a
existência de homens inteligentes e instruídos porém moralmente atrasados, e
vice-versa.Estando encarnados, os Espíritos providencialmente esquecem o seu
passado, porque normalmente renascem entre pessoas com quem já viveram
experiências pregressas provavelmente desagradáveis, e a recordação desse
pretérito equivocado poderia determinar o ressurgimento do ódio recíproco. Mas
Deus outorgou-lhes dois elementos norteadores para progredirem sem que lhes seja
necessário vasculhar o passado: as tendências instintivas, indicando
quais os pontos do caráter e da personalidade que devem ser corrigidos, e a
voz da consciência, que adverte os Espíritos encarnados do bem e do mal, de
modo que a estrita obediência a essas bússolas lhes dará forças para resistirem
às tentações.
Os Espíritos também progridem no espaço, nos intervalos entre as
reencarnações, adquirindo conhecimentos específicos que não lograriam obter no
mundo corpóreo, modificando inclusive algumas de suas idéias inadequadas, que
poderiam entravar-lhes a evolução.
4- A intervenção recíproca dos Espíritos e dos homens nos mundos em que
respectivamente estão vivendo.
Enquanto estão encarnados os Espíritos são as almas dos homens, que habitam o
mundo corpóreo. Antes do nascimento e depois da morte os Espíritos vivem no
mundo espiritual.
Tanto os encarnados podem interferir no mundo espiritual (pelo pensamento,
durante o sono e em outros momentos de emancipação provisória), como os
Espíritos podem intervir no mundo corpóreo (provocando, através de médiuns, os
chamados fenômenos de efeitos físicos e intelectuais, e influindo nos
pensamentos e nos atos das pessoas).
Sendo os Espíritos as almas das pessoas que viveram na Terra ou em outros
orbes, delas não diferem em conhecimento e moral, de modo que as suas
comunicações devem ser recebidas com as mesmas reservas e cuidados dispensados
aos homens.
5 – A pluralidade dos mundos habitados.
Posto que sem fazer uma classificação absoluta, mas levando-se em
consideração o estado em que se encontram e a sua destinação, os mundos
infinitos que integram o Universo podem ser assim divididos: mundos
primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; mundos de
expiação e provas, onde domina o mal; mundos de regeneração, nos
quais as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das
fadigas da luta; mundos ditosos, onde o bem sobrepuja o mal; mundos
celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde reina
exclusivamente o bem. A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e
provas, razão pela qual o homem aqui vive a braços com tantas misérias.