Sobre a vida de Wera Ivanova Krijanowskaia (ou Krijanowski, como ficou
conhecida no idioma francês), têm-se escassas informações.
O tradutor de “A Vingança do Judeu” para o idioma português relata, no
prefácio da obra, que o espírito de Rochester escolheu e preparou a médium desde
a infância, afim de cumprir a tarefa de propagação das verdades espirituais que
o Espiritismo divulga e esclarece. Ambos estiveram juntos em várias encarnações:
como Asnath e José, em “O Chanceler de Ferro”; Smaragda e Mernephtah, em “O
Faraó Mernephtah”; Lélia e Astartos, em “Episódio da Vida de Tibério”; Virgília
e Cáius Lucílius em “Herculânum”; Rosalinda e Lotário de Rabenau, em “A Abadia
dos Beneditinos”.
Relata também que Wera era jovem, filha de família russa muito distinta e que
não obstante ter recebido uma sólida instrução no Instituto Imperial de São
Petesburgo, não se aprofundou em nenhum ramo de conhecimentos.
Segundo revistas européias, sua mediunidade “consistia, principalmente, da
escrita mecânica, cujo automatismo lhe era tão peculiar que sua mão traçava as
palavras com uma rapidez vertiginosa e uma inconsciência completa das idéias,
narrando acontecimentos históricos desde épocas bastante remotas, com rara
minúcia, beleza e autenticidade.
Um senhor polonês que conheceu pessoalmente a médium relatou, há muitos anos,
que ela foi rica e tinha até secretária. Encontrou-a, certa manhã, a recolher
imensa quantidade de folhas de papel, ajudada pela secretária, inclusive caindo
pelas escadas, repletas de palavras em péssima caligrafia, que ela havia escrito
durante a noite toda em completo estado de inconsciência ou sono profundo. Wera
não se lembrava de nada e colocava as folhas em ordem, decifrando o que estava
escrito.
Ocorriam, também, fenômenos físicos em sua casa e que muito impressionavam os
amigos. Havia um espírito que se materializava na presença dela e prometia
destruir sua vida, caso não parasse de publicar seus romances. Às vezes ocorriam
explosões e objetos despencavam ao solo sem causa aparente.
Esse mesmo senhor viu Wera na miséria percorrendo as ruas e perguntando às
pessoas se conheciam seus livros, tentando reeditá-los. Seu intento fracassou e
sua filha faleceu de tuberculose, sob o rigoroso inverno eslavo, em tempos de
fome e revolução.
(Publicado no Boletim GEAE Número 310 de 15 de setembro de 1998)