Tamanho
do Texto

Caridade e Salvação

1

Por Amilcar Del Chiaro

   Quando Allan Kardec cunhou a frase, Fora da Caridade Não Há Salvação, muito mais do que um anteparo contra a pretensão fora da Igreja, não há salvação, que um setor do Vaticano procura ressuscitar atualmente, ele procurava demonstrar que viver em plenitude é dar uma utilidade fraterna, solidária à vida, e não alcançar uma qualidade de vida superior, pisando sobre o próximo ou sendo-lhe indiferente. Desde que as Escrituras ditas sagradas fizeram o homem perder-se nos tortuosos caminhos da desobediência, ele procurou a salvação, pelos caminhos do sacrifício, por meios mágicos como o batismo ou a crença no sangue capaz de resgatar o pecador. Todos meios externos de salvação, esquecidos, quase todos, que o sacrifício mais correto é o do nosso egoísmo, amor próprio, desejos inconfessáveis.

Quando Jesus de Nazaré, no seu magnífico discurso da Montanha, afirmou: Vós sois o sal da terra e a luz do mundo, definiu quais deveriam ser os nossos deveres para melhorar a vida e o mundo.    O sal, como cloreto de sódio, serve para conservar e dar sabor aos alimentos. Ele é tão importante, que do seu nome derivou a palavra salário. A luz, serve, naturalmente, para clarear, iluminar.Com referência à vida, os seguidores de Jesus devem preservá-la e dar-lhe um sabor de solidariedade, fraternidade e igualdade.

“Numa sociedade regida pelas leis do Cristo, ninguém deveria morrer de fome”, afirmam os espíritos. Nem de fome, nem de medo, injustiça, pobreza, compreensão, aceitação, amor. A finalidade da luz, como já vimos, é iluminar. A luz do Cristo deve iluminar a nossa consciência e a consciência do mundo. Por isso o seguidor do Mestre Nazareno tem que denunciar as injustiças, e lutar para que a luz do conhecimento esteja ao alcance de todos.

Muitos aceitam, como punitiva, a ação da lei de causa e efeito. A dor, o sofrimento, seria conseqüência natural dos erros. Nada mais simples: bateu – apanha. Feriu, é ferido. É uma Pena de Talião a longo prazo. Quem pensa assim, justifica a dor como quitação de nossos erros de vidas passadas. Entretanto, os animais sofrem e não tem dívidas a quitar, e sim um longo e laborioso caminho evolutivo a percorrer.

Alguns aceitam discutir a veracidade de tais conceitos, e argumentam que a finalidade da pena é educativa, e não punitiva. Vamos mais longe, dizendo que a dor é instrutora. Não estamos negando a lei de causa e efeito, mas lembrando que o sofrimento físico ou moral é um acelerador do progresso, um processo educativo para a alma. Há os que fazem das suas dores uma estrada de angústias e andam pisando o cascalho duro, ou espinhos que lhes ferem os pés.