Tamanho
do Texto

Causa das Aflições

Causa das Aflições

RESUMO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Dor e Sofrimento: 4.1.
Especificando os Termos; 4.2. Necessidade da Dor; 4.3. Tipos de Dor. 5. Lei de
Ação e Reação: 5.1. Tempo; 5.2. O Merecimento. 6. Causas das Aflições: 6.1.
Causas Atuais das Aflições; 6.2. Causas Anteriores das Aflições; 6.3. Justiça
das Aflições. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

Por que tanto sofrimento ao redor de nossos passos? Por que uns nascem na
miséria e outros na opulência? Por que para uns tudo dá certo e para outros não?
Estas são algumas dentre as muitas questões que ficam sem resposta lógica,
quando analisamos a vida do ponto de vista de uma única encarnação. Olhemos a
vida numa perspectiva mais ampla e obteremos respostas para todas essas dúvidas.

2. CONCEITO

 

Aflição – do latim afflictione. 1. Agonia, atribulação, angústia,
sofrimento. 2. Tristeza, mágoa, pesar, dor. 3. Cuidado, preocupação,
inquietação, ansiedade. 4. Padecimento físico; tormento, tortura. (Dicionário
Aurélio)

 

Aflição, na essência, é o reflexo intangível do mal forjado pela criatura
que o experimenta, e todo mal representa vírus de alma suscetível de alastrar-se
ao modo de epidemia mental devastadora.

Freqüentemente, aflição é a nossa própria ansiedade, respeitável mas
inútil, projetada no futuro, mentalizando ocorrências menos felizes que, em
muitos casos, não se verificam como supomos e, por vezes, nem chegam a surgir.
(Equipe FEB, 1997)

3. HISTÓRICO

O ser humano, premido pela necessidade, sempre buscou inventar aparelhos que
lhe possibilitassem viver melhor. No que tange à dor, os antropólogos
descobriram, já na Antigüidade, diversos instrumentos de cura. De lá para cá, as
descobertas de novas técnicas se incrementaram. Foram inventados os raios-X, a
anestesia, o laser e outros. Tudo para melhorar a saúde dos habitantes deste
planeta.

4. DOR E SOFRIMENTO

4.1. ESPECIFICANDO OS TERMOS

 

Dor e Sofrimento — a simples reflexão sobre a dor e o sofrimento basta
para evidenciar que eles têm uma razão de ser muito profunda. A dor é um
alerta da natureza, que anuncia algum mal que está nos atingindo e que
precisamos enfrentar. Se não fosse a dor sucumbiríamos a muitas doenças sem
sequer nos dar conta do perigo. O sofrimento, mais profundo do que a
simples dor sensível e que afeta toda a existência, também tem a sua razão de
ser. É através dele que o homem se insere na vida mística e religiosa.
(Idígoras, 1983)

4.2. NECESSIDADE DA DOR

A dor física anuncia que algo em nós não vai bem e precisa de melhora.
Embora sempre queiramos fugir dela, ela nos oferece a oportunidade de reflexão —
volta para o nosso interior —, objetivando o conhecimento de nós mesmos.

Dada a grande coerência da dor, tanto sofrem os grandes gênios e como as
pessoas mais apagadas. Nesse sentido, observe o sofrimento anônimo daqueles que
dão exemplo de santidade aos que lhe sentem os efeitos, mesmos ocultos e
sigilosos.

4.3. TIPOS DE DOR

O processo de crescimento espiritual está associado à dor e ao sofrimento. De
acordo com o Espírito André Luiz, a dor pode ser vista sob três aspectos:

1) Dor-expiação — que vem de dentro para fora, marcando a criatura no
caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para
regenerá-la, perante a justiça. É conseqüência de nosso desequilíbrio mental, ou
proceder desviado da rota ascensional do espírito. Podemos associá-la às
encarnações passadas. Muitas vezes é o resgate devido ao mau uso de nosso
livre-arbítrio.

2) Dor-evolução — que atua de fora para dentro, aprimorando o ser, sem
a qual não existiria progresso. Na dor-expiação estão associados o remorso, o
arrependimento, o sentimento de culpa etc. Na dor-evolução estão associados o
esforço e a resistência ao meio hostil. Enquanto a primeira é conseqüência de um
ato mau, a segunda é um fortalecimento para o futuro.

3) Dor-Auxílio — são as prolongadas e dolorosas enfermidades no
envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade,
seja, mais freqüentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim
de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição para a
morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a
senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por
vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja
incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas
reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitável na vida
espiritual (Xavier, 1976, p. 261 e 262)

5. LEI DA AÇÃO E REAÇÃO

O que é uma causa? É algo que origina um efeito. Por exemplo: qual a causa do
leite? A vaca. Qual a causa da manteiga? O leite. Mas todas essas causas estão
sujeitas a um princípio. Quando estamos falando de causa e efeito, estamos
falando de tempo.

5.1. TEMPO

Que é o tempo? Sucessão de coisas ou de acontecimentos, que se expressam em
termos de presente, passado e futuro. Embora na sua concepção infinita de tempo,
o passado, o presente e o futuro se confundem, não há dúvida de que o ontem foi
passado, o hoje é o presente e o amanhã o futuro.

 

Axioma: dada uma causa, o efeito se realiza necessariamente.

Importante: passagem do tempo, ou seja, podemos modificar a causa e
concomitantemente o efeito.

5.2. O MERECIMENTO

Um exemplo clássico da Doutrina está na história da pessoa que perdeu o dedo,
mas deveria ter perdido o braço.

Esta história foi retratada pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do
livro A Vida Escreve, psicografada por F. C. Xavier e Waldo Vieira, no
qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina
de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo
espírita e benévolo para com todas as pessoas, pode perder o dedo? Parecia um
fato que ia de encontro com a justiça divina. Contudo, à noite, em reunião
íntima no Centro Espírita que freqüentava, o orientador espiritual revelou-lhe
que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho
rústico. O orientador espiritual assim lhe falou: “Por muito tempo, no Plano
Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana
enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por
muito tempo, por muito tempo… E você implorou existência humilde em que viesse
a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira
mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos
outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever… Regozije-se, meu amigo!
Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça…”

6. CAUSAS DAS AFLIÇÕES

Faz parte do capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan
Kardec, cujo título é Bem-Aventurados os Aflitos, e abrange os itens de 3 a 10.

As causas das aflições devem ser procuradas tanto no presente (atual
encarnação) como numa existência passada. Devemos partir do princípio de que
elas são justas. Se assim não pensarmos, poderemos cair no erro de jogar a culpa
nos outros ou em Deus. Quer dizer, tudo o que se nos acontece tem um motivo,
embora nem sempre o saibamos explicar com clareza.

Assim sendo, toda vicissitude pode ser vista sob dois ângulos:

6.1. CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES

Aqui devemos refletir sobre o sofrimento que nos visita, fazendo algumas
indagações a respeito. Em caso de anemia — será que me descuidei da alimentação?
No caso do filho escolher o caminho do vício — dei-lhe a devida educação, os
cuidados necessários? No caso de uma querela familiar — será que não fui injusto
para com tal pessoa?

“Que todos aqueles que são atingidos no coração pelas vicissitudes e
decepções da vida, interroguem friamente sua consciência; que remontem
progressivamente à fonte dos males que os afligem, e verão se, o mais
freqüentemente, não podem dizer: Se eu tivesse, ou não tivesse, feito tal
coisa eu não estaria em tal situação
“. (Kardec, 1984, p. 72)

6.2. CAUSAS ANTERIORES

Não encontrando uma resposta satisfatória na presente encarnação, devemos nos
reportar à encarnação passada. “Os sofrimentos por causas anteriores são,
freqüentemente, como o das causas atuais, a conseqüência natural da falta
cometida; quer dizer, por uma justiça distributiva rigorosa, o homem suporta o
que fez os outros suportarem; se foi duro e desumano, ele poderá ser, a se
turno, tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em
uma condição humilhante; se foi avarento, egoísta, ou se fez mal uso da fortuna,
poderá ser privado do necessário; se foi mal filho, poderá sofrer com os
próprios filhos etc.” (Kardec, 1984, p. 74)

A regra é básica: devemos procurar a origem dos males nesta mesma
encarnação. Não encontrando indícios, retornemos a uma outra. Mesmo tendo o
esquecimento do passado, fica-nos uma lembrança, uma intuição.

6.3. JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES

 

A dor não é castigo: é contingência inerente à vida, cuja atuação visa a
restauração e o progresso.

A dor-expiação é cármica, de restauração, é libertação de carga que nos
entrava a caminhada; é reajuste perante a vida, reposição da alma no roteiro
certo. Passageira, nunca perene.

A dor-evolução, tem existência permanente, embora variável segundo as
experiências vividas pelo espírito. Ela acompanha o desenvolvimento, é sua
indicação, é sinal de dinamização, inevitável manifestação de crescimento. É a
dor, na sua essência, uma vez que as outras são passageiras e evitáveis, mesmo
que o Espírito se envolva em suas malhas, por séculos, às vezes.

Jesus, quando falava de dor, sede e fome, referia-se à dor-evolução, à dor
insita no crescimento do Espírito impulsionado pela fome de aprender e pela sede
de saber. (Curti, 1982, p. 39)

7. CONCLUSÃO

“Saibamos sofrer e sofreremos menos”. Eis o dístico que devemos nos lembrar
em todos os estados depressivos de nossa alma, a fim de nos fortalecermos para o
futuro.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

  • CURTI, R. Bem-Aventuranças e Parábolas. São Paulo, FEESP, 1982.
  • EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.
  • FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de
    Janeiro, Nova Fronteira, s/d/p.
  • IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São
    Paulo, Edições Paulinas, 1983.
  • KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo,
    IDE, 1984.
  • XAVIER, F. C. Ação e Reação, pelo Espírito André Luiz. 5. ed., Rio
    de Janeiro, FEB, 1976.
  • XAVIER, F. C., VIEIRA, W. A Vida Escreve, pelo Espírito Hilário
    Silva. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1978.

 

Unidades Feal

FUNDAÇÃO ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ |||

Feal

Você gostou deste conteúdo?

Há décadas a FEAL - Fundação Espírita André Luiz assumiu o compromisso de divulgar conteúdos edificantes voltados ao bem estar dos seres humanos gratuitamente e, com a sua ajuda, sempre será.

Podemos contar com você?
logo_feal radio boa nova logo_mundo_maior_editora tv logo_mundo_maior_filmes logo_amigos logo mundo maior logo Mercalivros logo_maior