Tamanho
do Texto

Chico Xavier – O Homem de Bem

Chico Xavier – O Homem de Bem

Tudo o que disse e se escreveu sobre Francisco Cândido Xavier pode ser
sintetizado nos “Caracteres do Homem de Bem”, que Allan Kardec ressalta na
questão 918 de “O Livro dos Espíritos” e no capítulo XVII de “O Evangelho
segundo o Espiritismo”, como segue:

O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de
caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus
próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal,
se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser
útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que
desejara lhe fizessem.

Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe
que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as
coisas.

Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens
temporais.

Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções
são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem,
sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra
o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no
fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que
prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de
pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio
interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes
de toda ação generosa.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de
raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que
como ele não pensam.

Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que
aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho
e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um
sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao
dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus,
perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que
perdoado lhe será conforme houver perdoado.

É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de
indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: Atire-lhe a primeira pedra
aquele que se achar sem pecado.

Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em
evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar
o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las.
Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa
traz em si de melhor do que na véspera.

Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de
outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja
proveitoso aos outros.

Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber
que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.

Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um
depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe
pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade
e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para
lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto
lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.

O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se
empenha em cumpri-los conscienciosamente. (Cap. XVII, no 9.)

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus
semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.

Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem;
mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no ca-minho
se acha que a todas as demais conduz.

Fonte: KARDEC, Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, 117 ed., Rio de
Janeiro, FEB, 2001, cap. XVII, item 3, p. 272-274.

(Publicado no Boletim GEAE Número 445 de 30 de outubro de 2002)