Adão e Eva personificam a Humanidade numa fase em evolução que
já conhece certas determinações de Deus, através de suas Leis, registradas na
consciência moral. O paraíso representa o estado evolutivo e natural que envolve
a consciência pacificada de quem evolui, obedecendo às determinações da Lei
Divina. A árvore da vida, plantada no paraíso, simboliza o caminho reto, a boa
conduta que leva ao Amor que é a Suprema Lei da Vida. Por este caminho reto a
evolução se processa mais rapidamente, sem curvas provacionais ou rodeios
expiatórios. A árvore da ciência do bem e do mal, plantada no meio do paraíso,
representa a própria consciência. Embora todas as leis morais estejam gravadas
na intimidade da consciência, será preciso que esta consciência moral se eleve a
níveis superiores de iluminação e de compreensão dessas leis. O que determina a
compreensão das leis é o discernimento intelectual, mas o que determina a
iluminação da consciência é o discernimento moral. O discernimento
intelecto-moral reflete a vontade das Leis Divinas. Neste estágio evolutivo, a
consciência individual passa a refletir a sabedoria e a verdade,
transformando-se em canal da vontade divina. Quando isto ocorre, não há mais o
livre-arbítrio da escolha entre o bem e o mal, porque o bem é a razão única da
suprema liberdade adquirida e experimentada.
O livre-arbítrio passa então a agir através da escolha entre um
bem e outro bem, porque o mal não é mais uma ameaça ao estacionamento
espiritual, nesses estágios evolutivos que caracterizam a classe dos Espíritos
puros. É por esta razão que a perfeição intelecto-moral é um pré-requisito para
se alcançarem outros estágios superiores e inimagináveis de evolução. O que para
os seres humanos é um fim evolutivo, para Deus é uma condição evolutiva para que
o Espírito se destine a um aprendizado superior, através do qual alcançará outra
condição necessária a outros aprendizados superiores, e assim a evolução se
processa sucessivamente e infinitamente. A árvore da ciência do bem e do mal
representa a consciência em nível primário de evolução, mais ligada à natureza
material do que à natureza moral do Espírito. Somente quando a consciência
atingir o nível superior de iluminação moral poderá transformar-se em árvore da
vida, em uma superconsciência do bem e do puro amor.
Naquele estágio primário de evolução, Adão e Eva, ou seja, a
Humanidade, deixou-se encantar pelo convite dos prazeres mate1Tiais ligados à
cobiça e à concupiscência, desobedecendo às Leis Divinas e comendo o fruto de
sua ignorância, teimosia, fraqueza moral, falta de discernimento
intelecto-moral, rebeldia e indiferença diante do pouco que sabia. Ao comer o
fruto, sucumbiu à tentação. Quando percebeu o clamor das leis gravadas em si
mesma, a Humanidade viu-se despida moralmente pela. falta cometida e por
conseqüência, sentiu vergonha e tentou fugir da presença da Lei Divina.
A consciência pacificada, ou seja, o paraíso consciencial, não
pertence aos infratores da Lei Divina, e a vergonha, o remorso, a dor e o
arrependimento demarcam uma linha divisó1Tia entre a consciência do justo e a
consciência do transgressor da Lei. O trabalho reparador do mal cometido surge
então como um recurso da Lei para os transgressores, e o processo evolutivo faz
a sua curva provacional ou O seu rodeio expiatório. A Humanidade terrena
prossegue em seu curso evolutivo ao lado de Espíritos que não acompanharam o
progresso intelecto-moral de seus contemporâneos, e por isto serão obrigados a
emigrar para outros planetas, para outras regiões reencarnatórias, onde terão de
prestar auxílio a uma humanidade mais atrasada na condição de exilados, (nas
sempre amparados pela misericórdia divina.
O trabalho, longe de ser uma punição, é uma lei moral, destinada
a desenvolver a inteligência e o livre-arbítrio, elementos indispensáveis ao
desenvolvimento da consciência intelecto-moral. No entanto, o trabalho que visa
o resgate moral muitas vezes torna-se sofrido e doloroso para certos Espíritos
infratores, bem diferente do trabalho que visa a construção intelecto-moral,
daquele que segue o caminho reto do bem. Somente desfruta do paraíso da paz da
consciência quem observa e obedece às Leis Divinas e sabe fazer bom uso de seu
livre-arbítrio.
NOTA : Tomando-se como exemplo o sistema educacional escolar e
comparado com o sistema de evolução espiritual é possível analisar o assunto.
Para que determinado aluno alcance a Universidade, ele precisa passar pelos
sistemas do primeiro, segundo e terceiro graus, este o grau universitário,
através de exames necessários e específicos. No primeiro grau, o aluno terá que
percorrer da primeira à oitava série. Cada série corresponde a um ano letivo.
Conclui-se que o aluno terá que, em oito anos, concluir o primeiro grau, em um
sistema normal de ensino. Se, no entanto, perder algum ou alguns desses anos
letivos por preguiça, negligência, indiferença ou incapacidade de cumprir seus
deveres escolares, terá que repetir o ano ou a série na qual não logrou êxito.
Se ele perde, por exemplo, a terceira série, não poderá passar para a quarta
série enquanto não obtiver os pré-requisitos necessários exigidos pelo sistema
escolar. Neste caso, esse aluno estará no anti-sistema, e não no sistema normal
de evolução escolar. É evidente que repetir um ano letivo para o aluno é muito
doloroso, ainda que ele se saia bem nas provas e seja considerado bom aluno
nesse ano de repetição. O fato de repetir o ano letivo retarda a sua ida à
Universidade, e isto é doloroso para quem almeja o título universitário. Assim é
o processo evolutivo espiritual. Adão e Eva representara a Humanidade, em
qualquer planeta do Universo, que não seguiu os sistemas de evolução intelectual
e moral estabelecidos pelas leis morais da vida. E por isto, ao invés de evoluir
dentro do sistema da Lei Divina, essa Humanidade preferiu os dolorosos caminhos
do anti-sistema. O paraíso representa o estado de consciência de quem está no
sistema, ainda que em nível primário de evolução. A serpente representa os
encantos do mundo material, que levara o Espírito ao anti-sistema, se saborear
do fruto da concupiscência, da iniqüidade e do desamor, desobedecendo assim à
Lei Divina. Os pesados fardos impostos a Adão e a Eva representam os resgates
que terão de cumprir perante a Lei, para prosseguir no sistema evolutivo, ao
qual não podem se esquivar.
Toda vez que o Espírito desobedece aos princípios básicos da
consciência, entra no anti-sistema. Estes princípios básicos ou leis morais
estão relacionados aos dez mandamentos da Lei Divina, recebidos por Moisés e
gravados na consciência de cada um. Essa consciência, quanto mais esclarecida
pelo entendimento e iluminada pelo esforço, trabalho, perseverança e disciplina
intelecto-moral, melhor reflete a vontade de Deus, em suas Leis. Num nível
primário de evolução, a consciência ainda não está devidamente esclarecida e
iluminada para entender e refletir toda a vontade divina. É neste ponto que a
Humanidade, julgando que já poderia alcançar a perfeição através de un1nível
primário de consciência, menosprezou o sistema e caiu no anti-sistema. É preciso
considerar que esta Humanidade terrena não representa todas as humanidades do
Universo, porquanto a maioria dos Espíritos não passa pelo anti-sistema. É
possível ao Espírito sair do anti-sistema e retomar ao sistema para evoluir
naturalmente, sem resgates provacionais ou expiatórios que retardam a marcha
evolutiva.
Deste modo é possível alcançar a Universidade da Perfeição
Espiritual e neste ponto de evolução perceber que a consciência – árvore da
ciência do bem e do mal – transformou-se em árvore da vida, porquanto reflete a
vontade divina, através de seus frutos. Não é mais uma consciência de escolha
entre o bem e o mal, porquanto o bem é a escolha única nessa liberdade sublime.