Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves
de Ribeirão Preto, SP
“Se alguém entre vós se julga sábio neste mundo, faça-se estulto, para se fazer sábio.” (I Coríntios, 3:18)
Este é um bom momento para decidirmos nossas ações para o novo século. Quais nossas metas, o que queremos… Parece-nos que a humanidade progrediu muito nestas últimas décadas, pois já somos capazes de fazer equipamentos inimagináveis há 50 anos atrás! Achamos que conhecemos muitas coisas e que agora, em pleno século XXI, podemos nos dar ao luxo de desfrutá-las à vontade…
Um pouco de humildade é necessária, para o reconhecimento do pouco que já construímos diante do que é possível construir daqui para frente. Principalmente no que diz respeito às conquistas de cada um, na área do conhecimento e da sabedoria.
Ottília, através da psicografia de Vera Lúcio, no belíssimo livro “No Roteiro do Evangelho” nos dá uma preciosa dica, sobre os caminhos para as verdadeiras conquistas a serem realizadas. Indagando-se sobre como serei sábio, aponta um horizonte a ser perseguido por nós:
“— Compreendendo que o mundo em que me encontro é curso primário da Escola Divina e entendendo que o edifício de sabedoria que almejo construir com o concurso dos séculos, não prescindirá ter suas bases dolorosas no seio amigo da Terra, como serei sábio, tomando-me estulto aqui?
— Para o peixe do lago, o mundo das águas ali se resume; as algas de que se alimenta são os mais raros manjares; as locas e recantos diversos, recobertos de vegetação exótica, são a criação máxima da Mãe Natureza.
Para o aluno das primeiras letras, não há problemas mais intrincados que o soletrar, desenhar as letras e o memorizar tabuadas.
Para o índio, bom mas ignorante, corajoso, forte, audaz mas imponderado, a vida se resume quase só no dormir, caçar, pescar, nadar, comer ou guerrear.
Assim também, o homem encarnado que, embora guardando acesa a chama da vontade superior de adquirir sabedoria, julgar-se sábio e deste título se acreditar credor no mais alto grau, comparar-se-á ao peixe, à criança, ao índio!
Porque se o conhecimento científico dos homens atingiu, presentemente, a zonas com as quais nem sonhávamos ontem, não poderemos sequer imaginar a que culminâncias deverá ele chegar amanhã.
Porque aquilo que, há séculos passados, a nossa ignorância classificava de milagre, é hoje fenômeno natural, repetido e compreendido por nossa mente esclarecida.
Porque as leis de justiça e de amor que serviam de diretrizes para os homens ao tempo de Moisés, não satisfazem aos corações e às mentes despertos ao toque divino de Jesus Cristo.
Portanto, se te convenceste de tua própria sabedoria, reconhece hoje mesmo tua estultícia e começa a alargar os horizontes de tua visão espiritual, intelectual ou sentimental porque há sempre mais para aprender, mais para ver, mais para compreender e a tua sabedoria será sempre ignorante em incontáveis pontos na Cartilha da Eternidade.”
BIBLIOGRAFIA:
No Roteiro do Evangelho, Vera Lúcio, Espírito de Ottília, SP, IDE, 1989.