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O Comportamento no Centro Espírita

O Comportamento no Centro Espírita

 

Este artigo tem a finalidade de refletir o comportamento no Centro Espírita
numa perspectiva espírita e psicológica. Sem a intenção de esgotar o assunto
reflexões que possam aumentar nosso senso crítico, na esfera do comportamento.

O efeito terapêutico dos ensinamentos espíritas é de estimável valor.
Enfatiza a necessidade de reforma íntima, ponto central que remove o sofrimento
e propicia a aceleração evolutiva.

A reforma íntima não é unicamente um apelo evangélico de conotações
religiosas, é uma proposta científica assentada na lei de ação e reação. A
insistência de agir em desacordo com as leis naturais, produz reações equânimes.
Portanto, as neuroses e psicoses não são entidades autônomas que atacam os seres
humanos como se fossem vítimas indefesas de um mundo cruel, ao contrário, os
conflitos têm gênese nas suas próprias atitudes, que elege os instrumentos de
evolução: o corpo e o mundo físico, como um fim em si mesmo, apegando-se ao que
é fugaz, transitório e ilusório. Conseqüentemente, advém o sofrimento por não
conseguir manter em seu poder o que não é de ninguém, mas é útil a todos na
medida exata de sua finalidade. Além do que, tal apego, restringe seus
potenciais, uma vez que o circunscreve ao objeto de seu interesse. Esse
reducionismo existencial, deixa o indivíduo frágil, pois seus pensamentos
girando em torno de objetivos egoísticos, produzem matéria mental semelhantes,
que serão espargidos no ambiente, incidindo em pessoas encarnadas e
desencarnadas afins, voltando ao emissor acrescido de agentes carreado na sua
excursão, favorecendo, desse modo a aproximação de pessoas ao seu convívio que
comunguem os mesmos interesses.

Conquanto a abrangência com que o Espiritismo trata da problemática humana,
nem sempre seus profitentes conseguem dar conta sozinho da resolução de
problemas pessoais. Na longa marcha palmilhada, nas múltiplas existências, jaz
no subconsciente de cada criatura todas as experiências percorridas, emergindo
ao consciente conflitos e bloqueios acionados por estímulos diversos, reclamando
reeducação e sublimação. É claro que as virtudes e habilidades também
manifestam-se, explícita ou implicitamente, mas não são valorizadas e buscadas
no seu devido valor. Somos obstinados em nos atermos no sofrimento.

No Centro Espírita, que mais parece um laboratório de renovação, uma vez que
se aprender a praticar o “amai-vos” e “instruí-vos” ensinado pelo Espírito de
Verdade, os resultados da renovação pessoal estão na proporção do próprio
empenho. Àqueles que estão dispostos à transformação pessoal, dificilmente não
lograrão êxito, nem que seja parcial. Apesar dessa possibilidade factível, não
podemos esquecer que há comprometimentos que reclamam a ajuda de profissionais
da área da saúde. No que tange ao comportamento ou aos aspectos psicológicos, a
Psicologia é a resposta pouco valorizada por pessoas que caem no extremismo de
acharem que tudo é problema espiritual. Sofrendo às vezes longos períodos,
esperando soluções de ordem espiritual, sendo que seu problema pode ser
psicológico, reclamando uma psicoterapia. A obsessão e os conflitos pessoais,
são oriundos de atitudes discordantes das leis naturais, portanto, é necessário
modificar o comportamento desequilibrado que está gerando sofrimentos e
facilitando a obsessão. A água fluidificada e o passe não surtirão efeitos, se o
indivíduo se debate em conflitos existenciais e de identidade! Isso porque seu
pensamento estará circunscrito ao foco do conflito, produzindo matéria mental
doentia, que impede toda ajuda externa.

Há casos que só o tratamento espiritual ajuda, outros que só a psicoterapia
resolve e outra saída, que precisam de ambos concomitantemente.

Os espíritos não poderão nos ajudar, objetivamente como queremos, a modificar
hábitos e atitudes que cultivamos. É no aqui e agora do dia-a-dia em contato com
pessoas e o mundo que deveremos adquirir novos valores e modificar padrões de
pensamentos e comportamentos doentios! Os benfeitores espirituais respeitam a
didática da vida não fazendo em nosso lugar o que é intransferível e de
exclusividade nossa executar.

(Dirigente Espírita, Maio/Junho de 1993)