Tamanho
do Texto

Comunicação com Extraterrenos

Comunicação com Extraterrenos

Em casa, corri os olhos sobre o amontoado de papéis manuscritos e, prezados
amigos, com todo o respeito que aquele senhor me merece, nunca li tanta tolice
junta! Tantas frases sem nexo algum!

Esperava encontrar pelo menos um mínimo de coerência nas afirmativas, porém,
só apareciam absurdidades!

E agora eu me ponho seriamente a pensar: Como é que agem os Espíritos
mistificadores! Como eles agem para fascinar pobres médiuns que não têm o devido
cuidado de estudar criteriosamente o que ensinava Kardec nem querem ouvir a
orientação despretensiosa e sensata de algum companheiro com maior experiência
na área mediúnica.

Não que haja em Espiritismo os professores, os mestres, os doutores. Não é
isso, não? Mas havemos de convir que existem os prudentes, os cautelosos, os
sensatos e os que se deixam empolgar, entusiasmados com as mensagens que recebem
e não nas passam pelo crivo da razão, do bom-senso, da lógica, como sempre fez e
preconizava o próprio Codificador.

Até ali eu já havia conhecido médiuns que receberam comunicações de Napoleão
Bonaparte, de Inácio de Loyola, de Sto. Tomás de Aquino, de Getúlio Vargas, de
Juscelino Kubitschek, de Paulo de Tarso e de Maria Santíssima ! Já vi livros até
atribuídos a Jesus de Nazaré… Kardec inclusive coloca no Livro dos Médiuns
duas mensagens apócrifas, quer dizer, falsas, onde o Espírito comunicante não se
acanha em dizer-se Jesus. E Kardec desmascara o farsante!

Até ali eu já havia lido estas mensagens medíocres, ridículas, que prestam um
desserviço à nossa causa porque apenas fomentam o descrédito em pessoas serias.
Agora – meu Deus! – são Espíritos de outras galáxias… É demais… Como dizia
um colega de magistério, não-espírita, há pessoas que misturam ficção com
imaginação. Não pode sair coisa diferente mesmo, não é verdade?

Nada tenho contra quem quer que deseje ser ludibriado por Espíritos
galhofeiros nem contra quem coma gato por lebre! Espíritos desta natureza
zombeteira existem muitos, pululando por aqui e por aí em fora. Certa ocasião,
numa série de sessões de desobsessão, através de uma mesma jovem médium dava
comunicação uma entidade que ora se dizia famoso filósofo, ora se declarava
grande cientista, ora renomado líder religioso até que, numa reunião, o
presidente, médium vidente, embora fosse uma pessoa de pouca instrução material,
desmascarou também aquele farsante, que não gostou de ser desmascarado e
explodiu em expressões de rancor!

Mas fico a pensar seriamente o que é que querem fazer com este salseiro das
Arábias! Mediunidade é coisa seria e com seriedade deve ser exercida. Aliás, em
Espiritismo tudo deve ser feito com seriedade. Eu não escrevi sisudez porque
sisudez nem sempre é sinal de seriedade. Eu escrevi seriedade, palavra que muito
tem que ver com responsabilidade. Ou será que desejam venha a nossa Doutrina a
cair no fosso do gaiato, do cômico, do folclórico?

Pelo amor de Deus, vamos parar com isto que há muita coisa nobre e pura e
ainda para ser tratada, consolando os tristes, orientando os desalentados,
socorrendo os sofredores, educando os moços e as crianças, alimentando os
famintos, dessedentando os sequiosos numa hora em que o mundo inteiro atravessa
grave crise econômica e moral.

Que em outros mundos haja vida, eu não posso duvidar, porque é uma verdade
proclamada pelo Espiritismo e já admitida pelos astrônomos de renome
internacional. Mas eu me reservo o direito de rejeitar estas mensagens que não
resistem a meio patino de uma crítica imparcial. Mensagens que, repito, não
passam pelo crivo do bom-senso, da lógica, da razão, como fazia e recomendava
Kardec!

Todo cuidado sempre será pouco a fim de não cairmos nas armadilhas dos falsos
profetas do Além !

Retirado de “Atualidade Espírita” – Ed. O Clarim