Obsessão e Loucura
Sob o ponto de vista Espírita o desequilíbrio das funções cerebrais se traduz
pelas duas palavras: Obsessão e Loucura.
Obsessão é o domínio que os maus Espíritos exercem sobre certas pessoas no
intuito de submetê-las à sua vontade, pelo simples prazer de fazerem mal, ou
exercerem uma vingança.
Loucura é um estado mórbido dos órgãos que se traduz as mais das vezes por
uma lesão; é, portanto uma moléstia tísica em sua causa, ainda que seja mental
na maior parte dos seus efeitos.
Na obsessão se distingue a sugestão, a fascinação e subjugação – como na
loucura se verificam a monomania, a mania, a demência e a idiotismo.
A sugestão é o que chamamos obsessão simples; – o indivíduo conhece uma força
estranha que sobre ele atua, procura livrar-se e se tem à força moral precisa
para vencer o inimigo, dele se desembaraça com mais ou menos dificuldade.
A fascinação tem conseqüências muito mais graves: o Espírito conduz aquele a
quem domina como quem conduz um cego e pode excitá-lo a proceder de modo
ridículo, comprometedor e até perigoso.
A subjugação é uma pressão que paralisa a vontade daquele que a sofre, e o
faz proceder contra a sua vontade. Acha-se verdadeiramente sob um jugo.
A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso o subjugado é
solicitado a tomar determinações absurdas e comprometedoras, que por uma espécie
de ilusão julga sensatas: é uma espécie de fascinação em alto grau. No segundo
caso o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos
involuntários.
É bastante se ter assistido uma sessão de Hipnotismo para compreender a cena
que invisivelmente se desenrola ante nós e que deixamos desapercebida por não
afetar os nossos sentidos materiais.
Assim também o cego de nascença negará a ação hipnótica exercida de um
indivíduo a outro.
O hábito mata a sensação: o costume de ver loucos e de não buscar as causas
que engendraram a loucura nos faz encarar por um outro prisma os desarranjos
mentais que têm encerrado nos manicômios tantos infelizes.
Voltando ao hipnotismo é preciso lembrar que neste também se observa diversas
fases ou estado: 1 ° Sugestão; 2° Fascinação; 3° Catalepsia; 4° Estado
Sonambúlico; 5° Estado Letárgico; 6° Sonambulismo lúcido; 7° Extático.
A este último sucede o desdobramento da pessoa.
Quem hipnotiza não é o corpo e sim o indivíduo – o ser pensante – o Espírito.
Claro está que sendo o homem imortal ele pode continuar a hipnotizar no estado
invisível em que se acha, exercendo com mais facilidade o seu império, visto a
sua invisibilidade – é o que chamamos obsessão.
Hipnotiza-se um indivíduo violentando-lhe à vontade, aniquilando-lhe a
liberdade; é nisto que o hipnotismo se diferencia do magnetismo. A hipnotização
de um para , outro homem é uma obsessão intervivos
Hipnotizáveis são, mais ou menos, todas as pessoas e com mais forte razão
aquelas que abdicam a liberdade – o livre arbítrio que por Deus lhe foi
concedido obedecem cegamente os preconceitos e as imposições que lhes são
sugeridas. Donde se pode concluir que é difícil hipnotizar um espírita
verdadeiro: um homem que pensa, que raciocina, que discute, que analisa, que
compreende, e sabe discernir o bom do mau – a verdade da falsidade.
O espírita médium não se deixa hipnotizar, e quando ele fica mediunizado é
que se deixou magnetizar e não hipnotizar, palavras mui distintas e de
significação mui diversa.
São raríssimos os casos de obsessão espírita e o testemunho desta verdade
tios dá o grande alienista e neuro-patologista dr. Henrique Marselli – professor
de clínica mental e nervosa na Universidade de Gênova, quando diz em seu livro:
“É meu dever declarar que deploráveis casos de nevrose “espírita” são muito
raros; na minha carreira e entre milhares de doentes, apenas me recordo de
quatro ou cinco. Todos as espíritas que melhor conheço me pareceram todos de um
caráter equilibrado, duma inteligência cultivada e de uma excelente saúde”
Revista Internacional de Espiritismo – Outubro de 1984