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Considerando a Obsessão

Com etiologia muito complexa, a alienação por obsessão continua sendo um dos
mais terríveis flagícios para a Humanidade.

Não significando a morte o fim da vida, antes o inicio de nova expressão de
comportamento, em que o ser eterno retorna ao Mundo Espiritual donde veio, a
desencarnação liberta a consciência que jazia agrilhoada aos liames carnais, ora
desarticulando, ora ampliando as percepções que melhor se fixaram nos painéis da
mente, fazendo que o ser, agora livre do corpo físico, se revincule ou não aos
sítios, pessoas ou aspirações que sustentou durante a vilegiatura carnal.

O amor, por constituir alta aspiração do Espírito, mantêm-no em comunhão com
os objetivos superiores que lhe representam sustento e estímulo, na marcha do
progresso. Assim, também, o ódio e todo o seu séqüito de paixões decorrentes do
egoísmo e do orgulho, reatam os que romperam os grilhões da carne àqueles que
foram motivo das suas aflições e angústias, especialmente se se permitiram
guardar as idéias e reações negativas equivalentes.

Sutilmente a princípio, em delicado processo de hipnose, a idéia obsidente
penetra a mente do futuro hóspede que, desguardado das reservas morais
necessárias à manutenção de superior padrão vibratório, começa a dar guarida ao
pensamento infeliz, incorporando-o às próprias concepções e traumas que vêm do
passado, através de cujo comportamento cede lugar à manifestação ingrata e
dominadora da alienação obsessiva.

Vezes outras, através do processo da agressividade violenta, com que a
indução obsessiva desorganiza os registros mentais da alma encarnada, produz-se
o doloroso e lamentável domínio que se transforma em subjugação de longo curso.

Noutras oportunidades, inspirando sentimentos nefastos, latentes ou não no
paciente desavisado, os desencarnados em desdita nele instalam o seu baixo teor
vibratório, logrando produzir variadas distonias psíquicas e emocionais, que o
atormentam e desgovernam, graças à inditosa dependência em que passa a
exaurir-se, a expensas da vontade escravizante do hóspede que o encarcera e
aflige…

Pululam por toda parte os vinculados gravemente às Entidades perturbadoras do
Mundo Espiritual inferior.

Obsidiados, desse modo, sim, somos quase todos nós, em demorado trânsito
pelas faixas das fixações tormentosas do passado, donde vimos para as sintonias
superiores que buscamos.

Muito maior, portanto, do que se supõe, é o número dos que padecem de
obsessões, na Terra.

Lamentavelmente, esse grande flagelo espiritual que se abate sobre os homens,
e não apenas sobre eles, já que existem problemas obsessivos de várias
expressões, como os de um encarnado sobre outro, de um desencarnado sobre outro,
de um encarnado sobre um desencarnado e, genericamente, deste sobre aquele, não
tem merecido dos cientistas nem dos religiosos o cuidado, o estudo, o tratamento
que exige.

Antes, vinculados a preconceitos injustificáveis, os cientistas e religiosos
se entregavam à indiferença, quando não à perseguição sistemática aos portadores
de obsessões, acreditando que, ao destruírem as vítimas de tão grave
enfermidade, aniquilavam a ignorada causa do problema…

Aliás, ainda hoje, a situação. é idêntica, variando, apenas, na forma de
encarar a questão.

Mesmo as modernas Ciências, que se preocupam em conhecer profundamente a
psique humana, colocam, a priori, os problemas obsessivos à margem, situando-os
em posições muito simplistas, já que os seus pesquisadores se encontram atados a
raciocínios e conclusões de fisiologistas e psicólogos do século passado, que se
diziam livres de qualquer vinculação com a alma…

Repontam, é verdade, aqui e ali, esforços individuais, tentando formular
respostas claras e objetivas às tormentosas interrogações da afligente quão
severa problemática, logrando admitir a possibilidade da interferência da mente
desencarnada sobre o deambulante do escafandro orgânico.

Terapêutica salutar, porém, para a magna questão, é a Doutrina Espírita. Não
apenas como profilaxia, mas, ainda, como terapêutica eficiente, por assentar as
suas lições e postulados nos sublimes ensinamentos de Jesus-Cristo, com toda a
justiça cognominado “O Senhor dos Espíritos”, graças à sua ascendência, várias
vezes demonstrada, ante as Entidades ignorantes, perturbadoras e obsessoras.

A Allan Kardec, o ínclito Codificador do Espiritismo, coube a tarefa de
aprofundar sondas e bisturis no organismo e na etiologia das alienações por
obsessão, projetando luz, meridiana sobre a intricada enfermidade da alma.
Kardec não somente estudou a problemática obsessiva, como também ofereceu
medidas profiláticas e terapêutica salutar, firmado na informação dos Espíritos
Superiores, na vivência com os obsidiados, como pela observação profunda e
meticulosa com que elaborou verdadeiros tratados de Higiene Mental, que são as
obras do Pentateuco Espírita, esse incomparável monólito de luz, que inaugurou
era nova para a Ciência, para a Filosofia, tornando-se o Espiritismo a Religião
do homem integral, da criatura ansiosa por religação com o seu Criador.

Diante de qualquer expressão em que se apresentem as alienações por obsessão
ou em que se manifestem suas sequelas, mergulhemos a mente e o coração no
organismo da Doutrina Espírita, e, procurando auxiliar o paciente encarnado a
desfazer-se do jugo constrangedor, não olvidemos o paciente desencarnado,
igualmente infeliz, momentaneamente transformado em perseguidor ignorante,
embora se dizendo consciente, mas sofrendo, de alguma forma, pungentes dores
morais.

Concitemos o encarnado à reformulação de idéias e hábitos, à oração e ao
serviço, porquanto, através do exercício da caridade, conseguirá, sensibilizar o
temporário algoz, que o libertará, ou granjeará títulos de enobrecimento,
armando-se de amor e equilíbrio para prosseguir em paz, jornada a fora.

… E em qualquer circunstância procuremos em Jesus, Mestre e Guia de todos
nós, o amparo e a proteção, entregando-nos a Ele através da prece e da ação
edificante, porque somente por meio do amor o homem será salvo, já que o amor é
a alma da caridade.

Obsessões e obsidiados são as grandes chagas morais dos tumultuados dias da
atualidade. Todavia, a Doutrina Espírita, trazendo de volta a mensagem do
Senhor, em espírito e verdade, é o portal de luz por onde todos transitaremos no
rumo da felicidade real que nos aguarda, quando desejemos alcançá-la.

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão pública da
noite do dia 13-11-1976, no Centro, Espírita “Caminho da Redenção”, em Salvador,
Bahia).

Reformador – maio de 1977