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Conversando sobre a Felicidade

Conversando sobre a Felicidade

Este é um ensaio inacabado desenvolvido como contribuição aos jovens e
adultos, para promover uma reflexão sobre a Felicidade de modo que se possa
compreender que caminhos são chaves para conquista da felicidade relativa.

2. Análise

A felicidade é um sentimento que expressa de alguma forma a satisfação do
indivíduo ter uma necessidade atendida, um desejo realizado, uma esperança
definida etc.

A compreensão da felicidade se faz no âmbito individual, isto é, no universo
pessoal, pois o que é motivo de felicidade para um, pode ser de infelicidade
para outro.

As causas da felicidade da equipe vencedora são, com grande probabilidade,
causas de infelicidade da equipe perdedora. Numa linguagem mais chula pode-se
dizer que a tristeza caracterizada pelo choro devido a morte do parente é
compensada pelo largo sorriso do coveiro.

A percepção de valor da felicidade é um atributo puramente individual. Para
ações idênticas, que expressam sentimento de felicidade, a percepção e as formas
de manifestação exterior da felicidade variarão de indivíduo para indivíduo e
são estados de um determinado momento. Pode-se dizer que a felicidade é um
sentimento de valor pontual, ou seja, em cada instante tem um significado
diferente. Pode até se manifestar como uma fase que precede a um determinado
estado de tristeza. Por exemplo, os que se drogam em busca de um motivo de
satisfação e conseqüente felicidade terminam dependentes e tristes. Neste caso,
a ingestão da droga tem a finalidade de dar um aparente estado de felicidade, e
o que se sabe é que este estado é uma fase temporária da depressão, da tristeza.
Isto está muito bem caracterizado por que todo o viciado, seja ele tabagista,
alcoolista ou usuário de drogas pesadas, quando está em estado normal, manifesta
grande desejo de se livrar da dependência. É interessante notar que todo o
usuário de álcool, tabaco e drogas sempre inicia o vício pensando que algo lhe
dará um momento de satisfação, de alegria, portanto felicidade e todos sabem o
triste fim daqueles que não conseguem superar a dependência, mesmo no caso do
tabagismo, onde a conseqüência grave é o enfisema pulmonar, que dificulta
seriamente a respiração etc. Neste campo de análise pode se dizer que a
felicidade acontecerá de forma extremamente relativa de intensidade variável,
podendo estar intercalada constantemente com estados elevados de pura
infelicidade.

Um copo de água, ou cerveja bem geladas em pleno meio dia do Saara será para
o viajante uma causa de elevada felicidade. Esses mesmos atributos para o
explorador no alto do Himalaia, ou em plena Antártida, não terá basicamente
valor; lá uma xícara de chá ou chocolate quentes serão causa de felicidade.

Por essa extrema variação de valor não se pode dar uma receita absoluta e
acabada para a felicidade, que seja universal e que sirva na medida exata para
cada indivíduo, como se faz a posologia adequada de um xarope para a tosse.

A capacidade de percepção da felicidade também é atributo relativo a
experiência de vida de cada um.

Na infância a percepção da felicidade está estreitamente relacionada com o
grau de atendimento de necessidade elementares da sobrevivência, quer de
natureza física, quer de natureza emocional. O prazer da amamentação na hora
certa, da chupeta, do “paninho de cheiro”, do colo carinhoso da mamãe etc.

Na adolescência a percepção da felicidade está muito ligada aos prazeres de
contrariar regras, de vencer desafios, de discordar de adultos, em especial,
quando estes são progenitores, de demonstrar atributos de valor pessoal, como a
beleza, a inteligência, a riqueza, a força. Calçar o tênis de marca e vestir a
roupa da moda pode ser real motivo de felicidade relativa. É óbvio que as
exigências para se atingir estado de felicidade com atributos como esses estão
fortemente correlacionados com os costumes, a educação e a cultura, o nível
sócio-econômico etc.

Quando o indivíduo está iniciando o seu estado de adulto novos atributos são
adicionados ao complexo já existente para lhe dar estado de felicidade. Nesta
fase o simples prazer da conquista do sexo oposto é uma forte causa para a
felicidade. A felicidade da conquista pode estar em mais de uma causa. Pode ser
a felicidade de se estar junto do ser amado. Mas também pode ser a felicidade de
se ter vencido um desafio, que evidenciou atributos pessoais de beleza,
persuasão, de inteligência, de charme, de riqueza, de poder e outros. O
vestibular vencido, a namorada conquistada, o carro recebido de presente, a
viagem ao exterior, são causas reais de felicidade nesta fase da vida, ou para
quem está saindo da adolescência.

Na fase de 25 a 30 anos, a realização profissional, o casamento, o primeiro
imóvel, o primeiro automóvel comprado, elementos que promovem elevação social,
ou status, são agentes causas de felicidade. Também a independência financeira,
a saúde em ordem, o reconhecimento social são elementos que contribuem para a
felicidade.

À medida que o tempo passa, novos atores entram em cena na arena da vida e
alteram o perfil das causas da felicidade. O ser humano pela sua natureza não se
acomoda no tempo, está sempre em busca de novas realizações, de novos valores.
Essa busca permanente é fator importante no estabelecimento do que pode ser
estado de felicidade.

A necessidade de pertencer a um grupo, ou coletividade cria desafios
permanentes para as pessoas. Quando alguém deixa de ser ou não é reconhecido no
grupo, ou na coletividade a conseqüência desse fato será, com certeza, a
infelicidade. A indiferença é, portanto, elemento vital no assunto da
felicidade. Inúmeras manifestações de infelicidade tem causa na solidão, que
caracteriza a figura de se sentir completamente só, abandonado, mal amado e
assim por diante.

A solidão é um sentimento de difícil compreensão, pois muitos vivendo entre
familiares, em pequenos espaços, às vezes sentem profunda solidão e entram em
estado de depressão e, por conseqüência, são infelizes. Este fato tem como causa
principal o desamor, portanto, a ausência do amor é causa da infelicidade.
Ausência do amor que pode ser entendida como a falta de reciprocidade da pessoa
amada, o rompimento de uma relação duradoura, a dificuldade do relacionamento
para se fazer amizades ou para se estabelecer compromissos mais íntimos são
causas importantes na análise dos motivos da infelicidade.

O ser humano é um complexo biológico, social, cultural, psicológico e
espiritual. Os seus valores estão fundamentados nesses elementos do complexo.
Poderia se dizer que o equilíbrio no atendimento de demandas do ser
compreendidas nesses elementos, seria causa provável para a felicidade.
Depreende-se desse fato que para se conquistar a felicidade com razoável
constância e harmonia ‘e preciso se procurar manter todas as necessidades desse
complexo atendidas com equilíbrio. Isto implica afirmar que não adianta atender,
por exemplo, demasiadamente o lado material da vida, dando-se ênfase no
biológico e deixar ao abandono as questões do psíquico, do espiritual, do
cultural e do social.

Quando o entendimento da vida leva o indivíduo a acreditar na transcendência,
ou seja, na metafísica, na vida além da morte, na imortalidade da alma, e todas
as manifestações decorrentes, amplia-se para ele o horizonte de eventos e por
conseqüência a Esperança e a Fé tomam assento no concerto de suas inquietações.

Verifica-se que pessoas com razoável conjunto de motivos para serem
infelizes, como o de ser portadores de doenças incuráveis, mantêm-se altamente
motivadas para a vida, com humor e serenidade enfrentam o transpasse sem muito
sofrer. Entre essas pessoas estão aquelas que acreditam com convicção na
sobrevivência do espírito, e isto já é elemento de fé e de esperança suficiente
para lhes dar novo horizonte, novo futuro.

É possível afirmar que o indivíduo que deposita esperanças no futuro suporta
sem grandes dificuldades as eventuais contrariedades do presente. O presente
pode não agradá-lo, mas pode também não ser motivo de visível infelicidade pela
expectativa de algo melhor em outro mundo no futuro.

Dessa análise pode se dizer que um elemento favorável para a conquista da
felicidade relativa é a crença que a morte do corpo não extingue o ser, apenas
elimina seu vestuário carnal. Que a vida física é um processo transitório no
caminho evolutivo do ser, tal qual as turbulentas águas de um rio caudaloso que
reclamam travessia obrigatória a todo o vivente. Se na infância a felicidade
poderia ser sentida no simples calor humano do colo materno, na maturidade a
felicidade relativa pode ser sentida nas mínimas manifestações da natureza, na
compreensão que se tenha do futuro, na oportunidade de ser útil ao próximo, no
fato de ser reconhecido como membro de uma coletividade, na esperança de que as
dificuldades são transitórias numa jornada imortal.

A oportunidade de ser útil e de se ter o trabalho reconhecido no lar, no
trabalho, na sociedade, na política, em qualquer atividade humana, como as de
natureza profissional, educacional, religiosa, política e comunitária é causa
vital para a conquista da felicidade. Quem permanece na ociosidade é um grande
infeliz, pois nada realiza e nada terá para ser reconhecido.

Se a felicidade está na realização pessoal, ligada exclusivamente a
conquistas de natureza material, qualquer obstáculo que se apresente contrapondo
as conquistas será causa de muita infelicidade. Se a meta do indivíduo é
conquistar Marte, mas seus recursos lhe permitem apenas conquistar a Lua, ele,
por certo, será um insatisfeito e por conseqüência um infeliz.

Se a felicidade está na realização pessoal ligada a conquista de poder, no
trabalho, na política, na comunidade etc., todo o esforço será envidado para
atingir esse objetivo, independentemente dos meios — venderá a própria mãe,
como diz o ditado popular. Nada conseguindo será um infeliz.

Quando o enfoque do ser está fundamentado no egoísmo, uma vez atingido os
seus objetivos, estará completamente só, pois não avaliou os efeitos das
atitudes meio, que por certo, muito prejuízo causaram a muitas pessoas. A
felicidade da conquista será efêmera, será seguida em breve pela dor da solidão.
Razão pela qual se vê muita gente com abundância material e de poder, porém,
completamente infeliz. Algumas chegam a cometer suicídio.

3. Chave para a felicidade

Qual será a receita da felicidade relativa?

A receita da felicidade relativa está no equilíbrio que se faça para a
concepção de desejos e necessidades próprias com o objetivo de atendimento do
complexo biológico, social, cultural, psíquico e espiritual, que somos nós, no
respeito ao próximo, na doação em benefício do próximo, nas atitudes de
compreensão e de amor em todos os atos da vida etc.

A crença no futuro, a certeza de que além dos elementos da matéria há forças
espirituais e divinas que regulam a vida e suas relações no universo, também
pode ser chave para melhor se compreender as facilidades e dificuldades da vida,
facilitando a manutenção de estados de equilíbrio e de felicidade relativa.

É possível se alcançar estado de felicidade absoluta?

O estágio atual de evolução espiritual média do ser humano não lhe garante
ausência total de sentimentos de ódio, inveja, rancor, egoísmo e de atitudes
compatíveis com esses sentimentos.

O ser humano não está ainda apto, em sua maioria, para cumprir o que diz o
mandamento maior da lei: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a
si mesmo”, por essas razões a conquista da Felicidade Absoluta ainda é uma
utopia.

A percepção de valor da felicidade é um atributo puramente individual

(Jornal Mundo Espírita de Janeiro de 1998)

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