Aceitamos o Espiritismo: a concepção da vida se diferencia e se amplia!
Percebemos um sentido inteligente e nobre no viver. Passamos a entender
melhor a imortalidade da alma: somos seres imortais, num processo longo e
contínuo de evolução e jamais deixaremos de viver, “de exercitar a vida”
(expressão de Jaci Régis), de ser, de existir.
Agora, entendemos melhor a existência de Deus, inteligência suprema, criador
de tudo, amor e sabedoria infinitos. Não mais um Senhor esperando louvores,
favorecendo uns, castigando outros… Criador de leis sábias e justas, através das
quais seus filhos alcançam a perfeição e, conseqüentemente, a felicidade.
A morte deixou de ser aquela figura horrenda que vem ceifar a vida. Trata-se
apenas do encerramento de uma tarefa na caminhada evolutiva, mas não o fim da
vida.
Em qualquer plano que estivermos, encarnados ou desencarnados, estamos sempre
vivos, individualidades inteligentes, conscientes, desenvolvendo nossas
potencialidades através do estudo e do trabalho.
Após a morte, convivemos com Espíritos iguais a nós, reencontramos entes
queridos e estabelecemos novos laços de amizade e de amor.
Doutrina abençoada que nos eleva em nossa valorização de filhos de um Pai
perfeito!
E as reencarnações? Permitindo-nos a corrigenda de nossos erros e enganos, o
fortalecimento de laços afetivos e a transformação dos desafetos em amigos.
Através das reencarnações, as oportunidades de perdoarmos e sermos perdoados;
as oportunidades de recomeço, num renovar de situações mal ou não resolvidas,
para serem novamente vividas e trabalhadas na procura de soluções melhores e
definitivas; as oportunidades de aprendizado constante, em todos os campos do
saber, ampliando conhecimentos a cada reencarnação.
No viver inúmeras existências, vamos aprendendo que o amor é totalmente
divisível: quanto mais amamos mais se desenvolve em nós esse sentimento sublime
e a mais seres somos capazes de amar.
E a lei de ação e reação? O seu conhecimento nos esclarece quanto aos
sofrimentos, dificuldades do viver na Terra, demonstrando que ninguém sofre
inocente, porque colhemos hoje o que semeamos ontem e mostrando-nos também a
importância do momento presente para a nossa paz e felicidade.
Enfim o Espiritismo nos esclarece sobre a vida, sobre nós, seres espirituais
universais, provisoriamente, habitantes da Terra.
Como é bom ser espírita!
Mas, o que fazemos com todos esses conhecimentos? Ficam apenas no campo
mental, em nível de raciocínios intelectuais, sem provocar alterações em nossa
maneira de agir?
O Espiritismo é uma doutrina comportamental, uma vez que deve impulsionar
seus adeptos a uma mudança de atitude em relação à vida, aos seres e aos
acontecimentos.
Para que transformemos nossos comportamentos, mudanças têm de acontecer
primeiro internamente, no sentir, no pensar, para, conseqüentemente,
expressar-se no agir e reagir. É uma transformação educacional, de dentro para
fora, portanto lenta, mas constante, produto de estudos, reflexões sobre a
prática dos ensinos espíritas em todos os atos da vida cotidiana.
Se isso não acontecer, se o espírita não perceber-se em mudanças, o
Espiritismo, para ele, está sendo apenas um rótulo, não um instrumento de
evolução.
Somos Espíritos que já passaram por muitas experiências, através de “n”
reencarnações; já cometemos muitos erros e enganos. Agora, se já estamos
amadurecidos para conhecer com mais racionalidade as leis naturais, é certo
também que estamos mais prontos para sentir, pensar e agir de acordo com elas.
Ser espírita significa esforçar-se, perseverantemente, em mudanças
comportamentais que venham de renovações internas no sentir e pensar.
Assim, quando uma dificuldade chega, sob qualquer forma que se apresente,
deve o espírita olhar-se para dentro de si e observar como está sentindo a nova
situação. Se perceber-se confiante no amor, na justiça e na sabedoria de Deus,
confiante nos seus conhecimentos das leis divinas, vai agir com equilíbrio,
pedindo ajuda aos Espíritos protetores, aos amigos encarnados, procurando
enfrentar a dificuldade, consciente de que está vivendo uma experiência
necessária ao seu crescimento espiritual e que a maneira como reage à situação é
que vai ajudá-lo a encontrar a melhor solução.
Se, ao contrário, perceber-se revoltado, injustiçado, vai saber que os
ensinos espíritas não penetraram no seu “eu” interior.
E aí, o que fazer? Estudar mais, participar mais das atividades do Centro
Espírita, buscando o estímulo ao esforço de renovar-se, conversar com os
companheiros de ideal, refletir mais e mais nos ensinos e exemplos de Jesus,
trazendo-os para os dias de hoje, e acima de tudo confiar no amor e na sabedoria
de Deus.
Fomos feitos para um incessante recomeço, podendo mudarmo-nos sempre, em
qualquer tempo, em qualquer lugar. E é isto que a doutrina espírita nos pede.
(Jornal Verdade e Luz Nº 174 de Julho de 2000)