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Deus – A Inteligência Suprema

Deus – A Inteligência Suprema

A Doutrina Espírita rejeita a fé cega. Defende, com argumentos, a fé raciocinada,
conduzindo as pessoas a não acreditarem, simplesmente por acreditar, mas a saber
porque acreditam em algo. E a principal delas é defender a prova da existência de
Deus. Tanto é o cuidado de não personificá-lo que a primeira pergunta de O Livro
dos Espíritos a expressão “Quem é Deus” foi substituída por “Que é Deus?”

A resposta: “Inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”. Argumenta
que a prova da existência de Deus está no axioma: “Não há efeito sem causa”. E o
livro Obras Póstumas, em seu primeiro capítulo, exalta Deus numa profissão de fé
espírita raciocinada, com muita propriedade. Justifica: “Vemos incessantemente uma
multidão inumerável de efeitos, cuja causa não está impossibilitada de reproduzi-los,
e mesmo de explicá-los: a causa está, pois, acima da Humanidade. É a essa causa
que se chama Iahveh, Deus, Alá, Brama, Fo-hi, Grande Espírito etc, segundo as línguas,
os tempos e os lugares”

E esclarece: “Esses efeitos, de nenhum modo, não se produzem ao acaso, fortuitamente
e sem ordem; desde a organização do menor inseto, e do maior grão, até à lei que
rege os mundos circulando no espaço, tudo atesta um pensamento, uma combinação,
uma previdência, uma solicitude que ultrapassam todas as concepções humanas. Essa
causa é, pois, soberamente inteligente”.

Para aprofundar o tema Obras Póstumas, livro publicado após o desencarne (morte)
do codificador do Espiritismo, Allan Kardec, com textos escritos por ele, durante
aquela encarnação, sintetiza a definição de Deus como sendo um ser “eterno, imutável,
imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom”. Para não deixar os leitores
perdidos, num resumo vago, tem ainda a preocupação de “mastigar” cada
item.

Vejam só: “Deus é eterno porque se tivesse tido um começo, alguma coisa teria
existido antes dele; teria saído do nada, ou bem teria sido criado, ele mesmo, por
um ser anterior. Assim é que, de passo a passo, remontamos ao infinito na eternidade”.

Já a imutabilidade é entendida assim, porque se tivesse sujeito a mudanças, as
leis que regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade. Imaterial quer dizer
que a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, de outro modo estaria
sujeito às flutuações e às transformações da matéria, e não seria imutável. “É único,
porque se houvesse vários deuses, teria várias vontades e desde então não teria
uma unidade de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo”.

A onipotência é argumentada pelo fato de ser único. “Se não tivesse o soberano
poder, haveria alguma coisa mais poderosa do que ele; não teria feito todas as coisas
e as que não tivesse feito, seriam a obra de um outro Deus. É soberanamente justo
e bom, porque a sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores coisas,
como nas maiores, e essa sabedoria não permite duvidar nem da sua justiça, nem da
sua bondade”

Enfim, conclui que Deus é infinito em todas as suas perfeições. E ainda arremata
Supondo-se imperfeito um só dos atributos Dele, se se diminui a menor parcela
da eternidade, da imutabilidade, da imaterialidade, da unidade, da onipotência,
da justiça e da bondade de Deus, pode-se supor um outro ser possuindo o que lhe
faltaria, e esse ser, mais perfeito do que ele, seria Deus.

O Norte – 05/10/03