“O universo não é
frio e impessoal. A lei não é apenas justiça, mas amor. E o amor se manifesta de
ser para ser. (…) Jesus não passa no mundo como um mestre distante dos alunos,
mas conhecendo-os a todos, mesmo os fariseus empedernidos, usa com cada um a
linguagem doce ou enérgica – mas sempre amorosa – de quem educa. (…) Esse amor é
o ponto de apoio de nossa evolução. Assim, dentro dos limites das imperfeições
humanas, cada educador deve fazer de seu próprio afeto uma âncora de evolução
para aquele a quem deseja educar.”(Incontri, Dora; A
Educação Segundo o Espiritismo, SP, FEESP, 1997. Grifo meu)
Chegamos ao ano
2000. Como fica hoje nossas reflexões sobre educação?
Dos tempos em que
uma criança sequer olhava para os adultos ao ser indagado sobre algo, até os
tempos em que não olha por falta de respeito mesmo, o que aconteceu? O que nos
espera agora, em pleno ano 2000?
A forma de se
educar a criança variou muito neste último século… De uma educação tradicional,
na qual a criança apenas ouvia e repetia, para uma idéia de espontaneidade e
liberdade total, a humanidade caminhou em saltos…
Como nos mostra a
história da humanidade, vamos sempre de um extremo a outro, para enfim fazermos
uma reflexão e buscarmos o meio-termo, o bom senso.
Em termos
científicos, o número de estudos sobre a educação cresceu bastante. Muitos
estudiosos trouxeram grandes contribuições para esta área. E foi acontecendo uma
extrema valorização do aspecto cognitivo, intelectual da criança. Foi esquecida,
muitas vezes, a maneira de se ver uma criança como uma pessoa integral, com
sentimentos, emoções, motivações e carências… Quando um pequeno “gênio” surgia,
mais que depressa eram estimulados ao máximo sua potencialidades intelectuais,
privando essas crianças de uma vida normal.
Professores
referem-se à sua turma como uma “massa” de 40 alunos. Parecem esquecer-se que
cada um desses 40 é uma pessoa inteira, que sente e que precisaria ser olhado e
respeitado com alguém diferente dos outros, alguém especial.
O curioso é que
Jesus, quando esteve entre nós, apresentava uma forma de olhar e dirigir-se às
pessoas, que fazia com que cada um deles se sentisse único no mundo, se sentisse
importante e digno de atenção, se sentisse amado.
Hoje sabemos da
importância da interação e da troca social para o desenvolvimento infantil. Mas
como interagir, propiciar esta troca, se não pudermos olhar para a criança com o
respeito que ela merece?
Na teoria, tudo
parece simples. Fala-se de interação como se esta fosse uma palavra mágica. Mas
tem-se conseguido chegar perto da criança para percebê-la integralmente? Às
vezes não conseguimos isso nem com nossos próprios filhos! Quando Dora Incontri
¹ nos lembra que “o amor se manifesta de ser para ser….”, isso soa como
um alerta. Não se pode amar no vazio…
As reflexões hoje,
no campo da educação, caminham para a busca do equilíbrio. Buscam-se valorizar
ao máximo os sentimentos da criança, mas também reconhece-se a importância da
imposição de limites; valoriza-se o respeito à criança, mas também a autoridade
necessária à sua fase de desenvolvimento; a importância do afeto e da interação
com a criança, bem como a cobrança daquilo que é da responsabilidade dela. Só
assim estaremos possibilitando seu desenvolvimento real e crescimento perante o
mundo e os homens.
Enfim, estamos
buscando o modelo dado por Jesus, de uma “linguagem doce ou enérgica – mas
sempre amorosa – de quem educa”. Temos que ter a esperança de que podemos,
nós também, fazer alguma coisa enquanto educadores, pois já sabemos que “cada
educador deve fazer de seu próprio afeto uma âncora de evolução para aquele a
quem deseja educar.”
Estamos entrando
no ano 2000 sabendo que grandes mudanças precisam acontecer, e olhar para os
modelos deixados por Jesus, é um bom começo…
Bibliografia:
- ¹ Incontri, Dora; A Educação Segundo o Espiritismo, SP, FEESP, 1997
(Jornal Verdade e Luz Nº 168 de Janeiro de 2000)