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Espírita ou dos Espíritas?

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Kardec conceituou o Espiritismo como ciência filosófica de consequências morais, e deixou bem claro, ser ele uma construção conceitual sobre as leis universais/divinas e sua aplicação humana, trazidas sob a coordenação de um grupo de Espíritos categorizados, que assumiram essa tarefa.

Novo e renovador marco na história da humanidade, teve seu início público, com o lançamento de O Livro dos Espíritos em abril de 1857 e foi se desenvolvendo até a desencarnação de Kardec, em março 1869, quando não terminou no sentido prático, mas ficaram estabelecidas suas raízes, em forma de Princípios que o norteiam e caracterizam.

No transcorrer desse processo de intensa pesquisa, estudos e reflexões, as leis universais foram sendo examinadas e exemplificadas, não como religião, mas como filosofia de vida e ciência de aplicação prática diária, para que as consequências morais ocorressem, pelo melhor entendimento de como elas funcionam em cada um de nós.

Após a desencarnação do codificador, o Espiritismo ficou nas mãos dos espíritas que fizeram, fazemos e farão dele, conforme a possibilidade de entendê-lo e de o praticar, vivendo o que é compreendido.
Assim, no século XXI, quando estamos encarnados, pode-se ver a grande diversidade de modos de entender e vivenciar o que Kardec deixou escrito, nos livros e Revista Espírita.

Em seus últimos escritos, ele refere-se ao estudo dos Princípios básicos do Espiritismo, e ele diz que estes devem sustentar o entendimento dos espíritas, embora as práticas nos grupos possam diferir. Ver Obras Póstumas – Projeto 1868 – Ensino espírita.

Se queremos respeitar e atender essa sugestão, todo ensino espírita, todo estudo teórico e as práticas decorrentes, do ponto de vista pessoal ou coletivo, devem ter por base, pelo menos um desses Princípios.

Temos entendido, por tantos anos de nos dedicarmos a eles, em tudo que estudamos, falamos, escrevemos e vivemos, que esses Princípios são: Imortalidade e Reencarnação dos Espíritos, Elementos: Espírito e Matéria, Progressão dos Espíritos, Livre Arbítrio e Consequências Naturais, Fluidos e Perispírito, Mediunidade, Espíritos em Erraticidade, Influência dos Espíritos sobre os Encarnados, Ação dos Espíritos sobre os Fenômenos da Natureza, Pluralidade dos Mundos Habitados e O Criador, Deus.

Esse conjunto de ideias básicas, conceituadas de forma diferenciada, obviamente são a filosofia espírita e portanto, o campo de sua ciência, bem como sua abordagem educacional, sua pedagogia, sua sociologia, sua ética, e o critério para podermos classificar as práticas das Casas Espíritas, como sendo espíritas ou dos espíritas.

A questão trabalhada nesse artigo não é o julgamento e sim o discernimento.

Nosso objetivo é examinar com clareza, para saber o que estamos fazendo e se for o caso, aprimorar, dando condições do Espiritismo nos ajudar a viver com bom senso, que é o senso do que é bom em cada momento examinado.

Entendemos, portanto, que é espírita o que atende às sugestões de Kardec, como as reuniões de estudos; as mediúnicas de diálogo com Espíritos que nos instruem sobre seu modo de pensar e de entender o funcionamento da vida, desenvolvendo os Princípios do Espiritismo; as reuniões de evocação de Espíritos variados, com quem queremos conversar, objetivando conhece-los e entender suas características e real situação. Sempre e sempre, visando exclusivamente o aspecto moral ou seja, entender (filosofia) para praticar(ciência) e obter as consequências morais.

Afora essas sugestões de Kardec, as demais práticas são dos espíritas; mas apenas quando se baseiem nos Princípios e na eficiência comprovada da técnica ou modelo
escolhidos.

Assim, por exemplo, reuniões de passe são uma prática dos espíritas e não propriamente espírita.

Nem Kardec e nem os Espíritos da Codificação indicaram o uso de passes, embora o prof. Hypolite os conhecesse do ponto de vista magnético, e tivesse utilizado deles durante o tempo em que foi magnetizador.

E é uma prática dos espíritas, porque tem por base que todos os seres tem perispírito o que significa serem dotados de energias sutis, fluidos, que podem ser emitidos e recebidos.

O passe é a transmissão intencional de fluidos curadores ou regeneradores. Essa prática, então, está inserida nos Princípios Espírito/Matéria e Fluidos/Perispírito. Além do que, sua eficiência tem sido confirmada pelos milhares de casos de cura, independente da técnica utilizada.Confirmação, inclusive, feita por não espíritas!

Sua Casa Espírita tem uma reunião de passes? Ótimo! Essa é uma boa prática dos espíritas, e para que seja completa e mostre sua razão de ser, precisa que os casos atendidos sejam acompanhados com registros de dados e resultados.

Da mesma forma, ou seja, usando o critério de que tenha por base um ou mais dos Princípios do Espiritismo e seja provada sua eficiência, devem ser analisadas todas as demais reuniões e ensinos escolhidos para compor as atividades de um Centro Espírita.

Examinemos, por exemplo, se é espírita, se é dos espíritas ou nem uma coisa e nem outra: atendimento fraterno; água fluidificada; passes magnéticos; ensinos sobre umbral, sobre planejamento reencarnatório feito por terceiros; assistência social; evangelho no lar; reuniões mediúnicas só para atender Espíritos ditos sofredores; cirurgias mediúnicas; ensino de artes, costura, línguas; reuniões de cura; ensinos que divulgam a caridade como esmola e socorro aos menos favorecidos, sendo que essa palavra em francês significa altruísmo; ectoplasmia; ensino de que o Espiritismo é filosofia, ciência e religião; festas, bazares… para arrecadação de fundos; campanhas contra algo; reuniões separadas das dos adultos, para crianças e jovens….

Entender o que se faz, por que e como é feito, nos ajuda a firmarmos nossa postura filosófica e científica e pelo menos diminui o misticismo, a mistura conceitual com a religião dogmática, o rigorismo exacerbado e preconceituoso, a aceitação passiva de tudo e de todos que ostentem o rótulo de espíritas, o religiosismo e as decisões autoritárias, com base na opinião pessoal e no medo da liberdade.

Espíritas são as obras de Kardec, ou o conteúdo filosófico-científico de consequências morais, que possuem.
O demais, ou é uma prática dos espíritas ou…

Ps.: Os conceitos aqui emitidos não expressam necessariamente a filosofia FEAL, sendo de exclusiva responsabilidade de seus autores.

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