O Livro da Natureza e o Espírito Imortal
Tudo se encaixa quando acrescentamos a ideia de um Princípio Espiritual imortal
que se encontra em constante progressão habitando temporariamente essas múltiplas
formas de existência. A Natureza deixa de ser mera espectadora ansiosa aguardando
ver se a próxima espécie formada ao acaso vingará ou não. Ao contrário, os ministros
de Jesus organizam os corpos na Terra para a transmigração desse Princípio Espiritual,
carinhosamente recebido pelo ambiente terrestre. Num primeiro momento, desenvolve
os instintos, que, na realidade, constituem-se como manifestação direta da Providência
e Previdência de Deus através da matéria corporal (1, 5), socorrendo
o ser ainda com a inteligência rudimentar, bruta, falha, insegura que apenas lhe
possibilita sobrevivência frente aos desafios do ambiente. Assegurada a sobrevida
pela ação instintiva, vivencia agora numerosas situações incansavelmente, repetitivas
para que se dê a assimilação das experiências que carregará para sempre em seu arcabouço
mental. Posteriormente, são ensaiados desenvolvimentos de raciocínios mesmo abstratos,
adquirindo valiosos condicionamentos cognitivos, como se observa nos animais domesticados
(1, q. 593). Depois de ter aproveitado o máximo que a condição orgânica
daquele momento pôde oferecer, esgotando todas as possibilidades ofertadas, o Princípio
Inteligente passa para outra espécie apropriada, sempre conduzido pelos mensageiros
do Cristo. Essa nova habitação não precisa ser, necessariamente, a formação materialmente
seguinte, originada da antiga. É provável que a nova etapa se cumpra num outro ramo
evolutivo ou até em outro globo, se isso se fizer mister.
Assim compreende-se que a escala real ocorre nas Esferas Espirituais, pois o
retrocesso é inadmissível, e “a Natureza é sempre o livro divino, onde as mãos de
Deus escrevem a história de sua sabedoria, livro da vida que constitui a escola
de progresso espiritual do homem, evolvendo constantemente com o esforço e a dedicação
de seus discípulos” (4)
Distantes desse início, representamos o aproveitamento feito, o trabalho desenvolvido.
Como agora, no campo da razão, administramos esse acervo? Que ideal buscamos
como Espíritos imortais? Como usamos os acontecimentos, o momento, para transformar
essa existência em ponto de luz, no processo da Vida?
Bibliografia:
- (1) KARDEC, Allan (1857), O Livro dos Espíritos – 54.ª Edição,
LAKE, Questões 44, 536-540, 585-593, 605. - (2) LUIZ, André (1971), Evolução em Dois Mundos, 3.ª Edição, FEB,
Cap. 3 (1.ª Parte), pág. 35 - (3) MATSUDAIRA, Berk, Zipursky, Baltimore, Darnell, and Lodish
(2000), Molecular Cell Biology, Fourth Edition. Media Connected, chapter 1:6 - (4) EMMANUEL (1940), O Consolador, 14.ª Edição, FEB, cap. 1 (1.ª
Parte): q. 3,27. - (5) KARDEC, Allan (1868), A Gênese, 17.ª Edição, LAKE, cap. 3,
it. 15
(Jornal Verdade e Luz Nº 191 de Dezembro de 2001)