Tamanho
do Texto

Espírito: O papel da ciência

O jornalista e escritor Johan Horgan, autor do livro “O fim da ciência – uma
discussão sobre os limites do conhecimento científico”, desenvolve uma tese
polêmica: que a Ciência tem fim. Segundo o autor, o ser humano já descobriu os
principais mistérios da natureza, como a origem do Universo no Big Bang, as
propriedades da matéria e da energia determinadas pela mecânica quântica, os
fundamentos do espaço e do tempo explicados pela relatividade e o
desenvolvimento da vida, elucidado pelo código genético e pela teoria da
evolução de Darwin. Toda a tecnologia que nos cerca, decorre daí. São, portanto,
ciência aplicada, não aquela pura, cada vez mais árida pela ausência de
mistérios profundos. (Revista “Isto É” – 20/05/98, pág. 78)

Embora possa ser considerada prematura esta afirmativa do autor, já que
algumas conclusões ainda não são definitivas, podendo ser modificadas com novas
revelações, sem dúvida um dia a humanidade terá descoberto tudo o que se refere
ao conhecimento da ciência física o que, certamente, não está longe de
acontecer. A única ressalva que Horgan faz é com relação à mente, que ainda é um
enigma para a Ciência, já que o ser humano ainda não utiliza nem 10% da sua
capacidade mental. Para compreender o funcionamento da mente e desenvolver todo
o seu potencial é preciso o conhecimento da transcendência do ser humano. É
necessário compreendê-lo em suas duas dimensões: física e espiritual.

O corpo físico nada mais é que uma ferramenta que o Espírito utiliza para sua
atuação no mundo material, objetivando seu aperfeiçoamento, só conquistado nas
experiências da matéria, sendo a mente o canal de expressão da sua vontade e
pensamentos.

O esgotamento da ciência física, no cumprimento de seu papel revelador, é
conseqüência do encadeamento de fatos a que a humanidade está sujeita, desde a
criação do Universo até seu fim, não no sentido de termo, mas da sua finalidade
e objetivo: a perfeição do ser humano.

Assim sendo, após ter atingido todos os conhecimentos ligados à matéria e ao
mundo físico em que vive o ser humano, a Ciência passará a se dedicar a
pesquisar  tudo o que se refere ao Espírito e ao mundo extracorpóreo.

A Ciência já deu os primeiros passos ao iniciar estudos sobre a mente humana,
principalmente através da Psicologia, mais precisamente pela Parapsicologia e
vem obtendo significativas conclusões com os estudos dos fenômenos denominados
Psi, tais como: Cv (visão sem olhos), Tp (linguagem da mente), Tt (janela do
infinito), Mec (mergulho no passado), Gi (gravação do inaudível) etc. A Ciência
e a Religião, segundo Allan Kardec, são as duas alavancas da inteligência humana
que levam o homem à perfeição espiritual. O Espiritismo, que se baseia nos
pilares Filosofia, Ciência e Moral, com conseqüências religiosas no sentido de
ligar a criatura ao Criador, iniciou a humanidade nos conhecimentos do Espírito,
comprovando a existência da vida após a morte.

Allan Kardec ao deparar-se com a maravilhosa Doutrina que se desenhava nas
revelações dos Espíritos, imaginou que estes conhecimentos seriam facilmente
incorporados pelas religiões e em conseqüência, num curto espaço de tempo o
mundo se transformaria. Lamentavelmente isto não ocorreu, ao contrário, o
Espiritismo foi rejeitado e discriminado pelas religiões, embora tivesse  boa
repercussão nos meios acadêmicos da época, o que não bastou para popularizá-lo
pelo mundo.

Assim sendo, o Espiritismo praticamente desapareceu em seu berço, a França e
em todo o Velho Mundo. Veio para o Brasil, no final do século passado, onde
encontrou campo fecundo para sua propagação, graças, embora possa desagradar a
muitos, ao sincretismo religioso como constata Herculano Pires em seu livro “O
Centro Espírita”. Uma vez instalado no país, pelas características dóceis e
pacíficas do nosso povo com seu grande mediunismo, poderia a Doutrina Espírita,
após solidamente enraizada, espalhar-se pelo planeta e cumprir seu papel
preconizado pelo Codificador: o de agente transformador do planeta.

No entanto, os caminhos da mensagem reformadora foram desviados, ficando
impossibilitada de cumprir seu papel pelo despreparo e incompreensão dos homens
que dirigiam e que dirigem o Movimento Espírita. Apesar de nos gabarmos de
sermos o maior país espírita do mundo, vemos que a falta de estudo e seriedade
nas práticas doutrinárias ameaçam transformar a Doutrina Espírita numa mera
religião de aparências, incorporando na vida de seus adeptos, conceitos e
práticas totalmente estranhas aos interesses da Codificação.

Mas a lei de evolução, único determinismo da Lei Divina, certamente acabará
por mostrar à humanidade, mais uma vez, o caminho, já que a Espiritualidade
Maior tem um plano de desenvolvimento para o planeta, como também para todo o
Universo. A caminhada evolutiva da humanidade pode sofrer desvios em seu rumo,
devido o livre-arbítrio humano relativo, porém  nunca será impedida. Se não foi
da forma planejada,  será de outra, aproveitando as condições oferecidas pelo
momento.

Os desvios ocorrido com o Cristianismo, com a Reforma Protestante e com o
Movimento Espírita não impedirão a evolução do planeta, embora a tenha
retardado. Talvez, então, caiba à própria Ciência – (uma vez que as religiões
falharam) – através do estudo e comprovação das leis do mundo espiritual,
convencer a humanidade da transitoriedade da vida material, dando assim ao ser
humano a motivação para sua melhoria moral, levando-o a percorrer o caminho para
um mundo melhor, ao Reino dos Céus.

(Publicado no Jornal A Voz do Espírito – Edição 91: Maio – Junho de
1998)