Para a doutrina espírita, o Espírito Santo da Santíssima Trindade é uma espécie de substantivo coletivo, pois, significa todo e qualquer espírito que se comunica conosco através dos médiuns.
Os espíritos, imortais que são, continuam amando seus familiares, parentes e amigos que deixaram aqui. Pergunta-se por que, então, eles não gostariam de continuar em contato conosco? Isso foi muito condenado pelo cristianismo no passado, devido às ainda pouco evoluídas interpretações da Bíblia, entendida, totalmente, mais literalmente. Um exemplo disso é o capítulo 18 de Deuteronômio, em que Moisés proíbe o contato com os espíritos. Mas por que essa proibição? Porque muitos faziam comércio com o contato com os espíritos, o que o espiritismo condena também. E havia até falsos médiuns. Entretanto, em Números 11: 26, Moisés até elogia Heldade e Medade por estarem recebendo espíritos, pois eram médiuns verdadeiros e não faziam comércio com o seu dom mediúnico. E, por oportuno, lembramos aqui que, na Bíblia, os profetas eram pessoas que tinham o dom da mediunidade, como lembra Kardec. E, muitas vezes, eles entendiam, erradamente, que fosse o Espírito do próprio Deus que se comunicava com eles.
Os teólogos ficaram confusos com a comunicação de espíritos que se comunicavam através dos papas e dos bispos em concílios ecumênicos, o que ocorria com eles, sem dúvida, quando eles eram médiuns, mas os espíritos se manifestavam também por médiuns leigos e, em número, bem maior do que os das autoridades eclesiásticas. Então, muito confusos, os teólogos concluíram e passaram a ensinar que, para o clero se manifesta o Espírito Santo da Santíssima Trindade criado por eles, mas para os leigos manifestam-se espíritos (“daimones” no grego bíblico) maus. A confusão, repetimos, era grande, pois, se eles admitiam que havia espíritos maus, entendia-se que havia também os bons que, no caso, se comunicavam com o clero e que, pois, não era um só…
Porém dessa confusão toda surgiu uma grande verdade: Os espíritos (“daimones”) maus são os demônios, que são mesmo as almas ou os espíritos humanos e não espíritos de outra categoria. Essa grande verdade ganhou mais luz com o espiritismo, a ciência dos espíritos, que nos mostra que o Espírito Santo Trinitário representa, de fato, todos os espíritos que se comunicam conosco através dos médiuns, lembrando que pela etimologia mais antiga, santo quer dizer universal, ou seja, que os espíritos imortais e criações de Deus têm por destino serem mesmo cósmicos ou santos, para o que parece que os teólogos antigos tiveram uma intuição ou inspiração, até certo ponto, correta e, pois, divina.
PS: Com este colunista, “Presença Espírita na Bíblia” na TV Mundo Maior, entrevistas e palestras em TVs no Youtube e Facebook, a tradução da Bíblia, NT, 2ª edição, ampliada na introdução, revisada e com notas inéditas. Contato: Cassia e Cleia. contato@editorachicoxavier.com.br
Por: José Reis Chaves