Tamanho
do Texto

O Problema da expressão “dar a volta por cima”

Ouço bastante e acredito que o amigo leitor também deva ouvir constantemente a expressão popular dar a volta por cima.


Trata-se, para o senso comum, de motivo de recuperação e reestruturação, de nós mesmos, ao vencermos uma situação difícil na qual nos envolvemos; e de superação dos problemas por que estamos passando e que são desafios complicadores.


Então, é muito comum expressarmos diante dos obstáculos e dificuldades do caminho evolutivo: – Vou dar a volta por cima!


Se estamos resolvendo, com sucesso, esses obstáculos, problemas ou desafios, expressamos como um guerreiro em campo de batalha: – Estou dando a volta por cima.


Se já resolvemos esses problemas, ou obstáculos, ou desafios, aí nos vêm a expressão de alívio, de contentamento, de um grande vencedor: – Dei a volta por cima!


O certo é que essa expressão tão popularizada tem o sentido de recuperação, reestruturação e superação; de termos vencido algo que nos atormentava, e que agora estamos livres de todas aquelas problemáticas que nos afligiam.


Entretanto, vamos aqui tocar num ponto muito interessante para a nossa abençoada reflexão:


Saindo do senso comum, partamos, agora, para a lógica da interpretação textual, haja vista uma expressão já ser um texto. Logo: dar a volta por cima é um texto que, por si só, nos conduz a vagar na imaginação…

 

* * *

 

Jesus recomendou à mulher supostamente adúltera:


– Vá e não peque mais!


No livro Pelos Caminhos de Jesus, de autoria do Espírito Amélia Rodrigues e psicografia de Divaldo Franco, conta-nos, na experiência nº 15, cujo título Encontro de Reparação, que a mulher supostamente adúltera, ao atender a recomendação de Jesus (vá e não peque mais), seguiu em frente na sua trajetória evolutiva, abnegada e resignadamente ao serviço na seara do Mestre, recolhendo e tratando peregrinos cansados e enfermos sem ninguém, numa casa humilde de aspecto e rica de amor, na cidade de Tiro.


Imaginemos se Jesus tivesse recomendado àquela mulher: – Vá e dê a volta por cima!


Muitos dirão: – É a mesma coisa!!!


Entretanto, no entendimento deste humilde escrevinhador, essas duas expressões têm interpretações diversas, vejamos:


Vá e não peque mais pressupõe a ideia de seguir em frente e de se libertar das aflições, das adversidades, dos problemas atormentadores e vivenciar uma vida nova, com objetivos otimistas, em ser uma pessoa cada vez melhor, praticando ações edificantes…


Vá e dê a volta por cima passa-nos o entendimento de que a ordem da expressão está inversa. Seria melhor dê a volta por cima e vá.


Dar a volta por cima, a meu ver, é estarmos sobrevoando nos problemas, nos sofrimentos, sentindo as suas vibrações, tentando seguir em frente; mas, na verdade, correndo o risco de cairmos novamente nas vibrações negativas dos problemas e dos sofrimentos.

 

* * *

 

Então, querido leitor, é necessário ouvirmos a voz divina que nos fala através de cada coração em particular: – Vá e não peque mais!


Que possamos seguir em frente sem murmurações, sem olharmos para trás, sem respirarmos os aspectos negativos do passado;


Que possamos avançar na caminhada, pensando positivamente, confiantes na voz divina que nos indica a direção correta para a nossa libertação…


A libertação dos vícios que ainda carregamos em nossa intimidade, a exemplo do orgulho e do egoísmo, que nos impedem, respectivamente, da vivência da humildade e da caridade.


Que possamos enfrentar e resolver, com alegria e entusiasmo, os desafios que ainda temos no caminho evolutivo, ouvindo a voz de Jesus, em nossos corações, assim como na pesca maravilhosa, indicando-nos a banda da direita, para buscarmos os nossos valores evolutivos, sabendo que Jesus está sempre conosco, ao nosso lado, dando-nos força para vencermos cada dificuldade do caminho até alcançarmos a felicidade que tanto almejamos em nosso projeto de vida eterna.


Portanto, sigamos em frente, envidando esforços na busca do acerto e das reparações, sem, jamais, sobrevoarmos respirando sobre as vibrações negativas das aflições que nos atormentavam, correndo o risco de cairmos sobre elas novamente.


Concluo este artigo, querido leitor, com a intenção de deixar esclarecido, através dessas lúcidas divagações, que esse é o entendimento deste amigo e simples escrevinhador, sobre o problema de dar a volta por cima. 

 

Autor: Yé Gonçalves

Contato: yegoncalves@gmail.com