O extremismo é marcado por pensamentos e ações de cunho filosófico e político que busca soluções radicais, extremas e muitas vezes impostas, para solucionar problemas sociais ou ideias e pensamentos diferentes de sua vertente.
Tais caminhos extremos são perigosos e muitas vezes barram a marcha pelo progresso. A humanidade vivenciou tais horrores de ideias extremistas ao longo de sua história, sendo a segunda guerra o ponto de virada, onde líderes buscaram novos rumos à garantia de direitos da humanidade.
Foi então que no dia 10 de dezembro de 1948 foi adotada e promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Destaco aqui os seguintes trechos:
Artigo 1
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo 2
Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
O espírito de fraternidade compreende e respeita todas as diferenças. O espírito extremista e radical busca sempre combater o que lhe é diferente e que parece rival às suas ideias. Muitas vezes os extremistas utilizam exemplos e matrizes filosóficas já falidas que não cabem mais no presente ou num futuro o qual caminhamos para a regeneração do planeta. Precisamos curar o planeta, a sociedade e cada um de nós, pois o amanhã deverá ser um tempo de respeito e equilíbrio, jamais de radicalismo; e para isso é preciso convivermos em sociedade e convivermos com o diferente.
766 – A vida social está na Natureza?
“Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação.” (O Livro dos Espíritos)
A vivência em sociedade é o caminho, pois de certo pode- se ver progresso quando comparamos século após século da humanidade. Os mais pessimistas, radicais e saudosos dirão que estamos regredindo como sociedade e que “na sua época” era melhor. Enganam-se pois o próprio espiritismo nos conta que não é possível regredir, até podemos estagnar-se e demorar para progredir, mas regredir jamais. O Futuro chega e com ele o aperfeiçoamento da sociedade. Como aponta a questão de número 790, a civilização ainda possui um progresso incompleto, pois a humanidade não pode passar subitamente da infância à maturidade.
795 – Qual a causa da instabilidade das leis humanas?
“Nas épocas de barbaria, são os mais fortes que fazem as leis e eles as fizeram para si. À proporção que os homens foram compreendendo melhor a justiça, indispensável se tornou a modificação delas. Quanto mais se aproximam da vera justiça, tanto menos instáveis são as leis humanas, isto é, tanto mais estáveis se vão tornando, conforme vão sendo feitas para todos e se identificam com a lei natural.” ( O Livro dos Espíritos)
E parte dessa civilização incompleta se dá por leis muitas vezes atrasadas. Leis feitas por grupos que visam defender seus interesses. E vemos de forma ainda mais clara, quando grupos extremistas e radicais chegam ao poder. Sejam por suas vertentes políticas ou religiosas, quando não as duas juntas, eles se apoderam do poder suprimindo quaisquer direitos democráticos de minorias sociais. E são elas, as minorias, como mulheres, negros, lgbtqia+, imigrantes, indigenas, que sofrem a força de um regime autoritário, ditatorial, radical, ou seja, em sua raiz, extremista.
“Enquanto na Terra correr uma gota de sangue humano, vertida pela mão dos homens, o verdadeiro Reino de Deus ainda se não terá implantado aí, reino de paz e de amor, que há de banir para sempre do vosso planeta a animosidade, a discórdia, a guerra.”
Esta última frase destacada pode ser encontrada na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, item O Duelo, que demonstra que o verdadeiro reino de Deus na Terra será implantado quando resolvermos socialmente e intimamente em nós, quaisquer animosidades remanescentes. Esse reino de Deus, é claro, são os avançados paços que o Planeta e a Humanidade poderá alcançar, bem estruturados pela Lei de Amor e Caridade, como reitera o seguinte trecho do mesmo item já citado:
“Amigos, lembrai-vos deste preceito: “Amai-vos uns aos outros” e, então, a um golpe desferido pelo ódio respondereis com um sorriso, e ao ultraje com o perdão.”
Para combater o extremismo e o radicalismo ideológico é preciso equilibrar-se e para essa tarefa difícil, o Espiritismo se mostra disposto a servir-lhe de apoio na busca do autoconhecimento, autoperdão e no autoamor, e a partir disso, a caridade, o perdão às ofensas do próximo e então o tão sonhado e puro, amor ao próximo. Ame! E como diz Carlos Drummond de Andrade em seu poema Amar:
“Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
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