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Fascinação – Uma Advertência de Kardec

Fascinação – Uma Advertência de Kardec

No Discurso que proferiu, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, para
o encerramento do ano social de 1858/1859, entre outras preciosas observações
que merecem leitura e estudo integral (1) de todos nós, os espíritas da
atualidade, está uma rápida abordagem, feita por Kardec, sobre a influência dos
espíritos sobre a sociedade humana.

O texto remete ao sempre atual assunto da Obsessão, tão bem desenvolvido em O
Livro dos Médiuns (capítulo XXIII, itens 237 a 254), onde podemos estudar os
estágios de obsessão simples, fascinação e subjugação.

Em síntese, como coloca Kardec, a obsessão simples é a insistência de um
espírito no constrangimento que tenta impor à sua vítima; a fascinação já é o
mesmo quadro em estágio de fascinação para o médium que não se crê enganado; a
subjugação, por sua vez, é a opressão que paralisa a vontade daquele que a
sofre, e o faz agir a seu malgrado.

Sugerimos aos leitores prévia consulta ao capítulo acima citado para ampliar
o estudo da questão, pois o objetivo da presente abordagem é trazer aos nossos
leitores uma advertência do Codificador no que se refere ao processo de
fascinação.

Como citamos, o texto está na fonte acima citada e eis o trecho que
destacamos:

“(…) O perigo está no império que os maus espíritos exercem sobre as
pessoas, o que não é apenas uma coisa funesta, do ponto de vista dos erros de
princípios que aqueles podem propagar, como ainda do ponto de vista dos
interesses da vida material. Ensina a experiência que não é impunemente que nos
abandonamos ao seu domínio. Porque suas intenções jamais podem ser boas. Uma de
suas táticas para alcançar os seus fins é a desunião, pois sabem muito bem que
podem facilmente dominar aquele que estiver sem apoio. Assim, o seu primeiro
cuidado, quando querem apoderar-se de alguém, é sempre inspirar-lhe a
desconfiança e o isolamento, a fim de que ninguém possa desmascará-lo,
esclarecendo a vítima com seus conselhos salutares. Uma vez senhores do terreno,
podem a vontade fascinar a pessoa com promessas sedutoras, subjugá-la por meio
da lisonja às suas inclinações, para o que aproveitam os lados fracos que
descobrem a fim de melhor fazê-la sentir, depois, a amargura das decepções,
feri-la nas suas afeições, humilhá-la no seu orgulho, e, muitas vezes, não a
elevar um instante senão para a precipitar de mais alto (…)”.

Observemos com bastante atenção, objetivando estudar o tema, a questão das
táticas, da desunião, da tentativa de dominar, da inspiração da desconfiança e
do isolamento, da lisonja às inclinações, do aproveitamento dos lados fracos e
finalmente, do desejo de fazer com as vítimas sintam a amargura das decepções, o
ferimento das afeições, da humilhação de seu orgulho e mesmo da precipitação em
abismos de sofrimento, dor e dominação.

Este curto e sugestivo texto deve acender em nós o desejo ardente da
auto-análise sobre o próprio comportamento, ao mesmo tempo que surge como
valioso documento para ser debatido e estudado nos grupos espíritas.

Ocorre que estamos todos sujeitos a essa constante influência em nosso
cotidiano, dentro ou fora do Centro Espírita, e a defesa contra este mal está
mesmo, não há dúvida, na sintonia do comportamento com a proposta do
Espiritismo, que por sua vez, está totalmente embasado no Evangelho de Jesus.
Razão maior, pois, para mais vigilância e trabalho no bem.

(1) A íntegra encontra-se publicada na Revista Espírita, de julho de 1859,
edição da Edicel, com tradução de Júlio Abreu Filho.